Um dos maiores trotes do ano foi o boato de que imigrantes estavam comendo bichos de estimação, de cães e gatos a gansos – a criatividade do menu não tinha limites
Publicado 5 de janeiro de 2025 às 18:00
O ano de 2024 foi marcado por muitos processos importantes em diferentes países, como as eleições presidenciais nos EUA. E em meio a esses acontecimentos, as fake news foram usadas intensamente para influenciar eleitores e pessoas a mudarem suas opiniões em favor de determinados interesses.
A DW Brasil separou uma lista das 10 maiores fake news que circularam ano passado e explica o porquê de serem enganos e mentiras. A lista serve inclusive para entender melhor como essas notícias falsas funcionam e para evitar que alguém seja pego novamente em alguns dessas mentiras.
A campanha eleitoral dos Estados Unidos foi marcada por artilharia verbal pesada, sem deixar de fora almofadas para incontinência e fraldões, pelo menos nas redes sociais. Boatos de que o candidato Donald Trump ou o presidente Joe Biden eram incontinentes se espalharam como fogo na floresta. A “prova” eram fotos e vídeos de ambos usando os artefatos correspondentes em situações públicas. Só que as imagens não são reais.
Por exemplo: uma de Trump supostamente sentado numa almofada para incontinência durante um talk show pode ser facilmente desbancada, assistindo-se ao vídeo original: pouco antes de o político sentar-se no sofá, não há nenhuma almofada, só o paletó dele pendendo para os lados.
Em 2023, uma empresa alemã de chocolates publicou no Instagram a foto de uma barra de chocolate com grilos inteiros dentro, uma suposta edição especial de “alta proteína” para atletas.
Pouco antes das eleições para o Parlamento Europeu de 2024, a imagem reapareceu, coincidindo com o grande volume de desinformação relacionado à aprovação pela União Europeia de alimentos à base de insetos.
Porém a Rittersport comunicou que na época a foto era apenas uma gag de publicidade, e que até hoje ela não produz nenhum chocolate “grilado”.
Um dos maiores trotes do ano foi o boato de que imigrantes estavam comendo bichos de estimação, de cães e gatos a gansos – a criatividade do menu não tinha limites. Tudo começou com uma postagem no Facebook, sendo amplificado por Trump em seu primeiro debate televisado com a candidata democrata Kamala Harris.
Entre outras observações anti-imigrantes naquela noite, o ex-presidente afirmou que o fenômeno estaria ocorrendo em Springfield, Ohio. Usuários “confirmaram” a alegação, especificando que imigrantes haitianos estariam sequestrando os animais das casas para devorá-los, e saqueando parques de vida selvagem. Tanto a polícia quanto autoridades de Ohio negaram o boato – o que não impediu as fake news de continuarem seu ciclo pelos canais de ultra e extrema direita.
Contas de redes sociais em idioma georgiano e russo divulgaram um vídeo em que o presidente francês, Emmanuel Macron, supostamente beijava um homem num barco. Embora o político tenha, de fato, feito uma excursão aquática no verão de 2024, de que foram partilhadas imagens online, o beijo é obra de inteligência artificial (IA). Como se nota, por exemplo, pelo movimento antinatural do braço do suposto parceiro do beijo.
Essa não foi a única notícia falsa envolvendo a sexualidade do mandatário francês: também circulou um vídeo em que ele estaria dançando numa boate gay, na década de 80. Porém Macron não consta nos vídeos originais: seu deep fake foi acrescentado a posteriori. Além disso, o político seria jovem demais na época para dançar numa casa noturna.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, tem sido igualmente alvo de difamação online. A narrativa é que sua família estaria comprando artefatos históricos caríssimos, tais como Highgrove House, a residência do rei Charles do Reino Unido; ou um carro esportivo de 1 milhão de dólares.
Mas em 2024 a desinformação alcançou um novo patamar: o chefe de Estado ucraniano teria também comprado a Mercedes do líder nazista Adolf Hitler por 15 milhões de dólares. Os posts se proliferaram logo depois de os EUA anunciarem um auxílio adicional de quase 8 bilhões de dólares à Ucrânia, em sua luta contra o invasor russo. Contudo, uma pesquisa na internet revela que o veículo foi fotografado numa exposição de automóveis clássicos em 2014.
Os Jogos Olímpicos de Paris foram também objeto de fraudes digitais. Alegou-se que o ator americano Tom Cruise teria estrelado um documentário da Netflix sobre o assunto. Mas o protagonista era um deepfake, assim como o próprio documentário, que a Netflix jamais produziu. Segundo especialistas em segurança da Microsoft, tratou-se de uma peça de desinformação de fabricação russa, forjada para desacreditar os Jogos e o Comitê Olímpico Internacional.
No assim chamado “super ano eleitoral”, além dos EUA e da União Europeia, também a Índia foi às urnas. Pouco antes do pleito, emergiu um vídeo em que o político Muthuvel Karunanidhi incitava os jovens a se envolverem. Só que o veterano chefe de governo do estado de Tamil Nadu, no sul indiano, está morto desde 2018. Sua “ressurreição” foi um mero truque de IA.
Durante o Campeonato Europeu de Futebol da UEFA de 2024, divulgaram-se dois vídeos em que torcedores romenos entoam palavras de ordem pró e contra Vladimir Putin. A história foi facilmente desmentida com uma comparação das gravações originais do dia.
Quando caiu o helicóptero levando o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e seu ministro do Exterior, Amir Abdollahian, usuários da plataforma X alegaram que a culpa era de um laser espacial. Embora a tecnologia laser esteja avançando rapidamente na indústria militar, especialistas asseguram que ainda não existe uma arma capaz de derrubar um helicóptero a partir do espaço.
Na meteorologia, ninguém (ainda) manda – pelo menos não diretamente. Por ocasião da passagem do furacão Helene pelos EUA, certos internautas estavam convencidos de que ele fora manipulado e conduzido numa certa direção. Contudo, além da total falta de provas de tal façanha, ainda não existe a tecnologia capaz de manipular um furacão.
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