A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou as prisões e buscas nesta quinta-feira (8), aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve acesso e pediu modificações na chamada “minuta do golpe”, mantendo a previsão de prisão de Moraes.
Segundo informações obtidas a partir de conversas encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, Bolsonaro teria contribuído na redação e edição do documento.
Mensagens trocadas entre Cid e o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, em dezembro de 2022, sugerem que Bolsonaro teria “enxugado” o texto, tornando-o mais resumido, direto, objetivo e curto, limitando suas abrangências.
A versão inicial do rascunho previa novas eleições e a prisão de autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente do Senado. A PF afirma que, por sugestão de Bolsonaro, apenas o decreto de prisão de Alexandre de Moraes foi mantido.
A Operação Tempus Veritatis, deflagrada hoje pela PF, resultou na prisão de aliados do ex-presidente suspeitos de envolvimento na empreitada golpista. Jair Bolsonaro também foi alvo de buscas durante a ação.
Saiba como funcionou a divisão de tarefas da tentativa de golpe, segundo a PF:
Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral
Segundo a PF, o núcleo desinformação atuou na produção, divulgação e amplificação de notícias falsas e de “estudos” quanto à falta de lisura das eleições presidenciais de 2022, “bem como sobre supostos registros de votos após o horário oficial, inconsistências no código-fonte, com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e de instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para a execução de um golpe de Estado”. Era composto por Mauro César Barbosa Cid, Anderson Torres, ngelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Éder Lidsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.
Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao Golpe de Estado
Elegia os alvos para “amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas”. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a “audiência” militar. Integrava esse núcleo, segundo a PF, Walter Braga netto, paulo Renato de Oliveira, Ailton Gonçalves, bernardo Romão e Mauro Cid
Núcleo jurídico
Tinha como foco o assessoramento e a elaboração de minutas de decretos com “fundamentação jurídica e doutrinária que atendesse aos interesses finalísticos golpistas do grupo investigado”. Integrado por Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, José Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.
Núcleo operacional
Atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas, “no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis”. Era composto por Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães
Núcleo de inteligência paralela
Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção nas primeiras horas que se seguissem a assinatura do decreto de golpe de Estado. Era formado por Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid
Núcleo de oficiais de alta patente
Teria se utilizado da alta patente militar para “influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado”. Era composto, segundo a PF, por Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theofilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Nogueira de Oliveira.
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