No dia seguinte à aprovação do impeachment de Wilson Witzel (PSC) do governo do Estado do Rio de Janeiro, o vice na chapa eleita, Cláudio Castro (PSC), tomou posse como novo governador. Castro já atuava como governador em exercício desde o afastamento de Witzel, em agosto de 2020.
Castro tomou posse na manhã deste sábado, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A despeito da gravidade da pandemia de covid-19 no Estado, a cerimônia foi concorrida, com aglomeração de convidados ávidos para cumprimentar o governador agora efetivo.
Iniciada com mais de uma hora de atraso, a cerimônia foi conduzida pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). Antes que se iniciasse o rito, os presentes fizeram um minuto de silêncio para lembrar as vítimas da covid-19.
Ceciliano lembrou que Castro assume efetivamente o governo num momento em que o Estado enfrenta recorde de mortos pela pandemia, desemprego elevado e dificuldades na área de segurança pública.
“Essa situação, governador, só mudará se tiver a união de todos, todos nós”, discursou Ceciliano, que defendeu ainda uma aproximação do governo estadual com o federal para obter melhores condições de auxílio à economia do Estado.
Ceciliano disse que “divergências são absolutamente normais na vida, tanto pública quanto privada”, mas que na casa legislativa estadual os interesses da população são sempre prioritários.
Em seguida, Castro prestou o juramento constitucional e assinou o termo de posse. O governador tirou a máscara de proteção para seu discurso e pediu novo minuto de silêncio às vítimas da covid-19 no Estado e afirmou acreditar na vacina como solução para a pandemia.
“Passamos pela primeira onda, pela segunda e estamos neste momento atravessando uma terceira”, discursou Castro.
Entre os que acompanharam a cerimônia de posse, estavam secretários de governo, integrantes do judiciário, deputados estaduais e federais.
“Iniciamos hoje um novo tempo no Estado do Rio de Janeiro, um tempo, com certeza, de reconstrução”, disse Castro, reconhecendo que pode ser difícil que o povo acredite em mudanças. “Precisamos avançar, olhar para frente, não perdermos a esperança”, completou.
Castro assume efetivamente o governo no dia seguinte ao leilão de privatização de parte dos serviços de saneamento do Estado do Rio, processo que foi marcado por uma disputa entre o governo e parlamentares estaduais.
“A semana que passou foi marcada por divergências, hoje, faz parte do passado”, garantiu Castro, dirigindo-se aos deputados.
O impeachment de Witzel foi confirmado nesta sexta-feira, 30, pelo Tribunal Misto que analisava o processo, por dez votos a zero. Acusado de corrupção na Saúde durante a pandemia de covid-19, ele já estava afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Diante da enorme responsabilidade de conduzir o Estado nesse período tão difícil, o governador Cláudio Castro recebe a decisão do Tribunal Especial Misto sobre o processo de impeachment. Mais do que nunca, Castro manterá sua premissa histórica do diálogo para superar os desafios de pacificar o Rio de Janeiro e unir esforços no enfrentamento à covid-19, à fome, à pobreza e pela geração de empregos”, manifestou-se, em nota, o governo de Castro sobre a aprovação do impeachment, o primeiro contra um governador no País.
Depois de passar por uma comissão especial e pelo plenário da Alerj, o processo contra Witzel chegou ao Tribunal Misto. Presidido pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, o colegiado foi composto pelos desembargadores Teresa de Andrade Castro Neves, José Carlos Maldonado de Carvalho, Maria da Glória Bandeira de Mello, Fernando Foch e Inês da Trindade Chaves de Mello.
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