CPI: Kelps confirma que apresentará ‘relatório paralelo’ pedindo o indiciamento de “petistas”

Em entrevista à coluna impressa e ao blog Daniela Freire, o presidente da CPI da Covid justificou que os escândalos aconteceram em gestões petistas e os ordenadores de despesas são todos filiados ao PT

por: Foto do autor Daniela Freire

Publicado 14 de dezembro de 2021 às 00:21

“A filiação partidária não tem nenhuma importância pra mim”. Foi o que garantiu à coluna Daniela Freire no impresso do Novo Notícias, edição desta segunda (13), o deputado Kelps Lima, presidente da CPI da Covid no RN, ao comentar sobre a sua divergência do relatório final apresentado na última quinta-feira pelo relator, deputado Francisco do PT.

Kelps, que reclamou publicamente a ausência de “petistas” na lista de indiciados apresentados no relatório, argumentou: “Precisamos indiciar envolvidos e, neste caso, os escândalos aconteceram em gestões petistas. Os ordenadores de despesas são todos filiados ao PT, mas o relator preferiu ignorar”.

Entrevistado da coluna desta semana, o presidente da comissão confirmou que apresentará um novo documento, que já está sendo chamado de relatório paralelo, no qual ele irá propor a “inclusão destes nomes (do PT)”. “Na minha opinião, a proposta de relatório do deputado Francisco deixou vários envolvidos de fora”, reforçou Kelps.

Segundo contou o deputado, há uma “larga documentação” que a CPI possui “mostrando claramente que tem muito mais pessoas envolvidas no Escândalo do Consórcio Nordeste”. “A própria polícia federal indiciou muito mais pessoas no inquérito que corre no STJ”, disse.

Kelps Lima, que caiu no gosto do presidente Bolsonaro por defender a punição a governadores do PT e ao Consórcio Nordeste da CPI, disse que não se ilude “com momentos de sucesso” ao ser questionado se a CPI tem lhe servido como palanque para capitalizar votos bolsonaristas para as próximas eleições, quando ele disputará uma cadeira de deputado federal. “Minha construção política não foi, nem é feita de ‘momentos’”, afirmou.

Sobre a situação do Solidariedade no RN em 2022, depois que o presidente nacional do partido, Paulinho da Força, anunciou apoio do partido à pré-candidatura de Lula à Presidência, Kelps Lima garantiu que há “zero conflito com o partido e muito menos com Paulinho” e que aqui no Estado a legenda se manterá fazendo oposição ao PT.

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

1 – Deputado, o relatório final da CPI da Covid foi lido nesta quinta-feira pelo relator, deputado Francisco do PT. E como era de se esperar, o senhor divergiu do resultado apresentado e reclamou a ausência de petistas indiciados. Mas o deputado Francisco ressaltou que pediu o indiciamento de empresários que deveriam ter fornecido os respiradores ao Consórcio Nordeste. Não é o suficiente?

A larga documentação que a CPI possui mostra claramente que tem muito mais pessoas envolvidas no Escândalo do Consórcio Nordeste, a própria polícia federal indiciou muito mais pessoas no inquérito que corre no STJ. Na minha opinião a proposta de relatório do deputado Francisco deixou vários envolvidos de fora. Na próxima sessão iremos propor a inclusão destes nomes.

2 – Por que o senhor gostaria de ver ‘petistas’ indiciados no relatório do deputado Francisco e quais petistas seriam esses?

A filiação partidária não tem nenhuma importância pra mim. Precisamos indiciar envolvidos e, neste caso, os escândalos aconteceram em gestões petistas. Os ordenadores de despesas são TODOS filiados ao PT, mas o relator preferiu ignorar.

3 – Deputado, o seu colega deputado George Soares reclamou, no dia do depoimento do secretário de Saúde do RN, Cipriano Maia, que o senhor tem conduzido a CPI de forma “midiática”, buscando manchetes para abastecer setores da imprensa e generalizando ao falar sobre roubo nos contratos. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Na falta de argumentos técnicos que questionem o andamento da CPI, este tipo de argumento é usado. Isso só reforça o trabalho consistente que está sendo feito na comissão. O argumento usado é genérico e frágil, não abala o trabalho. O termo “midiático” pode ser usado em qualquer ato feito por uma figura pública, inclusive o do deputado George.

4 – Há quem analise que o senhor tem trabalhado na CPI para alavancar o seu nome entre os eleitores bolsonaristas no RN, com vistas para 2022. Inclusive, o senhor foi citado pelo próprio Bolsonaro como presidente-exemplo da CPI que investiga suposta corrupção de governadores do NE na pandemia e tem ocupado espaço em veículos nacionais notadamente bolsonaristas para falar sobre o assunto. O que o senhor espera conquistar politicamente com o seu sucesso em meio ao bolsonarismo?

Já tenho muitos anos na política. Ajudei a funda um dos grupos políticos mais importante do Estado, o Solidariedade, mesmo fazendo oposição nos 3 mandatos. Minha construção política não foi, nem é feito de “momentos”. Tenho uma lógica na minha vida, os projetos se formam com o tempo, tijolo por tijolo, para termos solidez e colhermos resultados, no caminho sempre temos momentos bons e ruis, mas o resultado está na soma geral. Não me iludo com momentos de sucesso, nem me abalo com derrotas em batalhas.

5 – O presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, anunciou apoio do partido à pré-candidatura de Lula a presidente. O senhor garantiu que aqui no RN o partido o Solidariedade não votará em nenhum candidato do PT. A legenda nacional não irá exigir dos diretórios estaduais o palanque para o PT?

O meu amigo Paulinho colocou a posição pessoal dele, e está certíssimo. A minha é diferente e a Executiva Nacional do Solidariedade, da qual faço parte, já sabe disso. Zero conflito com o partido e muito menos com Paulinho. Até a dia da convenção, em julho de 2022, vou defender candidatura própria do partido, tal como defendo aqui no nosso Estado.

6 – Como presidente do Solidariedade, como o senhor tem avaliado o cenário que está se desenhando para a disputa majoritária em 2022 no RN? E como o senhor vê o seu partido inserido nesse cenário?

Defendo que o Solidariedade tenha candidato a Governador, no caso o engenheiro Brenno Queiroga. Mas essa é a minha opinião e precisa também ser homologada dentro do partido. O Presidente Janiel Hercílio está fazendo consultas internas e em breve vamos nos reunir para tomarmos a decisão em conjunto. Internamento a opiniões diversas e precisamos unificá-las.