Na leitura dos jornais, nesta semana, chega a notícia da morte da escritora Julie Powell, em 26 de outubro, em consequência de um ataque cardíaco, aos 49 anos, na casa dela, em Nova York. A informação foi confirmada pelo marido da escritora, Eric Powell, ao The New York Times.
A fama chegou à vida de Powell no início dos anos 2000, quando ela começou um blog para compartilhar a experiência de cozinhar todas as receitas do livro de Julia Child (1912-2004), “Mastering the Art of French Cooking”, em um ano. A história é contada no filme intitulado “Julie & Julia”, de 2009, que tem Amy Adams e Meryl Streep, respectivamente, como protagonistas.
Mais do que um filme sobre a arte de cozinhar, o longa, que é baseado no livro de Powell, mostra como os encontros que a vida nos proporciona a ter com o outro são capazes de transformar nossa jornada.
Julia e Julie nunca se encontraram, mas a influência das receitas e da própria trajetória e personalidade na vida da escritora na vida da blogueira foram suficientes para ajudá-la a se reencontrar com o propósito da própria vida, que era também se tornar escritora.
Ambas encontraram na cozinha e no sabor descoberto a partir da mistura dos ingredientes formas diferentes de ver e sentir as respectivas vidas. Compartilhar essas experiências vivenciadas na cozinha transformou a vida de Julia, em meados do século XX, e a de Julie, no início do século XXI, em uma prova de que os dilemas humanos seguem os mesmos, independente do tempo e do espaço.
Nesse sentido, a relação de amizade que Child mantém com Ava, com quem trocou cartas durante anos sem que ambas se conhecessem pessoalmente, reforça a ideia de que as relações reais são construídas a partir da conexão que esse estabelece com o outro e da cumplicidade favorecida pela troca, mesmo na ausência física. Essa troca é insubstituível e acompanha e influencia quem a vive. Ava foi a responsável pela entrega dos manuscritos de Child à editora que publicou o trabalho dela pela primeira vez.
O que o filme “Julie & Julia” demonstra é que, apesar de não controlarmos a vida, temos todas as condições de construir uma jornada com propósito e, para isso, o passo número um é ter a coragem de olhar para dentro, perceber o que faz os nossos olhos brilhar e agir.
Julia acompanhava o marido, funcionário do governo norte-americano, em missões ao redor do mundo. Se aventurou em diversas atividades como forma de preencher o tempo, mas sempre se sentia entediada, até que, em Paris, percebeu a dificuldade de aprender a culinária francesa porque todos os livros eram escritos em francês.
Por causa disso, ela ingressa em um curso profissional para aprender e ensinar os pratos franceses às mulheres norte-americanas. No caminho, o encontro com pessoas que tanto tentaram ganhar dinheiro às custas dela, como a desestimularam por, na verdade, serem incapazes de fazer aquilo que ela estava se propondo, foi constante, assim como a presença daquelas que acreditaram nela. Sobretudo, Julia se manteve ligada à motivação que sentia para escrever um livro de receitas: tornar a vida das pessoas mais saborosa, com comida de verdade e fácil de fazer.
“Mastering the Art of French Cooking” foi publicado pela primeira vez em 1961, pela Knopf Publishing Group, e segue na lista de livros mais vendidos.
Inspirada por Julia, Julie aprendeu a cozinhar e se tornou a escritora que sonhava ser. Por isso, ao pensar em desistir, seja lá do que for, lembre-se o porquê de ter começado a fazer o que faz e que, além disso, sempre tem alguém se inspirando em você.
Apenas assista. ♡
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