CHAMPAGNE EM REVOLUÇÃO
Como já é do conhecimento de boa parte dos apaixonados pela história e pelo vinho, os ingleses elaboravam vinho espumante no séc. XVII, com a adição de açúcar ou melaço aos vinhos que chegavam aos barris daquela região do outro lado do Canal da Mancha, mesmo antes dos franceses. O fato de terem desenvolvido garrafas de vidro mais resistentes, em fornos mais quentes alimentados por carvão mineral, ao invés de lenha, e redescoberto as rolhas de cortiça, tradição dos romanos desaparecida na França, foi determinante para as primeiras bolhas intencionais de Champagne serem consumidas nas tabernas londrinas. Esse breve histórico serve apenas para dizer que, em tantos anos de vida, dificuldades e comemorações, foi no séc. XXI que se verificou a maior revolução, alegadamente, na forma de trabalhar a vinha, na adega, nas vendas e no consumo de champanhe. Enquanto no século passado o foco foi na adega, no savoir faire, temos a sorte de assistir nestes anos uma mudança de foco para as vinhas, para o espetacular e único terroir de Champagne. Essa bebida mágica é cada vez mais “vinho”, com todos os parâmetros de qualidade de um grande vinho tranquilo, e a espuma passa de protagonista para um papel secundário. Vinhas maltratadas com excesso de produtos químicos, rendimentos altíssimos, desconhecimento das origens e das características de cada “cru”, e um “assemblage” corretor, do tipo compensador de deficiências, na adega, já não são o hábito na região. A mudança das “flutes” para copos tipo Borgonha ilustra essa tendência de champanhe como vinho de terroir. E quem está à frente desta revolução, as grandes e famosas “maisons” ou uma leva de pequenos produtores independentes que cultivam 90% das uvas da região? Para ter certeza da resposta, nem é preciso consultar estatísticas de venda, basta abrir as cartas de vinhos dos melhores restaurantes do mundo, entrar numa loja em Londres, Milão, Nova Iorque ou Tóquio, ou seguir os Instagrams dos principais críticos ou influencers de todos os continentes. Há uma avalanche de “grower champagnes” por todos os lados.
BAROLO
A fama dos vinhos Barolo está intrinsecamente ligada à unificação do reino da Itália no século 19. Mas como nasceu esse vinho que é um dos ícones da Itália e por que ele tem o preço e fama que tem? No século 19, a Itália era composta por diversos pequenos estados, cada um controlado por um Reino distinto. Após viagens pela pela França, Inglaterra e Suíça, o filho de um latifundiário piemontês, Camillo Benso (futuro Conde de Cavour) decidiu implementar o que havia aprendido em suas terras. Diz-se que ele apreciou os vinhos borgonheses que provou na corte de Savoia, que reinava sobre a Sardenha (e esta dominava o Piemonte), e desejava que os vinhos locais tivessem a mesma qualidade. Desejo compartilhado com a francesa Juliette Colbert di Maulévrier, conhecida como Marquesa de Barolo, casada com o importante aristocrata Carlo Tancredi Falletti. A mudança teria vindo com o enólogo francês Louis Oudart, contratado por Cavour e pela Marquesa. Quando ele chegou, a Nebbiolo era cultivada em grandes rendimentos e colhida muitas vezes precocemente, pois amadurecia apenas no final de outubro ou, às vezes, em novembro. Depois de colhidas, as uvas iam para adegas sujas, onde ocorria uma fermentação errática geralmente interrompida pelo inverno, antes de todo o açúcar ser fermentado. Com a implementação das técnicas corretas de cultivo e vinificação o vinho Barolo ganhou reconhecimento, o preço e a fama que detém até hoje.
VINHO DA SEMANA
Moulin D`Issan Bordeaux Superieur 2017
O vinho da semana é o Moulin D´Issan Bordeaux Superier 2017, produzido pelo lendário Château D’Issan que é uma das mais antigas propriedades em Médoc, bem como em Bordeaux – França. Este magnifico vinho é elaborado em sua maioria de Merlot (90%) com uma pequena porcentagem de Cabernet Sauvignon (10%), este Bordeaux Supérieur mostra a tipicidade mais clássica e elegante dessa região vinícola tão prestigiada. Com boa complexidade, que surpreende pela faixa de preço e por se tratar de um vinho tão jovem. Os taninos sedosos da Merlot ganham o paladar, tornando o vinho pronto para beber, embora jovem para um Bordeaux. De visual límpido e cor vermelho rubi intenso, o vinho possui aromas de frutas de Cassis, violetas e tabaco, com nuances de especiarias, aportado pelo envelhecimento em carvalho Frances. Em boca, as notas frutadas se confirmam, e o vinho se mostra equilibrado, com taninos macios e delicados e longo final. Importado pela Grand Cru – R$ 349,90
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