O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a agência de cooperação alemã GIZ inauguraram, nesta quinta-feira (29), o primeiro “Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde” do Brasil.
A estrutura envolve estações de ensino capazes de mostrar – em condições reais de operação – desde a geração de energias renováveis para produção de hidrogênio verde até a obtenção e a aplicação prática do produto.
O laboratório implantado para aulas, experimentos e outras atividades voltadas à educação vai funcionar no Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do Senai-RN, em Natal. A expectativa, segundo a instituição, é que os primeiros cursos sejam lançados neste semestre.
“O que a gente está fazendo hoje é semear o futuro”, disse o diretor geral do SENAI Nacional, Gustavo Leal, na abertura do evento que marcou a inauguração do Centro. “O nosso DNA é muito próximo da Alemanha e temos que agradecer à GIZ pelas sementes que deixou plantadas no Senai”, acrescentou ele.
O diretor chamou a atenção para a riqueza dos recursos naturais e de outras vantagens do Brasil para as indústrias de energia e do hidrogênio verde. Reforçou, também, que “é preciso juntar a isso as pessoas qualificadas para atuar na cadeia produtiva” e para fazer frente aos desafios vislumbrados no horizonte.
Estimativa apresentada por ele aponta que, no mundo, a cadeia produtiva do hidrogênio verde deverá gerar 4 milhões de empregos nos próximos anos e que o Brasil poderá ser um dos motores nesse processo. “Que a nossa juventude esteja preparada para isso”.
Rede
O Projeto H2Brasil, que deu origem ao Centro de Excelência para formação de profissionais para o setor, também viabilizou a implantação de cinco hubs regionais de educação e treinamento em Centros especializados do Senai no Ceará, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina.
O CTGAS-ER foi definido como Centro de Excelência e líder técnico da iniciativa pela experiência que acumula no setor de energias renováveis e na inserção do gás natural na matriz energética brasileira, assim como pela localização no estado brasileiro que mais produz energia eólica – uma das fontes utilizadas para produção de hidrogênio verde.
O desenvolvimento dos laboratórios e o treinamento das equipes de instrutores/as nos seis estados receberam um total de 2,6 milhões de euros em investimentos – o equivalente a R$ 14 milhões.
O H2Brasil integra a cooperação entre os governos do Brasil e da Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.
Crescimento
“Esse é um projeto fruto do potencial do Brasil para produção de energia verde e as atividades realizadas nos últimos três anos foram muito bem sucedidas”, disse o vice-presidente do Projeto H2Brasil, Andrej Frizler, durante discurso no evento, avaliando que “a parceria com o Senai foi muito importante para prepararmos a capacidade humana que irá sustentar o crescimento da indústria do hidrogênio”.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Roberto Serquiz, ressaltou a relevância do estado e das contribuições do SENAI nesse contexto. “Estamos na terra dos melhores ventos, respondemos por 30% da energia eólica produzida no Brasil e estamos aqui 24 horas pensando também no hidrogênio”, disse Serquiz. “Estamos saindo da tendência para a realidade e a expectativa”, disse ele, “é que a Cooperação Brasil-Alemanha possa fluir cada vez mais para seguir contribuindo com a descarbonização do mundo”.
Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), lembrou que “o Senai do Rio Grande do Norte iniciou o trabalho com hidrogênio há mais de 20 anos, em 2003, quando o forte ainda era o hidrogênio de reforma”. “Hoje, com pujante participação na tecnologia em energia renovável, temos convicção de que nossa rede está pronta para iniciar o processo de qualificação de pessoas para a indústria do Brasil”, disse. O diretor observou que investimentos na área deverão ser pulverizados em todo país.
“Existem possibilidades de rotas tecnológicas distintas e não conflitantes, além de competitivas, do Rio Grande do Sul ao Amapá. Eu tenho convicção de que cada estado, ao seu modo, vai participar dessa cadeia. Ao Rio Grande do Norte, como Centro de Excelência e Tecnologia da nossa rede, coube coordenar esse processo inicial de instalação da infraestrutura que nasce no RN, mas já simultaneamente em outros cinco estados, de forma que nossa rede esteja estruturada, com capacidade de dar a resposta que esta indústria que vai se instalar vai precisar”.
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