“Forças armadas não devem opinar sobre eleições”, afirma Natália Bonavides

A deputada considera a nota da Defesa uma “prova de que há generais dedicados a ameaçar as eleições e a vida do povo”

por: Foto do autor Daniela Freire

Publicado 26 de abril de 2022 às 09:14

A deputada federal potiguar Natália Bonavides comentou em suas redes sociais a respeito da nota divulgada pelo Ministério da Defesa do Governo Bolsonaro criticando a fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que afirmou, durante seminário promovido por uma universidade alemã, que vê as Forças Armadas sendo orientadas a atacar o processo eleitoral no Brasil.

“Forças armadas não devem opinar sobre eleições. Normalizar pitacos de generais sobre assuntos de civis, como no julgamento de Lula, é que é um ataque à democracia”, afirmou a parlamentar, que é advogada. Natália disse ainda que “a nota da Defesa prova que há generais dedicados a ameaçar as eleições e a vida de nosso povo!”.

Barroso também afirmou na sua palestra que o Brasil é um dos países que testemunham a ascensão do populismo autoritário, outra verdade, e relembrou episódios como o desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios e os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas. Segundo Barroso, existe uma tentativa de levar as Forças Armadas ao “varejo da política” e para ele é importante que os comandantes militares evitem esse tipo de contaminação. Nenhuma mentira foi dita pelo ministro.

O Ministério da Defesa, por sua vez, resolveu vestir a carapuça e disse que “repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas” de que as Forças Armadas “teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”. “Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro. Além disso, afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições”, diz trecho da nota, assinada pelo ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

No entanto, há diversas situações públicas que provam a disposição das Forças Armadas em reforçar as acusações, aí sim, sem provas alguma, já feitas pelos próprio presidente Jair Bolsonaro colocando em dúvida a lisura do processo eleitoral no Brasil. Eleições essas que colocaram o próprio Bolsonaro no poder.

Ano passado em meio à pressão do presidente, que atacava sem provas a segurança das urnas eletrônicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era presidido por Barroso, convidou representantes das três Forças para participarem do processo de fiscalização das urnas.

Na nota divulgada neste domingo, o Ministério da Defesa destacou que as Forças Armadas aceitaram o convite “republicanamente” e “apresentaram propostas colaborativas, plausíveis e exequíveis”. O ministério destacou ainda, em tom de ameaça, que as Forças Armadas têm a “ampla confiança da sociedade” demonstrada por pesquisas. Ressaltou também que elas têm “uma história de séculos de dedicação a bem servir à Pátria e ao Povo brasileiro, quer na defesa do País, como se não tivesse havido ditadura militar. E concluiu a nota dizendo: “Assim, o prestígio das Forças Armadas não é algo momentâneo ou recente, ele advém da indissolúvel relação de confiança com o Povo brasileiro, construída junto com a própria formação do Brasil.”

Em tempo: em nenhum momento Barroso acusou as Forças Armadas de coisa alguma. Basta ler ou ouvir o trecho em que ele fala sobre o assunto. Ele relatou a realidade política atual no Brasil, demonstrada amplamente pelos fatos ja ocorridos.