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Brasil registra média de duas crianças mortas por dia em decorrência da covid

Estudo da Fiocruz mostra que números de óbitos registrados na faixa etária de até cinco anos são o triplo dos EUA

por: NOVO Notícias

Publicado 27 de junho de 2022 às 21:52

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Duas crianças menores de 5 anos morrem diariamente no Brasil por conta do Covid. Esta faixa etária ainda não está liberada para a vacinação no Brasil e números registrados são o triplo em relação aos EUA, onde já é permitida a imunização.

De acordo com as informações do Observa Infância, projeto ligado ao Instituto de Comunicação e Informação Científico e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em 2020 e 2021, foram 1.439 óbitos nesse grupo, sendo que 48% eram de bebês até um ano de idade. Em 2022, já foram mais 291 mortes abaixo dos cinco anos até o dia 11 de junho, uma média de 1,8 por dia. Nos Estados Unidos, desde o início da pandemia, registraram 442 mortes entre crianças abaixo dos cinco anos por Covid, ou seja, 30,7% do total de óbitos brasileiros. Dos números registrados no Brasil, 43,9% foram na região Nordeste.

Os dados do Observa Infância levam em conta a Covid como causa básica da morte e também como causa contribuinte. Ou seja, a criança já tinha algum problema de saúde, como uma insuficiência cardíaca congênita, foi infectado pelo coronavírus, teve o quadro piorado e morreu. Por considerar a Covid como causa básica e causa contribuinte, o total de óbitos mensurado pelo Observa Infância é 18,3% superior ao divulgado nos boletins do Ministério da Saúde, que só computa a morte por Covid como causa básica.

“Temos um excesso de mortes por Covid nessa faixa etária abaixo dos cinco anos. A cada dia que passamos sem vacinação para as crianças a partir de seis meses, o Brasil perde duas delas. Isso é inaceitável. O óbito por Covid já pode ser considerado evitável”, diz o pesquisador Cristiano Boccolini.

Para o infectologista Munir Ayub, membro do comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), não há dúvidas de que a população menor de cinco anos está mais vulnerável à Covid e que precisa ser vacinada.

Desde março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa o pedido do Instituto Butantan para uso da Coronavac entre três e cinco anos, mas ainda não há uma decisão.

Na semana passada, a farmacêutica Pfizer informou que prepara a documentação para solicitar à Anvisa a autorização para vacinar crianças entre seis meses e cinco anos, mas ainda não há prazo para que isso ocorra. Ou seja, não há nenhuma vacina sob análise, no momento, para a faixa etária em que as mortes têm se concentrado, entre 29 dias e um ano incompleto.

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