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Coluna Made in RN – por Jean Valério – 8 de agosto

por: NOVO Notícias

Publicado 8 de agosto de 2022 às 16:05

DISPUTA NA FIERN RENDE EMBATES ENTRE AMARO E FLÁVIO AZEVEDO

A medida em que se aproxima o final do último mandato do empresário Amaro Sales como presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), aumenta também a temperatura da disputa para sucedê-lo na entidade que representa os industriais e tem grande peso na definição dos rumos econômicos do Estado. Este final de semana foi marcado por mais uma polêmica, desta vez sobre o posicionamento da Federação do RN na sucessão CNI – Confederação Nacional da Indústria.

Como já noticiado aqui na minha coluna, Amaro Sales escolheu o empresário Roberto Serquiz, líder da indústria de água mineral Santa Maria, como seu candidato no processo de sucessão. O grupo de oposição, liderado pelo ex-presidente da FIERN e também diretor da CNI, Flávio Azevedo, lançou o nome do empresário Silvio Bezerra, CEO da Ecocil e filho do ex-senador e ex-presidente da CNI e da Fiern, Fernando Bezerra.

Tanto Roberto Serquiz quanto Sílvio Bezerra são nomes inquestionáveis, sob o conceito competência e história, e merecem pleitear a presidência. Mas o maior embate mesmo não é travado entre eles. E sim entre os grupos, aliados do passado e rivais do presente, de Amaro e Flávio.

Neste final de semana, o empresário Flávio Azevedo, pela primeira vez, se posicionou fortemente publicando um artigo no jornal Tribuna do Norte. No texto, destacou o que chamou de “falta de compromisso” do atual presidente da entidade Amaro Sales no processo sucessório da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Azevedo revela o que considera “traição” do atual presidente da FIERN ao “romper” acordos e tradições no processo sucessório da entidade nacional (CNI).

Abaixo reproduzo o artigo na íntegra. E destaco o período final quando Flávio afirma que: “apenas confirmará a falta de liderança e de representatividade de Amaro Sales no colégio de representantes da Indústria Brasileira, de onde deverá sair com a pecha de infidelidade e deslealdade com seus companheiros e com sua Região Nordeste”.

Procuramos o presidente atual da FIERN, Amaro Sales, que estava em viagem. Até o fechamento desta edição, não recebemos comunicado oficial em resposta às acusações de Flávio Azevedo.

A disputa eleitoral promete. Nos bastidores, a informação que circula é que Amaro está bem afinado com a maioria dos eleitores com direito a voto. E a pressão hoje está muito mais de fora para dentro da entidade. Afinal, trata-se de uma eleição “íntima” com pouco mais de 30 votantes.

Aconteça o que acontecer, acredito que dificilmente a relação entre Amaro e Flávio Azevedo voltará a ser a mesma de 11 anos atrás quando, após eleito com apoio de Azevedo, Amaro Sales se referiu a ele como: “Mais que um companheiro, um irmão”.

Na íntegra o artigo de Flávio Azevedo:

Eleições, intenções e posições

Flávio Azevedo
Ex-presidente da FIERN e empresário

A eleição para escolha da próxima Diretoria da CNI (Confederação Nacional da Indústria) poderá seguir caminhos nunca antes trilhados. Tradicionalmente, as Federações das regiões Norte e Nordeste formam coalizão cujo número de votos é suficiente para influir decisivamente na eleição do presidente da mais importante entidade sindical patronal do Brasil

Nesse contexto, nos últimos 45 anos foram eleitos presidentes da CNI os nordestinos Domício Velloso, Albano Franco, Fernando Bezerra e Armando Monteiro.

O atual presidente da entidade é o mineiro Robson Braga de Andrade, eleito em 2010, resultado de hábil articulação e demonstração de liderança de Armando Monteiro Neto, tirando o foco da tradicional União Norte-Nordeste. Robson Andrade vem se mantendo no cargo há quase treze anos, graças a seguidas prorrogações de mandato, afrontando disposição estatutária da CNI que limita a presença de um mesmo presidente no cargo – no máximo – a oito anos.

Nessa senda, vem surgindo candidatos à sucessão do atual presidente, cuja última prorrogação de mandato termina em novembro/2020. O presidente da CNI e respectiva Diretoria são eleitos por maioria simples, pelo Conselho de Representantes da CNI, composto pelos presidentes das 27 Federações de Indústrias filiadas à CNI.

Os presidentes das Federações das Indústrias da FIERN (RN) e da FIEBA (Bahia), Amaro Sales e Antônio Ricardo Alban, respectivamente, se apresentaram como candidatos representando a Região Nordeste, detentora de 9 dos 27 votos no Conselho de Representantes da CNI.

Considerando que normalmente (embora não necessariamente) cada Região apresenta apenas um candidato, os nove presidentes das Federações das Indústrias da Região Nordeste se reuniram em Brasília para escolher seu representante, ficando estabelecido que o mais votado receberia a solidariedade do concorrente para partir em busca de uma composição com o representante da Região Norte. Amaro Sales recebeu apenas dois votos: o do presidente da Federação de Alagoas e o seu próprio voto.

Para perplexidade de todos, no dia seguinte, o presidente da FIERN, descumprindo o compromisso assumido, declarou seu compromisso de votar com o candidato a ser indicado pelo presidente Robson Andrade.

Caso mantida, a intenção do presidente da FIERN poderá fragilizar a posição do seu colega nordestino Ricardo Alban e será inédita na história das eleições da CNI. E apenas confirmará a falta de liderança e de representatividade de Amaro Sales no colégio de representantes da Indústria Brasileira, de onde deverá sair com a pecha de infidelidade e deslealdade com seus companheiros e com sua Região Nordeste.