Val e Gabi Barrozo recusaram oportunidades de atuar no Sul e Sudeste para seguir no União – Foto: Marília Gabriela
Diante de um cenário de crescimento do futebol feminino, muitas atletas sonham em poder jogar em grandes centros, seja aqui no Brasil, seja fora do país. E quando estas atletas defendem uma equipe que, por erros de terceiros, acabou sendo excluída de uma competição nacional, a tendência é que muitas jogadoras do elenco sejam negociadas para seguir sua carreira. O roteiro comum seria dessa maneira. Mas para as meio-campistas Gabi Barrozo e Val, um novo percurso em suas carreiras foi tomado. As jogadoras da Sociedade Esportiva União disseram não às propostas que receberam.
Catarinense de nascimento e com passagens por Grêmio, Internacional, Iranduba-MA, Bahia, Social-MG e Real Ariquemes, a meia Gabriele Barrozo chegou à equipe potiguar para o Campeonato Estadual de 2022 e ficaria para a disputa do Brasileirão A3. Porém, com a não disputa do representante do Rio Grande do Norte na competição nacional, a jogadora disse que recebeu cinco propostas, dentre elas o Athlético (Paraná). E, ainda assim, preferiu ficar na equipe potiguar.
“A maneira como o projeto é desenvolvido aqui fez com que eu continuasse no time. O União me deu uma estabilidade, me adaptei a cidade, e o mais importante é que eu me sinto respeitada. Além de tudo, você se sentir a paz com você mesmo é o que mais interessa”.
Gabi Barrozo já vestiu as camisas do Internacional-RS e do Grêmio-RS, e recusou o Athletico-PR para seguir no União – Foto: Marilia Gabriela
Claro que o fator de não estar jogando interfere na carreira da atleta. No entanto, para a meia, há coisas mais importantes como a honra do atleta com o clube. Ela confia que algo de bom está reservado. “Existem coisas mais importantes que a minutagem. Eu sei que, logo mais, algo bom irá acontecer para todos nós”.
O projeto do União para essa temporada era ambicioso, e foi ele que chamou a atenção da meia alagoana Valquíria Alves, conhecida como Val. Antes de desembarcar no futebol potiguar, ela jogou no Vitória-BA, no rival Bahia, e, no ano passado, conseguiu o acesso à Série A2 com 3B de Manaus, sendo vice-campeã brasileira. A atuação no time amazonense chamou a atenção e o Vasco da Gama (Rio de Janeiro) já estava com um acordo pronto para que a atleta fosse para São Januário, mas ao saber do interesse do time potiguar e conhecer um pouco do projeto, Val mudou de ideia desembarcou no Rio Grande do Norte com o intuito de disputar a Série A3 do Campeonato Brasileiro.
A decisão de topar participar do projeto do União, mesmo sem conhecer, foi tomada após uma conversa com a técnica Walessa Silva. “Quando ela falou que o principal objetivo era subir para a Série B, eu já pensei: ‘estou junto’. Porque eu estou acostumada a ir para alguns lugares que não têm metas. É como se fizesse por fazer. O projeto é muito sério. Ela – Walessa – faz tudo pela modalidade, coisas que nunca vi ninguém fazer. Gente que tem condições financeiras, que tem estrutura, mas não fazem o que ela faz aqui”, diz Valquíria Alves, explicando os motivos que fizeram ela trocar a ida para o Vasco e vir para o União.
A alagoana Val já se destacou com as camisas de Bahia e Vitória, e agora desfila talento pelo União – Foto: Marilia Gabriela
Esse mesmo projeto que a fez vir para o Rio Grande do Norte, foi o responsável por fazê-la permanecer por aqui mesmo após a equipe ser excluída do Campeonato Brasileiro após um erro da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) na organização do Campeonato Potiguar. Depois de confirmada a não participação do União no Brasileiro, o mesmo Vasco voltou a fazer proposta para que Val fosse disputar a competição com a camisa cruzmaltina, mas ela recusou e segue sonhando e trabalhando por dias melhores no futebol do Rio Grande do Norte.
“Quando foi divulgado aqui nossa equipe não estava na competição – Campeonato Brasileiro –, logo as equipes que que tinham me procurado, o Vila Nova e o Vasco, já entraram em contato comigo de novo. Mas, como eu já falei, o projeto daqui me encantou. Não tenho peito para largar uma coisa que é muito promissora e ir me aventurar. Se eu resolvi acreditar no projeto às cegas, sem nem conhecer, só pelo que eu ouvi, que eu não sabia nem se era, e eu estando aqui vendo, vivendo e sentindo, não pulei do barco e nem vou”, diz Val ao explicar que voltou a recusar uma ida ao Vasco e ao Vila Nova para fazer parte do projeto do União.
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