Educação

Coluna Daniela Freire entrevista Daniel Diniz, reitor reeleito da UFRN

Daniel Diniz: “Expectativa é que a educação pública seja fortalecida no governo Lula”

por: NOVO Notícias

Publicado 14 de novembro de 2022 às 13:01

A coluna desta semana abre espaço para uma entrevista com o reitor reeleito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Daniel Diniz. Ele fala sobre os planos para a sua segunda gestão frente à Academia e sobre o que espera do futuro governo Lula.

NOVO – Professor, o senhor foi reeleito para comandar por mais 4 anos a UFRN. Quais são os principais objetivos para a sua segunda gestão?

Daniel Diniz: Primeiramente, quero fazer um agradecimento especial à comunidade universitária pela confiança em escolher a minha recondução, junto ao vice-reitor, Henio Miranda, para a nova gestão da Reitoria da UFRN, no período de 2023 a 2027.

Diante da atual situação de crise orçamentária das universidades federais, nosso desafio imediato será a reversão dos cortes realizados nos últimos anos, para que possamos avançar, principalmente em três pilares, que são a qualidade acadêmica e de gestão; a inovação em todas as dimensões que a Universidade atua, como os processos administrativos, os modelos de trabalho dentro da Instituição, as questões acadêmicas, os projetos pedagógicos dos cursos; e a inclusão, com ações que fortaleçam a permanência estudantil e a superação de barreiras físicas para pessoas com deficiência, por exemplo.

NOVO – O seu primeiro mandato, que termina no primeiro semestre de 2023, foi marcado por diversos contingenciamentos de recursos promovidos pelo governo Bolsonaro. O senhor espera uma realidade diferente com Lula à frente da Presidência a partir de janeiro?

Daniel Diniz: Nos últimos anos, os sucessivos cortes no orçamento provocaram um cenário de instabilidade, prejudicando o planejamento e afetando diretamente o funcionamento básico das Universidades. Na UFRN, começamos este ano com orçamento menor que o do ano passado. No meio de 2022, tivemos um bloqueio de 14,4%. Em seguida, houve a liberação da metade, enquanto a outra metade (7,2%) se transformou em corte. Em outubro deste ano, tivemos outro contingenciamento, que foi revertido graças à mobilização das universidades e da sociedade. Chegamos a uma situação insustentável.

O financiamento do ensino público superior brasileiro precisa de uma política de Estado séria e que garanta a sua continuidade. Investir em educação é cuidar do presente e do futuro da nossa nação. Nesse sentido, nossa expectativa é que a educação pública seja fortalecida porque o ensino público superior tem forte impacto no desenvolvimento socioeconômico de qualquer país.

NOVO – A Covid-19 também foi uma realidade que marcou a sua primeira gestão como reitor da Universidade. E a UFRN acabou sendo uma das protagonistas no enfrentamento da disseminação da doença no RN. O que o senhor levará dessa experiência para o segundo mandato?

Daniel Diniz: Nós assumimos no final de maio de 2019 e, pouco mais de seis meses depois, tivemos que lidar com todas as transformações advindas da chegada do coronavírus ao estado. Para tanto, criamos o Comitê Covid-19, formado por especialistas. A nossa atuação, desde o início da pandemia, foi sempre pautada na ciência, pensando na segurança da nossa comunidade.
A união e o esforço da comunidade universitária permitiram a continuidade das nossas ações e o apoio ao nosso estado no enfrentamento à pandemia. Diante desse contexto, realizamos avanços nos nossos sistemas, capacitamos servidores e alunos para o novo formato de trabalho e ensino, ofertamos auxílios para garantir a permanência dos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, entre tantas outras ações. Para a sociedade, cumprimos nossa missão social ao realizar exames; criar plataformas e soluções tecnológicas; vacinar; produzir cartilhas, cursos e vídeos informativos; realizar estudos; atender nos Hospitais Universitários; e doar álcool 70% e EPIs.
Não paramos um dia sequer. Então, acredito que o maior legado que ficou para nossa Instituição foi o comprometimento e a resiliência das pessoas que fazem a UFRN. Mesmo diante de tantas perdas, conseguimos nos manter firmes na nossa missão de educar, produzir e disseminar o saber universal, de forma inovadora e inclusiva, socialmente referenciada, reconhecida nacional e internacionalmente por sua excelência acadêmica e de gestão.

NOVO – A UFRN está entre as melhores universidades do mundo, conforme o Times Higher Education World University Rankings 2023. A instituição está inserida entre as 1.201-1.500 na classificação geral e ocupa a 21ª posição entre todas as instituições brasileiras, o que corresponde a 20 posições à frente da colocação atingida no ranking anterior. Entre as universidades federais do Brasil, a UFRN saltou de 27ª em 2022 para a 13ª posição em 2023, o melhor resultado conquistado nos últimos cinco anos. O que isso representa para a comunidade em que a instituição está inserida?

Daniel Diniz: Apesar de todas as dificuldades, temos na nossa Instituição pessoas comprometidas e que trabalham por um bem comum, a nossa UFRN. Ser uma instituição reconhecida nacional e internacionalmente por sua excelência acadêmica e de gestão é resultado do trabalho dedicado da nossa comunidade universitária.

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