Fé, esperança e muita vontade de viver. É isso que vem mantendo a potiguar Nyara Alves firme. Em junho deste ano, a vida dela teve um brusco recálculo de rota. É que aos 34 anos de idade, a empreendedora foi diagnosticada com câncer de mama.
“Era um sábado quando eu acordei, passei a mão no seio direito e notei um nódulo relativamente grande, bem palpável. Num primeiro momento fiquei muito nervosa. Aí agilizei a ultra, procurei uma mastologista, fizemos uma biópsia do nódulo e saiu o resultado… um carcinoma leve”, lembrou.
Nyara contou que desde o início já imaginava qual seria o diagnóstico. “Não é um resultado fácil de ler, ainda mais quando a gente tem 34 anos e um filho de 8 para cuidar. Mas desde que eu senti esse nódulo pela primeira vez, eu já sabia [o que era]. Não sei explicar como, mas eu sabia. Por isso que eu corri tão rápido [para investigar]”, disse a mãe de Benjamin.
A empreendedora deu início ao tratamento na Liga Contra o Câncer, e conta que alguns dias são tranquilos, outros nem tanto. “Eu tenho me sentido cansada. Tem dias que estamos com o astral lá em cima. Em outros, ele está lá em baixo. Mas eu acredito que é um processo que faz parte. Não temos como estar lá em cima o tempo todo. Muitas vezes dói fisicamente. Sentimos dores nas articulações, nas costas, dor de cabeça… só quem sabe é quem de fato já passou por isso”, contou.
Mas o suporte que Nyara vem recebendo da família e dos amigos tem sido essencial ao longo do tratamento. “Uma coisa que tem sido muito importante para mim é o apoio da minha família, do meu noivo, dos meus amigos e amigas. Meu filho, Benjamin, também. Expliquei tudo que está acontecendo e ele está bem consciente de tudo. Meu exército está forte e operante”, disse.
“Eu tenho sentido uma paz interna e uma certeza muito grande de que isso é passageiro. E como uma grande amiga me disse, essa doença não me pertence. Ela está aqui para que eu aprenda com ela, e para que as pessoas ao meu redor também aprendam algo. Tenho muita fé e muita confiança de que vai dar tudo certo”, concluiu Nyara.
Em 2005, aos 60 anos, a cabeleireira Dinair Fernandes foi diagnosticada com câncer de mama. “Fui fazer a mamografia de rotina e descobrimos o tumor. No dia 29 de novembro recebi o diagnóstico de câncer de mama. Eu comecei a chorar. Pensei que ia morrer, mas entreguei nas mãos de Deus”, lembrou.
Uma de suas três filhas, Elidiane Fernandes, foi quem a acompanhou na maior parte do tratamento. “No dia 14 de dezembro, eu já estava fazendo a cirurgia; depois fiz quimio e radioterapia. E ela [Elidiane] esteve comigo na maior parte do processo”, contou a mãe.
Dezesseis anos depois, os papéis se inverteram. Em outubro de 2021, aos 47 anos, Elidiane foi diagnosticada com a mesma doença que a mãe. Em um autoexame, a também cabeleireira sentiu um caroço no peito e logo marcou uma consulta com a mastologista e fez todos os exames para investigar o nódulo.
“No pré-diagnóstico eu senti desespero, medo de morrer, de deixar minha filha. Foi um misto de sentimentos. Mas Deus me preparou com uma força e uma resiliência que eu não tinha antes, e no dia do diagnóstico eu senti paz”, contou.
Elidiane começou o tratamento pela mamoplastia, quando retirou as duas mamas – a do tumor e a outra por prevenção. Depois ela passou pelo processo de quimio e radioterapia. E foi Dinair quem acompanhou a filha em todo o seu tratamento.
Hoje, as duas estão curadas. Juntas, elas venceram todas as etapas difíceis de ambos os tratamentos. “A sensação é de que Deus nos uniu no mesmo processo, mas em fases diferentes. Na época que eu a acompanhei, foi uma preparação, mesmo que a longo prazo, para todo o meu processo. E tê-la ao meu lado no meu tratamento foi a confirmação de Deus de que, juntas, sairíamos vencedoras mais uma vez. E aqui estamos, firmes e fortes na fé e nos propósitos que ainda teremos juntas nessa vida”, finalizou Elidiane.
Outubro é o mês de prevenção ao câncer de mama, doença mais comum entre as mulheres no mundo, no Brasil e no Rio Grande do Norte.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam 1.130 novos casos da doença para cada ano entre 2020 e 2022 no RN. Isso representa 61,85 casos para cada 100 mil mulheres potiguares.
De janeiro a agosto desse ano, 176 mulheres de 30 a 69 anos morreram por câncer de mama no Estado.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), não existe somente um fator de risco para câncer de mama. No entanto, a idade acima dos 50 anos é considerada a mais relevante. Outros fatores que também são importantes e contribuem para o aumento do risco de desenvolver a doença são: fatores genéticos, hereditários, menstruação precoce, menopausa tardia, obesidade, sedentarismo, radiações ionizantes, alimentação inadequada, uso abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, primeira gestação após os 30 anos e não ter tido filhos.
A prevenção do câncer de mama começa com o autoexame, que a própria mulher deve fazer mensalmente a partir dos 20 anos de idade, apalpando as mamas. É importante ficar atenta a sinais e sintomas como: nódulos palpáveis na mama ou região das axilas; alterações na pele que recobre o local do nódulo; região da mama com aspecto parecido a uma casca de laranja; saída de secreção.
Além do autoexame, é importante que mulheres acima de 50 anos realizem a mamografia de rastreamento, mesmo sem perceber nenhum sinal ou sintoma. Esse é o único exame que permite descobrir o tumor em sua fase inicial, em que a probabilidade de cura é 95%.
Alguns hábitos também ajudam a reduzir os fatores de risco para o câncer de mama em até 28%. São eles: praticar exercícios físicos; alimentar-se de forma saudável; manter o peso corporal adequado; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; amamentar e usar hormônios sintéticos apenas com prescrição médica.
Neste mês de outubro, os 167 municípios do RN estão mobilizados para ofertar gratuitamente a mamografia bilateral de rastreamento à população feminina na faixa etária de 40 a 69 anos e o exame preventivo de rastreamento para toda mulher com idade entre 25 e 64 anos.
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