A Colômbia, país que tem no petróleo o carro-chefe das exportações, anunciou o foco em investimentos também no setor de energias renováveis e enxerga o Brasil – e o Rio Grande do Norte – como aliados nesse movimento.
“O objetivo é promover um intercâmbio, ‘abrir a cabeça’ para a formação profissional e criar uma estratégia de fortalecimento do conhecimento e das capacidades das equipes de instrutores (de educação) da Colômbia”, disse, em Natal, capital do estado, a oficial nacional de gestão de conhecimento do Cinterfor, Centro Interamericano para o Desenvolvimento do Conhecimento na Formação Profissional, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Anaclara Matosas.
O Centro reúne mais de 60 instituições da América Latina, do Caribe, da América Central, Espanha, Portugal e Cabo Verde, incluindo o SENAI, no Brasil, e o Serviço Nacional de Aprendizagem da Colômbia, o Sena.
Em novembro deste ano, uma comitiva da instituição colombiana visitou o Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI do Rio Grande do Norte, em busca de inspirações para ações voltadas à formação de mão de obra especializada no ramo.
O HIT reúne os principais centros de referência do SENAI, nacionalmente, para formação profissional e Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação com foco em energias renováveis e sustentabilidade, incluindo combustíveis avançados e hidrogênio verde: o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
Cooperação
“O Sena apresentou ao Cinterfor o interesse em gerar espaços formativos para os seus instrutores em temas ligados a energias renováveis, uma área com crescimento potencial de emprego enorme e com necessidade de formação profissional atualizada”, explica Matosas.
“Nós sabemos que o SENAI tem um grande trabalho em desenvolvimento nessa área, então promovemos a conexão entre as duas instituições. Viemos conhecer o laboratório que lidera o assunto no Brasil porque, assim como o SENAI, o Sena tem a missão de trabalhar a educação profissional para o país deles”, acrescenta.
A programação realizada em Natal envolveu apresentações, sessões de perguntas e respostas sobre infraestrutura, metodologias, e atividades realizadas na área, além de visitas técnicas aos principais laboratórios em operação no Centro.
Instrutores e instrutoras de educação que atuam nas regionais do Sena em Santander, Nariño, Vichada, Antioquia, Valle e Boyacá participaram, com questões sobre o potencial potiguar em energias renováveis e outras sobre o trabalho teórico e prático, a exemplo de “como o SENAI está trabalhando a inteligência artificial?” “Como é o processo de criação e atualização dos programas de formação?“ e “como se dá o financiamento dos projetos?”.
“A ideia do grupo foi conhecer de que forma nós estamos fazendo, quais foram as dificuldades que enfrentamos, os caminhos que trilhamos desde quando começamos na área de energias renováveis, 20 anos atrás, em busca de parcerias e formas de desenvolver soluções voltadas à educação profissional para esse setor. Nós vemos esse encontro como oportunidade de o SENAI apresentar o trabalho que tem realizado e de se mostrar à disposição para futuras colaborações, a partir do que discutimos”, frisa o diretor do SENAI do Rio Grande do Norte e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.
As principais áreas de atuação da instituição com foco na atividade foram apresentadas pelo executivo. “O momento que vivemos hoje é resultado da maturação do relacionamento que nós construímos com o mercado”, disse ele.
Governo colombiano prevê mais investimentos e empregos com eólicas e hidrogênio verde
A indústria de energias renováveis está em estágio inicial de desenvolvimento na Colômbia, segundo Anaclara Matosas, mas é vista com grande expectativa em relação a investimentos e empregos.
Projeções do Ministério de Minas e Energias do país apontam redução de participação de hidrelétricas e da energia térmica na matriz elétrica nacional até 2050 e, em todos os cenários, um aumento expressivo na capacidade de geração a partir de fontes renováveis. A energia eólica offshore e o hidrogênio verde estão entre as principais apostas no contexto da transição energética.
Segundo informações do governo colombiano, o potencial de produção de energia eólica, na costa da Colômbia, chega a 25 Gigawatts (GW). A previsão é que 50 mil empregos e US$ 27 bilhões em investimentos sejam gerados pela atividade, nacionalmente, até 2050.
O estudo Panorama de Energias Renováveis: Setor Industrial e América Latina, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que quase a totalidade da energia primária do país é oriunda de combustíveis fósseis, mas que a geração por fonte eólica, por exemplo, apresenta elevado potencial em diferentes regiões do país.
Conhecimento
O analista de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Hugo Agra – um dos articuladores da visita ao Rio Grande do Norte – observa que o intercâmbio na área de educação faz parte de um acordo de cooperação firmado entre o Sena e a OIT/Cinterfor. “Esse acordo previa que o SENAI seria o centro de formação profissional na América Latina escolhido para apresentar todo o conhecimento na área de energias renováveis”.
Durante a visita, Anaclara Matosas, do Cinterfor, citou o SENAI como “ator fundamental” nessa investida, “por ser a instituição mais antiga da área de formação profissional”, além de desempenhar um papel relevante em cooperações que contribuem para o fortalecimento de ações nesse campo.
“O que está acontecendo entre o SENAI e o Sena será conhecido na rede e outros países vão saber que o SENAI está fortalecendo isso, que está oferecendo cooperação e que através do Cinterfor podemos canalizar o que for preciso. Porque, ao final de tudo, o objetivo é fortalecer as pessoas, para que tenham um emprego decente, digno, melhorando sua empregabilidade e embarcando em uma trajetória de trabalho e de educação exitosa”.
Participaram do encontro, em Natal, os instrutores Samir Leonardo Toloza Mariño, Mauricio Ricardo Santiago Rodriguez, Monica Rondón Garcia, Jan Carlo Ruiz Hernandez, Carlos Felipe Negrete Petro, Maria Elvia Morales Montealegre, e Rodrigo Macias Barrera. A programação também contou com a presença da diretora do CTGAS-ER, Amora Vieira.
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