O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 13 de julho de 2022 a análise da série histórica das quatro edições da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), realizadas entre 2009 e 2019. A PeNSE é um estudo experimental sobre os indicadores da saúde dos adolescentes escolares do 9º ano do ensino fundamental desenvolvido em parceria com os Ministérios da Educação e da Saúde com o objetivo de fornecer informações para o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), da secretaria de Vigilância em Saúde do Governo Federal.
O levantamento sobre a saúde dos adolescentes com frequência regular em escolas das redes pública e privada de todo o território nacional avaliou fatores de risco e proteção deste público, a partir da abordagem de temas como alimentação, contexto familiar e escolar, saúde mental, segurança e violência e higiene, dentre outros.
Ao justificar a preocupação com a observação das condições de saúde mental dos adolescentes, a pesquisa destaca que “a promoção da saúde mental entre os adolescentes é tida como uma estratégia geral de prevenção a transtornos mentais, uma vez que 50,0% dos transtornos mentais que acometem os adultos têm seu início antes dos 14 anos de idade”.
Por essa razão e pelo fato de na adolescência haver a tendência de aumento do estabelecimento de conexões e intensidade social com outras pessoas, o estudo questionou os estudantes sobre a existência de amigos próximos. A pesquisa destaca que o maior envolvimento social é um quesito importante para esta fase de vida, com naturais reflexos no desenvolvimento dos indivíduos e da vida adulta.
A análise dos resultados das edições de 2012, 2015 e 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar enfatiza que “a inexistência de amigos próximos pode ser vista tanto como um sintoma quanto como um fator de risco à saúde mental, especialmente em uma fase de vida em que se espera maior interação social entre os iguais em idade.”
A pesquisa revela a considerável diferença no percentual de adolescentes sem amigos próximos entre homens e mulheres e, ainda mais intensamente, entre aqueles em escolas públicas e privadas. “No que toca ao gênero as diferenças no indicador de ausência de amigos próximos foram significativas nos anos de 2012 e 2015, ocupando os homens o lugar desfavorável com 4,5% sem amigos próximos nas respectivas edições.” O estudo revela ainda que Natal é a sexta capital brasileira com maior chance de escolares de 9º ano do ensino fundamental não terem amigos próximos.
Os dados analisados foram coletados em um período que antecedeu a pandemia da Covid-19 e são, por si só, preocupantes dada a importância das relações sociais para o desenvolvimento humano e para a prevenção de problemas de saúde mental em adultos, segmento da população que já demonstra dificuldade em estabelecer conexões com outras pessoas para além das telas das novas tecnologias da informação e comunicação. Essa situação desenha um panorama com tendências ainda mais desafiadoras devido ao isolamento social imposto pela pandemia causada pelo novo coronavírus e é uma realidade que precisa ser trabalhada por todos nós, desde já, pois nada substitui a presença real do outro em nossas vidas.
Para conhecer a íntegra da análise comparativa realizada pelo IBGE clique aqui.
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