Economia

Após quase dois anos de paralisação, setor de eventos prevê aceleração em 2022

Empresas potiguares chegaram a zerar faturamento e demitir maioria dos funcionários durante período de isolamento

por: NOVO Notícias

Publicado 14 de fevereiro de 2022 às 16:14

Eventos

Setor de eventos tem realizado ações de arrecadação de alimento e doações – Foto: Luana Tayze

No começo de 2020, início do período pandêmico e, consequentemente, do isolamento social, um dos primeiros setores a sofrer impactos no Brasil foi o de entretenimento.

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em abril do mesmo ano aponta que 98% do setor, responsável por 4,32% do PIB brasileiro, foi afetado. Fazendo uma comparação entre abril de 2019 e abril de 2020, as empresas apontaram uma redução de 76% a 100% do faturamento.

“Em 2020, cerca de 350 mil eventos foram cancelados e o ramo deixou de faturar, ao menos, R$ 90 bilhões”, informou o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, referindo-se a eventos como shows, festas, congressos, rodeios, teatro, eventos esportivos e sociais.

De acordo com a Abrape, esta área permite movimentação anual de R$ 270 bilhões nas mais de 590 mil atividades que promove a cada ano no país.

Em 2021, mais de 530 mil eventos deixaram de ser realizados. Consequentemente o setor deixou de faturar pelo menos R$ 140 bilhões e demitiu cerca de 450 mil pessoas.

No Rio Grande do Norte, o setor de eventos chegou a zerar o faturamento durante o período de restrições. O empreendedor potiguar Fred Queiroz contou que teve que demitir quase todos os seus funcionários.

“Nós passamos um ano e sete meses com as empresas fechadas, demitimos 90% dos nossos funcionários e o faturamento foi a zero. Tivemos toda a paciência e compreensão do mundo. Quando todos os setores estavam funcionando, nós estávamos parados”, disse.

Com o avanço da vacinação, eventos sociais como shows e festas com até 150 pessoas foram liberados a partir do segundo semestre de 2021 pelo Governo do RN. A retomada gradual das atividades, ainda que com algumas restrições sanitárias e de público, já faz com que os empresários comecem a enxergar sinais de aceleração em 2022.

“Só voltamos a trabalhar em setembro. Nosso setor foi o primeiro a cobrar o passaporte vacinal por decreto, sem discussão ou questionamentos, porque precisávamos voltar a trabalhar”, contou Fred Queiroz.

A perspectiva da Abrape é que 100% da programação de eventos volte em 2022, o que representa mais de 590 mil programações no ano. Com isso, a roda da economia vai voltar a girar e a movimentar toda a cadeia de transporte aéreo e de hotelaria, restaurantes, centros de convenções, entre outros.

“Agora a expectativa é que a gente possa retomar nosso trabalho para que recupere o que perdemos nesses quase dois anos parados”, disse Fred Queiroz.

Doações

Enquanto o setor de eventos foi um dos mais prejudicados com as restrições da pandemia, tem sido também uma das que mais realizaram ações solidárias, com a realização de campanhas para a arrecadação de alimentos e doações em instituições. De acordo com o empresário potiguar, cada evento realizado por ele desde setembro conta com ingressos solidários, onde a pessoa compra uma entrada com preço de meia e doa 1 kg de alimento não perecível. Somente no verão da praia de Pirangi, no litoral Sul do RN, mais de 10 toneladas de alimentos foram arrecadadas. Além disso, para cada evento realizado, cerca de mil postos de trabalho foram gerados.

O setor foi um dos mais ativos, desde o isolamento, na questão social. “O setor de eventos foi e continua sendo o que mais ajudou nessa pandemia. Milhares de toneladas de alimentos foram arrecadados desde as lives. Desde a volta dos eventos presenciais, nossa empresa já distribuiu mais de 30 toneladas de alimentos para instituições do estado através do Armazém da Caridade. Vidas se salvam primeiramente com emprego, comida e dignidade”, relatou Fred.

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