Associações ligadas à polícia militar defendem o uso das câmeras, mas questionam alguns pontos no uso do equipamento, entre eles, a prioridade da ferramenta em detrimento à manutenção de viaturas e prédios
Publicado 9 de janeiro de 2023 às 15:00
O ano de 2023 entra com uma novidade sendo implantada na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, que nos próximos dias, deve começar a utilizar as chamadas bodycams, ou câmeras corporais. A nova ferramenta fará parte do uniforme policial da corporação, começando pela Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam).
De acordo com a PMRN, os passos para que a ferramenta seja de fato implementada já foram, quase todos cumpridos, estando agora na fase final de capacitação e treinamento para a que possa ser efetivada a utilização das câmeras.
A previsão é que até o final de janeiro, os equipamentos já estejam sendo utilizados pelos policiais militares.
“Outras forças e batalhões da Instituição serão contempladas posteriormente, de acordo com o planejamento que estamos elaborando”, diz o Comandante Geral da PMRN, o coronel Alarico Azevedo.
Em 19 de dezembro de 2022, o Governo fez a entrega das 15 primeiras bodycams. Elas ficarão acopladas ao corpo dos militares em atuação, permitindo a filmagem de todo o procedimento policial.
Esse fato pode causar estranheza para alguns, que enxergam dois lados no serviço prestado pelos equipamentos tecnológicos.
O Major Robson Teixeira, presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do RN (Assofme), fala sobre sua percepção do equipamento que está em vias de implantação. “A Associação de Oficiais, ela observa que existe um lado positivo e um lado negativo. O lado positivo é que as ações filmadas por bodycams instaladas nos policiais, salvaguarda, protege, dá uma retaguarda jurídica para aqueles policiais que atuam dentro dos ditames legais, não temendo possíveis de denunciações caluniosas”, explica o major Robson Teixeira. Ele continua mostrando o que acredita ser o ponto negativo: “Muitas vezes a ocorrência precisa de uma energia policial a mais que aos olhos de um leigo, beira a ilegalidade, e isso pode inibir a ação policial”, completa.
O representante da Assofme também falou sobre a obrigatoriedade ou não do equipamento. “A gente entende, como em muitos casos nos Estados Unidos, por exemplo, que a câmera pode ser opcional. O policial ligar a captação de imagens ser uma opção que lhe faculte no exercício da sua função que muitas vezes, como eu já expus, não é conveniente fazer aquela filmagem por se tratar de uma ação vigorosa, enérgica. Por outro lado, se o policial está muito consciente de que aquilo ali não lhe trará nenhuma repercussão negativa, a gente entende que é uma salvaguarda, uma proteção para sua atuação”, finaliza.
Já a subtenente Márcia Carvalho, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBMRN), considera favorável a adoção de equipamentos de que vão beneficiar a segurança do policial, no entanto, aponta que a administração deveria dar prioridade a outras necessidades da corporação. “No momento existem outras coisas que o Governo deveria se preocupar, como
por exemplo a manutenção das viaturas, dos prédios que estão de calamidade pública. Tem a questão do fardamento novo que, hora muda e ninguém sabe quando vai se receber; a questão do pagamento das diárias operacionais em atraso; a questão do décimo terceiro em atraso”, encerra a subtenente Márcia Carvalho.
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