Na antessala vazia, uma mesa repleta de livros capazes de preencher os mais diversos espaços, físicos ou da alma. O olhos passam sobre os volumes que incluem, entre outros, “Star Wars – Manual do Império”;“O livro da Literatura” e “A parte que falta”; mas é o “O paraíso são os outros”, de Valter Hugo Mãe, que captura a atenção.
Talvez por ser este um dos títulos em e-book que integram a biblioteca digital constantemente na bolsa, onde os livros têm sempre espaço. Afina, nunca se sabe quando aparecerá a oportunidade / necessite de ler alguns parágrafos.
O livro, fisicamente menor do que percepção afetada pelo ambiente digital foi capaz de perceber porque, não, o mundo virtual não reproduz a realidade com a propagada fidedignidade por justamente por não permitir o contato humano que, por natureza, é insubstituível.
Sentir a textura da capa, analisar as cores e os relevos das gravuras distribuídas por todo o texto é o que dá significado à experiência. E, na primeira página, as palavras do autor destacam que “O amor constrói. Gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares. Mas amar é um trabalho bom…” Sim, o amor contrói, sobretudo, pontes.
O encontro das mãos com os livros, apesar de ter durado poucos minutos, despertou uma enxurrada de pensamentos e sentimentos que não tinha como ser sufocada pelo chamamento ao compromisso que possibilitara aquela conexão.
Ao final daquele dia, Valter Hugo Mãe foi resgatado, dessa vez, do mar de livros digitais, o que levou a um mergulho na profundidade de “O paraíso são os outros”, porque as métricas que guiam a sociedade não são capazes de mensurar o significado daquilo que nos toca.
Pequeno em tamanho e gigante na sensibilidade, o livro, narrado por uma menina que busca compreender o significado das relações humanas, é, de acordo com nota do próprio autor, uma reflexão surgida a partir de uma frase de Jean-Paul Sartre que diz: “O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam e não exatamente em ti.”
Essa intertextualidade, que nada mais é do que a relação que estabelecemos entre textos e autores, é representativa da vida que resulta do emaranhado de conexões que a todo momento tentamos compreender, rotular e, até mesmo, negar, quando na verdade, a única coisa necessária é se permitir sentir, porque, além de transformadora, a experiencia vivida não se desfaz.
“Estou cada vez mais certa de que o paraíso são os outros. Vi num livro para adultos. Li só isso: o paraíso são os outros. A nossa felicidade depende de alguém. Eu compreendo bem.”
Permita-se!
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