A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) calculou o prejuízo com o possível adiamento na construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na área conhecida nos últimos como a “Lagoa Azul”, em Parnamirim. Um período de seis meses de atraso pode gerar um custo a mais de R$ 26 milhões aos cofres públicos. Com o surgimento da água azul-turquesa durante as escavações para a obra de saneamento, a Prefeitura de Parnamirim quer transformar o espaço em um ponto turístico do município.
De acordo com o diretor-presidente da Companhia, Roberto Linhares, a obra da estação foi avaliada em R$ 196 milhões, sendo R$ 120 milhões do Orçamento Geral da União, R$ 55 milhões do Fundo de Garantia, que é empréstimo do Município, e R$ 21 milhões da Caern. A cada mês de atraso, acrescenta-se R$ 2 milhões de reajuste, que não são garantidos por nenhuma das fontes.
Segundo Linhares, quilômetros de rede já foram concluídos e teriam que ser reinstalados em nova posição, aumentando o prejuízo. “Além do fato de não continuar a obra ali, e precisar levar a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) para outro local, você vai ter que instalar as redes, que são quilômetros de rede ali na bacia 14 nesse novo local, e aí vai ter um custo mínimo de, pelo menos, R$ 14 milhões, sendo assim, você vai ter aí por baixo um custo de R$ 20 a 26 milhões por seis meses de atraso naquela obra”, explicou Linhares.
A água que aflorou no bairro Nova Esperança, em Parnamirim, durante escavações de uma obra da Estação Elevatória de Esgotos, no dia 25 de janeiro, é de boa qualidade, sem qualquer traço de contaminação. A conclusão é do estudo feito no Laboratório Central da Caern, que apontou que a qualidade da água é semelhante à água proveniente dos poços tubulares localizados naquela área, responsáveis por parte do abastecimento da população da cidade. O Instituto de Gestão das Águas (Igarn) também analisou a água e chegou ao mesmo resultado.
O afloramento foi a uma profundidade de dez metros, decorrente do manancial de um aquífero suspenso no local. A cor azul, do local que ficou popularmente conhecido como “buraco azul”, é, segundo a Companhia, um fenômeno físico conhecido, sendo apenas o reflexo da luz branca do sol, já que a água é transparente. A profundidade e a cor clara do fundo da lagoa também favorecem o aspecto azulado da água. A Caern informou ao NOVO Notícias que esse tipo de afloramento é corriqueiro nesse tipo de obra, mas que não afeta ou contamina o aquífero da região.
“Esse tipo de ocorrência é comum porque o lençol freático está presente em várias áreas de Natal e Parnamirim. Antes da construção da estação elevatória, tinha sido executada a obra de implantação de redes de esgotamento sanitário sem que houvesse afloramento. Importante ressaltar que a localização do lençol, muito abaixo ou muito acima, é variável e decorre de fenômenos da natureza em razão da oscilação do clima. Sendo ocorrência relativamente comum na execução de obras de saneamento, é possível utilizar tecnologias que rebaixam o aquífero, a fim de permitir a continuidade da obra”, informou a Companhia.
Na última quinta-feira (2), o prefeito de Parnamirim, Rosano Taveira, anunciou que pretende tornar a “lagoa azul” em um ponto turístico da cidade. A declaração foi dada na leitura anual na Câmara Municipal e confirmada em vídeo gravado com o vereador Éder Queiroz. “Já determinei que o meu secretário de Obras se junte com uma equipe nossa de Planejamento para planejar uma coisa para ali. A ideia é que ali seja um ponto turístico de Parnamirim. Com certeza, a população merece”, disse o prefeito.
A reportagem do NOVO conversou com Josuá Neto, Secretário Municipal de Obras Públicas e Saneamento de Parnamirim, e ele confirmou o interesse do executivo municipal em transformar o espaço em atrações turísticas, mas que ainda serão realizadas várias discussões para avaliar a efetividade do projeto para região.
“A proposta da Prefeitura é fazer do local uma atração turística, um empreendimento que atraia o pessoal, com opções como: um parque, um caminhódromo, ou um mirante para contemplação daquilo. Mas tudo vai depender dos estudos que estamos fazendo sobre o local. Então, queremos ver o tamanho daquele aquífero, qual a potabilidade daquela água, para poder definir o projeto que a gente precisa”, falou Josuá.
Um grupo com técnicos dos municípios, profissionais da Caern, Idema e especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) devem se reunir nos próximos dias para análises sobre a obra.
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