Justiça

Coluna Novo Direito – 20 de março

por: NOVO Notícias

Publicado 20 de março de 2023 às 16:00

COLUNA NOVO DIREITO

Por que a alta dos juros pode ser ruim?

Renato Guerra, Professor, Doutorando em Administração Pública (Universidade de Lisboa), Mestre em Direito (UFRN) e Advogado do Carvalho, Costa, Guerra & Damasceno Advocacia (renatoguerra@ccgd.adv.br)

Que os juros estão altos, todo mundo está sabendo. Que isso não é bom também! Mas você sabe exatamente por quê? Esse índice, a nível nacional, é definido pelo Banco Central e representa o custo efetivo médio de operações de crédito, a partir do qual é calculada a rentabilidade de um dinheiro emprestado por instituições financeiras, por exemplo. Na prática, quanto menor os juros, mais barato fica conseguir crédito, empréstimos e outros produtos financeiros.

Por consequência lógica, o primeiro efeito negativo da alta dos juros é dificultar o acesso a esse crédito, que torna mais caro, por exemplo, um financiamento, seja para um consumidor comum, que realiza um empréstimo consignado, seja para empresas de grande porte, que precisam de capital de giro para rodar sua operação.

A verdade é que a alta dos juros – por dificultar o crédito, como vimos acima – carrega consigo um efeito cascata: se o juros aumenta e eu, empresário, reduzo minhas condições e possibilidades financeiras, fatalmente também terei dificuldades em crescer minha operação, expandir meu negócio, contratar mais pessoas, adquirir de novos fornecedores e assim por diante.

Não por acaso, o Governo Federal alega ter tomado providências, do ponto de vista da responsabilidade fiscal, capazes de diminuir essa taxa, como fim claro de aquecer a economia de uma maneira geral, possibilitando que mais crédito seja aprovado e que mais dinheiro circule no país. Do outro lado, o que se defende é que essa alta de juros serve para conter a inflação – outro vilão, que assombra o país desde sua redemocratização – já que o arrefecimento da economia com o crédito mais caro acaba por conter a alta de preços e minimiza a perda de valor real do dinheiro.

A equação é complicada, percebem? E nós, da plateia, acompanhamos apreensivos: a próxima taxa nacional de juros deve ser definida nessa semana! Atentos?