Escassez. Perda. Aumento. Inversão de valores. Falta de fé. De humanidade. Ausência. Diminuição. Do outro. De si. Nunca estivemos tão perdidos. Aflitos. Buscamos por algo, que muitas vezes, nem sabemos o que é. Aprovação social. Ganhar dinheiro, ser e ter o melhor. Ninguém fala em felicidade. As aparências contam mais. Enganam mais. Assim como as cobranças.
As relações (nunca) estiveram tão líquidas, como diria Bauman. Adoecidos, seguimos. Ano eleitoral. Outubro tenso. Rancor. Desafetos. Ódio. Desamor. Ver e apontar é mais fácil que zelar. Compartilhar. Acolher. Ser empático. Melhor brigar e questionar? Que tal escuta ativa? Conversar? O meu ponto de vista é diferente do seu e está tudo bem. A dificuldade ensina, assim como a divergência.
Na incoerência partimos. O outro e a nós. O que restou, afinal? Violência. Egoísmo. Padecemos, mas o “paraíso” não é aqui ou ali. Sobrevive no imaginário ilusório de cada um. Amar é verbo transitivo. Precisa de complemento. Somos seres coletivos. Vivemos em sociedade. Por que não pensamos nela? Somos ela.
Tempos líquidos e difíceis. Guerra. Inflação. Doenças. Pós-pandemia. Catástrofes naturais. Dois mil e vinte e três vem surgindo na esquina e levaremos as mesmas pautas para comentar. E se quisermos mais? Pudermos mais?
Mesmos temas. Novos olhares. A mudança inicia em si. Percepção. O que quero para o mundo? Busco na poesia a cura de mim mesma. Da coletividade. Adélia Prado ensina em um dos seus poemas, ‘a poesia, a salvação e a vida’. E continua sendo atual. “Eu não sei o que é, mas sei que existe um grão de salvação escondido nas coisas deste mundo”.
Vou sugerir a saída. Beira o ‘a’ e termina com ‘mor’. Junte os dois e você tem um caminho. Ressoou por aí? Há dias que estou com uma música na cabeça. Ela serviu de título para esse texto. Priscilla Alcântara e Emicida. Versos singelos e lúcidos: “isso me faz pensar, se quem diz conhecer o amor realmente aprendeu a amar? Se o amor é um verbo que faz agir e não só faz falar”. Ame, leitor. As mudanças começam em nós.
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