O Rio Grande do Norte, nos últimos 10 anos, registra aumento de 1.212% no registro de casos de sífilis adquirida, de 489% no número de casos de sífilis em gestante e de 124% na identificação de casos de sífilis congênita
Publicado 16 de fevereiro de 2022 às 14:37
O Rio Grande do Norte, nos últimos 10 anos, registra aumento de 1.212% no registro de casos de sífilis adquirida, de 489% no número de casos de sífilis em gestante e de 124% na identificação de casos de sífilis congênita. Esses são os dados do boletim epidemiológico da doença, divulgado nesta terça-feira (15), pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de IST/AIDS e Hepatites Virais da Subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica.
Diante desse cenário epidemiológico, o Programa Estadual IST/AIDS e Hepatites Virais recomenda que os municípios ampliem a realização de ações educativas e preventivas, assim como o rastreamento da sífilis, por meio da testagem rápida, que é uma importante abordagem de saúde pública para identificação nas pessoas assintomáticas.
“O acréscimo observado no número de casos no RN, está relacionado ao avanço do estado na busca ativa de casos, através da ampliação da testagem, que possibilita o diagnóstico e tratamento precoce dos usuários”, explicou Gislainhy Pires, responsável técnica do Programa Estadual de IST/AIDS e Hepatites Virais.
O teste rápido é essencial ao diagnóstico precoce da sífilis, viabilizando um tratamento mais rápido, de modo a minimizar a transmissão e os possíveis danos à saúde do portador da doença, além de contribuir para a redução dos casos de sífilis congênita, por meio da detecção da gestante infectada durante o pré-natal.
Dessa forma, o Programa Estadual de IST/AIDS e Hepatites Virais solicitou ao Ministério da Saúde um aumento no quantitativo fornecido de testes rápidos de sífilis, para incrementar ainda mais as ações de promoção e prevenção em todo o RN.
Sífilis
A sífilis é uma infecção bacteriana sistêmica, causada pelo Treponema pallidum, que pode evoluir para uma enfermidade crônica com sequelas irreversíveis, em longo prazo, quando não tratada precocemente. É transmitida predominantemente por via sexual e vertical (da mãe para o bebê durante a gestação).
O tratamento da sífilis precisa ser acompanhado por exames clínicos e laboratoriais, para avaliar a evolução da doença, e deve ser estendido às parcerias sexuais. A sífilis é uma infecção curável, com tratamento gratuito, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e relativamente simples, porém não confere imunidade protetora, ou seja, as pessoas poderão ser reinfectadas se forem expostas novamente.
Prevenção
A transmissão sexual pode ser evitada com o uso de camisinha masculina ou feminina e a transmissão vertical é passível de prevenção quando a gestante infectada é tratada adequadamente durante o pré-natal.
O Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais chama a atenção para os riscos e consequências do sexo sem proteção, reforçando a importância do uso do preservativo, que é o método mais seguro para prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV, a sífilis, a herpes genital, a gonorreia, as hepatites virais e o HPV, assim como para evitar uma gravidez não planejada.
Dados
O Rio Grande do Norte, entre 2011 e 2021, apresentou 11.220 casos confirmados de sífilis adquirida, 5.505 de sífilis na gestação e 4.687 de sífilis congênita. Nesse período, percebe-se que a taxa de incidência de sífilis congênita aumentou 2,6 vezes (de 5,2 para 13,6 casos por mil nascidos vivos).
A taxa de detecção de sífilis em gestantes cresceu 6,8 vezes (de 3,9 para 26,6 casos por mil nascidos vivos) e a taxa de detecção de sífilis adquirida elevou-se 11,9 vezes, passando de 5,1 para 61,1 casos por 100 mil habitantes.
Sífilis adquirida
Entre 2011 e 2021, a maioria dos casos de sífilis adquirida foi identificada na 7ª região de saúde (55,4%) e o município de Natal concentrou 41,9% do total de casos do estado.
Em 2021, foram notificados 2.177 casos de sífilis adquirida, representando um aumento de 44,3% em comparação ao ano anterior. Os maiores percentuais de casos foram identificados nos municípios de Natal (44,5%), Mossoró (12,2%), Nísia Floresta (8,8%) e Parnamirim (5,4%) e Ceará-Mirim (4,2%).
Nos últimos 10 anos, houve um incremento de 1.212% no registro de casos de sífilis adquirida e a taxa de detecção aumentou de 5,1 casos para 61,1 casos por 100 mil habitantes em 2020, revelando um crescimento de 1.098%.
Sífilis em gestante
No RN, entre janeiro de 2011 a dezembro de 2021, a maioria dos casos sífilis em gestantes foi identificada na 7ª região de saúde (51,8%) e o município de Natal concentrou 37,2% do total de casos do estado.
Nesse período, observa-se um aumento de 489,3% no registro de casos de sífilis em gestante e a taxa de detecção mostrou um expressivo crescimento, passando de 3,9, em 2011, para 26,6 casos/mil nascidos vivos em 2021, representando um incremento de 583%.
Esse aumento pode estar relacionado à ampliação do acesso ao diagnóstico na atenção básica, às mudanças nos critérios técnicos de definição de sífilis em gestante no final de 2017 e melhorias nos registros de notificação.
A taxa de detecção do estado, em 2020, foi de 20,9 casos/mil nascidos vivos superior ao observado no Nordeste (15,6 casos/mil nascidos vivos) e inferior à do Brasil, que apresentou uma taxa de 21,6 casos/mil nascidos vivos nesse ano.
Em 2021, foram notificados 1102 casos de sífilis em gestantes, representando um aumento de 15,9% em comparação a 2020. Os maiores percentuais de casos foram identificados nos municípios de Natal (41,1%), Mossoró (7,5%), Parnamirim (4,5%) e Extremoz (2,9%).
Dos 167 municípios, 48 (28,7%) apresentaram taxa de detecção superior à do estado e 45 (26,9%) não registraram casos de sífilis em gestante.
Sífilis congênita
No Rio Grande do Norte, entre 2011 e 2021, foram notificados 4.687 casos de crianças com sífilis congênita. A maioria dos casos foi identificada na 7ª região de saúde (59,2%) e o município de Natal concentrou 44,7% do total de casos do estado.
No período, observa-se um incremento de 124,2% no registro de casos de sífilis congênita e a taxa de incidência de sífilis congênita, mostrou um crescimento de 162%, passando 5,2 casos, em 2011, para 13,6 casos/mil nascidos vivos em 2021.
A taxa de incidência de sífilis congênita no estado, em 2020, foi 11,6 casos por mil nascidos vivos, valor superior à taxa do Nordeste e do Brasil, que apresentaram 7,7 casos/mil nascidos vivos nesse ano.
Em 2021, foram notificados 565 casos de sífilis congênita, revelando um aumento de 6,9% em comparação com o ano anterior. Com exceção da 3ª, 4ª e 5ª região de saúde, as demais apresentaram crescimento no registro de casos. Dos 167 municípios, 45 (26,9%) apresentaram taxa de incidência superior a do estado e 80 (47,9%) não registraram casos de sífilis congênita.
Confira aqui o Boletim Epidemiológico da Sífilis e a Nota de Alerta emitida pela Sesap, por meio do Programa Estadual de IST/AIDS e Hepatites Virais da Subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica.
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