Repercutiu muito mal e com longo alcance a declaração do ministro das Comunicações Fábio Faria, no Twitter, no dia em que o Brasil acumulou 500 mil mortos por covid19, no último sábado. Ao invés de se solidarizar com as famílias das vítimas, Fábio reclamou que jornalistas, artistas e políticos vivem lamentando as vidas perdidas, mas nunca comemoram os milhões de curados e nem as doses de vacinas aplicadas.
O ministro potiguar, que virou cão de guarda de Bolsonaro e assumiu todo o discurso belicoso da turma da extrema direita, não deve ter raciocinado que os milhões de curados mostram, na verdade, a ineficiência do seu próprio governo ao tratar da pandemia. São milhões de brasileiros que se infectaram e correram risco de morrer. Muitos têm que lidar com as sequelas da doença. Comemorar o quê?
O que há para comemorar diante de 500 mil vidas perdidas? O ministro quer que as famílias que perderam entes queridos por covid comemorem os 16 milhões que se infectaram mas não morreram? É o tipo de pensamento cruel, de desdém, de menosprezo pela vida do outro. O Brasil só está atrás dos EUA na quantidade de mortos e com previsão de chegar a um milhão de vidas perdidas até o ano que vem, ministro! É um dado terrível, de massacre! 500 mil mortes é um número que supera genocídios mundialmente conhecidos, como em Uganda, Timor Leste, Bosnia e Mianmar.
Quanto às vacinas, o ministro mentiu. Já que, diariamente, a imprensa divulga os números dos imunizados e das vacinas que estão chegando e sendo distribuídas. Além disso, cobra pelos constantes atrasos e pelas negociações falhas realizadas pelo Governo Federal.
E não é segredo que o governo Bolsonaro morre de vontade de esconder os números da morte. Tanto que o Ministério da Saúde parou de divulgá-los. Para o cidadão saber a quantidade de mortos por covid no Brasil a imprensa precisou se unir para apurar e compartilhar esses dados. Ou seja, transparência zero.
Em resumo, faltou, no mínimo, empatia e respeito na fala de Fábio Faria. Foi uma declaração rasteira, desumana, oportunista e mentirosa. No dia em que o país contou meio milhão de mortes por covid, nada mais poderia ser dito além de “sinto muito”.
E, por conta disso, o potiguar foi parar nos assuntos mais comentados do Twittar Brasil, neste sábado. De forma muito negativa, é claro. Vai para a conta de mais uma lambança de um ministro que deveria saber se comunicar…
Repostas
O tweet de Fábio gerou centenas de respostas em tom forte de artistas, jornalistas, políticos e sociedade como um todo. Do RN, destaque para as falas dos deputados Natália Bonavides e Rafael Motta.
“Se fosse 1 vida, haveria lamento do mesmo jeito. As falas são sobre o custo humano da irresponsabilidade. Lembre-se de que mais de 6,5 mil dos mortos são do RN, talvez até eleitores seus. O Brasil não torce pelo pior, pois já estamos vivendo esse momento. Queremos apenas sobreviver”, escreveu Motta ao ministro. Ao rebater, Fábio falou em números de vacinas compradas e menosprezou o kitesurf, esporte que o deputado pratica e que tem inúmeros adeptos no RN e no mundo inteiro. “O que mata mesmo é negar a pandemia, defender remédios que não servem e não comprar vacinas. O kitesurf é um esporte, praticado por pessoas que trabalham. É muito comum aqui no RN. Não sei se vai encontrar tão facilmente em SP. Apareça mais por aqui! E traga vacinas quando vier!”, disse Motta.
Já Natália Bonavides não poupou críticas fortes e diretas ao ministro das Comunicações. “Meio milhão de mortos e o ministro da comunicação está reclamado de quem acha ruim! É um cúmplice do genocídio. Da ala canalha do governo”, escreveu em seu Twitter.
Receba notícias em primeira mão pelo Whatsapp
Assine nosso canal no Telegram
Siga o NOVO no Instagram
Siga o NOVO no Twitter
Acompanhe o NOVO no Facebook
Acompanhe o NOVO Notícias no Google Notícias