Na fila para tomar vacina na unidade básica de saúde do bairro, um senhor afirmou que os serviços ali oferecidos eram um exemplo de que quando o poder público quer as coisas funcionam bem e, para ele, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um exemplo disso, mas que tinha dúvida se era decisão governamental, gestão da unidade ou as duas coisas. Respondi entender serem as duas coisas porque as pessoas têm que acreditar e querer contribuir para que o projeto – qualquer um – dê certo. Na tréplica, o interlocutor defendeu que tudo termina no salário para motivar as pessoas. A isso respondi que não, afirmando, categoricamente, que dinheiro não é e nem nunca foi motivador. Ele: e o que é? Eu: propósito.
Contei a ele que em outra oportunidade estive na mesma unidade para fazer teste de Covid-19 (negativo, graças a Deus!) e a equipe de enfermagem instalada sob uma tenda montada no pátio seguia atendendo as pessoas que estavam na fila, apesar da diretora tê-los chamado para almoçar, pelo menos três vezes, por já ter passado das 15h. Um dos integrantes da equipe continuava atendendo e dizendo “vamos já!” enquanto, repetidamente, abria a tampa da lixeira com um dos pés porque o pedal estava quebrado. E, apesar disso tudo, o atendimento aos usuários seguiu acolhedor, atencioso e simpático, mesmo que nem sempre a recíproca tenha sido verdadeira.
Depois de fazer esse relato, voltei para o meu interlocutor com a seguinte questão, que também cabe para você, prezado leitor: você acha que esse funcionário ganha bem e/ou que ele faz isso por dinheiro?
Não. Não é dinheiro o que movia o funcionário público, nem é o o fator motivador para nenhum de nós, apesar da relevância que tem em nossas vidas. As teorias que embasam o comportamento organizacional e a gestão de pessoas já demonstraram isso explicando que o engajamento das pessoas e o consequente alcance de consistência no trabalho realizado só acontece se elas entenderem a razão de fazer o que fazem e virem significado nisso. Do contrário, você pode até obter resultado positivo por alguns dias, mas não conseguirá sistematizar processos que o levarão ao êxito previamente desejado e visualizado. Não vai.
E, nesse caminho, a liderança é que dá o tom para os bons resultados e os não tão bons assim, porque é pelo exemplo que as pessoas são conquistadas e é isso o que faz com que se comprometam. O resto é um conjunto de palavras jogadas ao vento, tempo e dinheiro perdidos.
Como bem disse Aristóteles, “a excelência é um hábito” e sobre essa máxima James Hunter ressalta, no livro “De volta ao mosteiro”, “podem ter certeza disto: são nossos atos cotidianos que deixam transparecer para todos aqueles que lideramos aquilo em que acreditamos de verdade. (…). A excelência é motivadora por si só.” Por outro lado, observa Hunter, a mediocridade destrói o moral de qualquer um.
“Somos criaturas do hábito, de modo que nossas escolhas acabam se tornando nossos hábitos. Nossas escolhas nos tornam quem somos.” James Hunter
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