Política

Carlos Gabas, do Consórcio Nordeste, permanece em silêncio na CPI da Covid na ALRN

Secretário-executivo do grupo formado por governadores nordestinos se negou a responder qualquer pergunta sobre compra frustrada de respiradores, que gerou um prejuízo de R$ 48 milhões aos estados do NE

por: NOVO Notícias

Publicado 6 de outubro de 2021 às 16:49

Carlos Gabas deixa CPI ALRN

Durante a tarde desta quarta-feira (6), a CPI da Covid da Assembleia Legislativa do RN recebeu, como investigado, o secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, para esclarecimentos acerca da compra frustrada de respiradores que gerou um prejuízo total de R$ 48 milhões aos estados nordestinos.A tentativa de obter informações acabou sendo frustrada pelo silêncio do investigado, que se valeu do direito de permanecer em silêncio e não respondeu a nenhuma das questões.

Responsável por abrir os questionamentos, o deputado Francisco do PT, relator da Comissão, formulou a pergunta inicial, questionando se Gabas era funcionário público federal, o que restou sem resposta. Por isso, o parlamentar potiguar fez uma segunda pergunta, questionando se ele tinha intenção de responder alguma das inquirições. Orientado por sua defesa, Carlos Gabas disse que não responderia a “nenhuma” das perguntas. Sendo assim, o deputado Francisco desistiu de formular todas as outras “dezenas” de perguntas que ele teria a fazer ainda.

A atitude foi replicada pelo presidente da comissão, deputado Kelps Lima (SDD), que colocou ainda em deliberação a liberação de Gabas e a leitura de todas as perguntas, com o fim apenas de publicizar os questionamentos. A proposição foi aceita pelos demais membros da comissão, e o investigado pôde se retirar da sessão, acompanhado do seu advogado, sem trocar nenhuma outra palavra com os parlamentares ou com a imprensa.

A atitude foi veementemente criticada por todos os parlamentares presentes, inclusive pelos senadores Styvenson Valentim (PODE) e Eduardo Girão (PODE), esse último, membro da CPI da Pandemia no Senado Federal, que vieram acompanhar de perto o depoimento do executivo do Consórcio Nordeste.

“Vocês fizeram aquilo que todo o Brasil quer”, diz o senador cearense, se referindo ao fato de investigar a compra de respiradores do Consórcio Nordeste.

“Hoje vivemos um dia emblemático, porque o ex-ministro da Dilma, Carlos Gabas, que é o secretário-executivo do Consórcio Nordeste, que um requerimento meu tentou levar ao Senado, mas os senadores votaram contra, veio aqui. E o silêncio dele diz muita coisa”, diz Eduardo Girão, senador cearense que participou da reunião da CPI da Covid potiguar.

Também presente na reunião, o senador potiguar Styvenson Valentim (PODE), lamentou o silêncio do depoente.

“Se existe um consórcio que diz que é tão ilibado, tão pronto, composto por nove governadores que dizem que fazem tudo correto… então o porquê do silêncio? A verdade cabe em qualquer lugar. Eram perguntas simples e que ele se esquivou de responder, utilizando o direito constitucional. O direito constitucional da verdade é para o povo e não para se auto defender”, diz o senador Styvenson Valentim.

CPI aprova convocação do prefeito de Araraquara

Ao fim da reunião, a Comissão deliberou sobre novos requerimentos. O de maior destaque é o que convoca o prefeito de Araraquara-SP, Edinho Silva (PT). O fato de a empresa Hempcare, que vendeu os respiradores ao Consórcio Nordeste, ser sediada na cidade paulista e uma ligação entre o prefeito e o secretário-executivo do Consórcio, Carlos Gabas, levanta suspeitas que os parlamentares potiguares querem investigar.

Eu diz um apelo a dois senadores que estiveram na nossa CPI, que essa CPI precisa ser estendida ao Congresso Nacional, porque esses fatos começam a envolver cidades e estados fora do Nordeste, como é o caso de Araraquara, que não por coincidência, é sede da empresa escolhida para fabricar os respiradores e é administrada por um ex-colega de ministério do senhor Carlos Gabas. Uma empresa que na primeira venda que fez, de R$ 48 milhões, já doou quatro milhões à Prefeitura de Araraquara, a pedido do diretor-geral do Consórcio Nordeste, que por exemplo não pediu isso para Apodi, Currais Novos, Mossoró“, diz o deputado estadual Kelps Lima, presidente da CPI da Covid na ALRN.

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