Em resposta a Fábio Faria, epidemiologista mostra que Brasil tem 2,8x mais letalidade por covid que a média mundial

“Com o número tão alto de casos que temos, teríamos que ter muito mais recuperados do que os 16 milhões que o seu Governo se gaba ter”, publicou Denise Garrett no Twitter

por: Foto do autor Daniela Freire

Publicado 21 de junho de 2021 às 19:16

 

Após a repercussão do tweet do ministro das Comunicações Fábio Faria sobre os 500 mil mortos por covid no Brasil, a epidemiologista Denise Garrett foi ao Twitter dar uma aula ao ministro.

Em um fio, Denise explica o motivo de o Brasil não poder ‘comemorar’ os curados, como sugeriu Fábio: “Não há nada a celebrar. O que nos resta é lamentar, e lamentamos muito, o meio milhão de vidas perdidas — muitas delas desnecessariamente, se o seu Governo tivesse cumprido o seu papel”, escreveu.

 

Confira abaixo:

Sr @fabiofaria, vou explicar pq não comemoramos 16.1 milhões de curados (não são 18).A taxa de sobrevida da COVID é cerca de 99%. Então, não é mérito nenhum termos mtos recuperados. É apenas a evolução natural da doença. Mas no BR é pior. Nossa taxa de sobrevida é apenas 97.2%. Ou seja, no lugar de morrerem a média esperada de 1%, morrem 2.8%!

Nossa letalidade (mortes entre casos) é + alta q a esperada e q a de varios países. Com o número tão alto de casos q temos, teríamos que ter mto mais recuperados do q os 16.1 M q o seu Gov se gaba ter.

Sem falar, Sr @fabiofaria, q entre os 16.1 milhões q o Sr insiste em celebrar 9% dos q não tinham nenhuma comorbidade precisaram de hospitalização, 2% em UTI. Dos com pelo menos uma comorbidade, 40% precisaram de hospitalização, 13% em uma UTI.

Por último, Sr @fabiofaria, 3 em cada 4 dos 16.1 milhões de recuperados têm sintomas persistentes por 2-8 meses. Mtos terão sequelas graves e debilitantes por toda sua vida. E nem mencionei toda a dor envolvidas, doentes e familiares, porque esperar empatia seria pedir mto.

Portanto, Sr @fabiofaria, não há nada a celebrar. O que nos resta é lamentar, e lamentamos muito, o meio milhão de vidas perdidas — muitas delas desnecessariamente, se o seu Governo tivesse cumprido o seu papel.