A poucos dias da celebração do centenário de nascimento de Aluízio Alves, a ser comemorado nesta quarta-feira, dia 11 de agosto, o portal de notícias The Intercept Brasil publicou uma longa reportagem investigativa mostrando como os Estados Unidos, sob o governo de John F. Kennedy, enviou milhares de dólares ao Rio Grande do Norte, no início da década de 1960, para fortalecer o então governador Aluízio Alves.
O ‘investimento’ no gestor potiguar, é claro, não foi por acaso. Segundo descobriu o The Intercept, através de documentos e gravações até então sigilosas, de conversa entre Kennedy e o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, a intenção americana era “combater uma ameaça comunista imaginária no Nordeste brasileiro”, num momento em que eles enfrentavam a Guerra Fria. Alves foi o escolhido para comandar a “Ilha da Sanidade” e manter a região anticomunista, por indicação do próprio Lincoln Gordon. “O medo de que a situação nordestina descambasse numa revolução como a cubana era forte na Casa Branca”, revelam os documentos.
A matéria, intitulada “O amigo americano: Medo do comunismo fez EUA criarem clã político do Rio Grande do Norte durante Guerra Fria”, detalha toda a história de como “a dinheirama dos americanos chegou a Natal” e possibilitou a Aluízio fazer uma gestão inovadora. “Com o dinheiro americano, o governo Alves fez obras como o Sistema Jiqui, responsável pelo abastecimento de água de parte da zona sul de Natal até hoje, o Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy, o IFESP, para formação de professores, inaugurado com a presença do senador Robert Kennedy, e a Cidade da Esperança, o primeiro programa habitacional do estado destinado ao público de baixa renda”, conta a reportagem.
“O apoio chegou, e em tal quantidade que ajudaria a cimentar um novo clã político no estado”, ressalta o The Intercept. Aluízio Alves recebeu dos americanos, em 30 repasses, 3,46 bilhões de cruzeiros entre outubro de 1962 e janeiro de 1966, entregue ao governo do estado como doação direta. Em valores atuais, a bolada doada pelos EUA equivale a R$ 179,1 milhões. “O resultado não intencional e mais duradouro da dinheirama foi sedimentar Aluízio Alves e seus descendentes na política. O clã produziu três ministros, um presidente da Câmara dos Deputados e outro do Senado Federal”, diz a matéria.
Leia a reportagem na íntegra:
https://theintercept.com/2021/08/07/comunismo-guerra-fria-dolares-nordeste-aluizio-alves/
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