Em entrevista à coluna Daniela Freire na edição impressa do Novo Notícias desta segunda (27), Robério Paulino (PSOL) ressaltou que a revisão do documento permite a verticalização indiscriminada em toda a cidade e a redução das zonas de proteção ambiental
Publicado 27 de dezembro de 2021 às 23:02
Um novo Plano Diretor feito para atender aos interesses do grande empresariado da construção civil e o capital imobiliário de Natal. É assim que o vereador Robério Paulino (PSOL) classifica a revisão do documento aprovado na última semana pela maioria dos edis da Câmara Municipal de Natal.
Em entrevista à coluna Daniela Freire na edição impressa do Novo Notícias desta segunda (27), Robério ressaltou que o novo Plano Diretor de Natal representa um “retrocesso”, pois permite a “verticalização indiscriminada em toda a cidade”, permite a “redução das zonas de proteção ambiental” e até “a construção de prédios mais altos em algumas áreas das nossas praias”.
Na opinião do vereador, que teve o mandato ameaçado de cassação pela base do prefeito Álvaro Dias na Casa após convocar a sociedade e sindicatos a participarem das sessões de votação da matéria, as mudanças aprovadas foram pouco discutidas e analisadas com representantes da população. “Um plano tão importante, com tantos itens (dobrou o número de itens), sendo discutido em três dias foi atropelo, sim, foi um açodamento completo, que não permitiu a participação plena de diversos setores da sociedade”.
Leia na íntegra, abaixo, a entrevista com o vereador Robério Paulino publicada na coluna do Novo Notícias:
PAPO COM ROBÉRIO PAULINO
– Vereador, a revisão do Plano Diretor de Natal foi aprovada na última quinta-feira na Câmara Municipal de Natal com 263 emendas. O senhor foi um dos críticos ao texto foi aprovado. Como o senhor define o novo PDN?
Robério – Nós avaliamos na oposição que apesar de o Plano Diretor ter sido aprovado na Câmara, inclusive com várias emendas nossas, mais de 40% das emendas foram da oposição, na verdade, o que houve foi uma redução de danos, foi nossa estratégia. Porque, de fato, esse plano diretor como foi aprovado é um retrocesso em nossa opinião, pois permite a verticalização indiscriminada em toda a cidade, permite a redução das zonas de proteção ambiental e até a construção de prédios mais altos em algumas áreas das nossas praias.
– Em três dias, a revisão do Plano Diretor da capital foi discutida e votada. Houve debates e audiências públicas anteriores. O senhor acredita que foi suficiente? Se não, o que faltou ser analisado sobre o assunto antes de ser votado e aprovado?
Robério – Nós achamos que o tempo de debate foi insuficiente. Porque não se debate um plano que vai durar 10 anos em 2 meses e meio. A Prefeitura alega que houve debate anterior com a sociedade, mas foi um debate muito superficial. Estávamos no meio de uma pandemia, o que prejudicou muito a participação das pessoas. E o debate na Câmara foi muito açodado, foi, de certa forma, um atropelo. Porque um plano tão importante, com tantos itens (dobrou o número de itens), sendo discutido em três dias foi atropelo, sim, foi um açodamento completo, que não permitiu a participação plena de diversos setores da sociedade.
– No primeiro dia de votação do novo PDN, o senhor enviou texto em grupos de whatsapp falando sobre “o rolo compressor” da Prefeitura e pedindo a presença da população e de entidades sindicais na Câmara. O fato gerou revolta na bancada de apoio ao prefeito Álvaro Dias e ameaças de pedido de cassação de mandato. Na sua opinião, qual foi o papel do prefeito na aprovação deste novo PDN?
Robério – O plano foi mantido como veio da Prefeitura e está muito enviesado pelo interesse empresarial e comercial da construção civil. Realmente, enfrentei todo tipo de insultos porque convoquei a população para estar na CMN. Mobilizei, sim, pesadamente, estudantes, sindicalistas, por considerar que esse plano é um retrocesso para cidade que atende o interesse do grande empresariado da construção civil e o capital imobiliário. Mas não fiz nenhuma acusação de relação financeira específica de qualquer mandato dos vereadores com o capital imobiliário. Coloquei apenas que o interesse desses setores está muito atendido no novo PDN. Isto é uma avaliação política.
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