O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) se reuniu com os municípios de Nísia Floresta, Tibau do Sul, Canguaretama e Baía Formosa para tratar da logística dos descartes dos resíduos e obter relatórios dos impactos ambientais do crime ambiental.
Os resíduos consistem basicamente em garrafas plásticas, chinelos, bolsas, panfletos, recipientes de marmita, pedaços de eletrodomésticos e até seringas descartáveis. Informações mais recentes apontam que as cidades de Natal, Parnamirim e Senador Georgino Avelino também receberam resíduos.
Em Nísia Floresta, foram registrados resíduos nas praias de Búzios, Tabatinga, Barreta e Camurupim. Segundo o Secretário Adjunto de Meio Ambiente do município, Bismarck Pereira, os primeiros registros do lixo foram feitos na praia de Búzios, onde a equipe responsável pela limpeza colheu uma estimativa de duas caçambas e 2 tratores do material, destinados no Campo de Santana, o mesmo onde foi descartado o óleo do incidente ambiental em 2019.
“O material está acondicionado corretamente, sem acesso de pessoas não autorizadas ou animais. No sábado (24) foi encontrado lixo em Tabatinga”, relatou Bismarck Pereira.
Ainda segundo o secretário de Nísia Floresta, a maré cheia está dificultando o trabalho de coleta e limpeza do ambiente. “Existe uma preocupação com a área comercial atingida em Camurupim, possibilitando outra crise do ponto de vista econômico. Além da preocupação do mau cheiro, que pode atrair urubus”, acrescentou Pereira.
A dimensão do problema também pode ser medida analisando as áreas de ninho e desova de tartarugas que foram atingidas, no caso do município de Baía Formosa. A prefeitura foi comunicada por moradores do aparecimento do lixo, na terça-feira (20), na praia de Sagi. Foi em Sagi, segundo a secretária de Turismo e Meio Ambiente de Baía Formosa, Bernadete Leite, que foram encontrados os primeiros tubos de sangue e material hospitalar, com o aparecimento ainda frequente.
De acordo com a secretária, o município necessita de um apoio técnico para auxiliar na coleta dos materiais hospitalares, ainda encontrados em grande quantidade. “Infelizmente, registramos muito material. Até o momento onde foram coletados uma média de 3 caçambas de lixo”.
Sobre o lixo hospitalar, a Prefeitura contou com o apoio dos comunitários que recolheram e trouxeram para a sede da Prefeitura. “Precisamos, urgentemente, destinar este material para o descarte correto, mas por se tratar de provas de possível crime ambiental, ainda estamos de posse deste material”, ponderou.
O recanto turístico e biológico de Barra de Cunhaú, no município de Canguaretama, também sofre com a crise ambiental. Segundo o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, Luciano Mousinho, cerca de 8 toneladas de resíduos foram encontradas nas praias do município, além de uma espécie de planta.
“Registramos tudo o que foi encontrado e estamos elaborando um relatório para entregar ao Idema e demais instituições. Hoje já não conseguimos encontrar muito lixo, mas estamos estudando a possibilidade de inserir as bandeiras de sinalização até que as praias estejam totalmente limpas”, informou.
Os primeiros sinais do lixo em Tibau do Sul foram vistos na quinta-feira (22), dia em que foi encontrada meia tonelada de lixo por uma força-tarefa do município. Na sexta-feira (23), mais uma tonelada foi retirada das praias. Em Tibau do Sul, foram atingidas as praias de Minas e Sibaúma.
De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Urbanismo e Mobilidade Urbana do município, Laíra Souza, há um temor que os resíduos atinjam a área de desova de tartarugas e o berçário de golfinhos, em Pipa. “Ontem ainda foi recolhido bastante material, mas está diminuindo. Hoje fizemos a coleta, mas ainda não temos a contagem dos sacos”, disse.
A Praia das Minas é um famoso ponto de desova de tartarugas, mas os danos para vida marinha podem ir além disso. Há um considerável número de tartarugas que residem na região e a vinda de uma grande quantidade de lixo plástico se torna um risco a essas espécies pela ingestão desses objetos.
O diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, alertou para a importância da separação e quantificação no auxílio das investigações para fazer o mapa dos municípios atingidos. “Agradecemos a prontidão nas respostas, e pedimos que seja feito o mapeamento diário e o descarte dos resíduos em lugar reservado”, solicitou.
O órgão está medindo a balneabilidade das áreas afetadas, mas alerta que sejam liberadas para banho quando não forem encontrados mais lixo. “Estamos em comunicação com a Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca (SAPE) e recebemos vídeos de pescadores que encontram lixo no mar.
Não sabemos a quantidade de materiais densos que podem ficar submersos, é preciso continuar avaliando e ficar atento ao aspecto visual”. O diretor-geral ofereceu 10 caixas de bombonas aos municípios que estão tendo dificuldades para o descarte do lixo.
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