Internada desde o dia 18 de novembro, Ana Luísa dos Santos Oliveira foi mais uma das vítimas do novo coronavírus. A menina de 8 anos ficou no hospital por quase um mês até o seu falecimento no dia 12 de dezembro. Sua mãe, Valkíria Alice dos Santos, de 39 anos, revelou em entrevista ao g1, que todos eram muito cuidadosos em sua casa em relação a doença e pondera que tudo teria sido evitado se as crianças pudessem tomar a vacina.
As duas moravam no Distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, litoral de São Paulo. Valkíria afirmou que a filha não tinha qualquer diagnóstico de comorbidade. “A única coisa que ela tinha era rinite alérgica. Ela era gordinha, mas era uma criança saudável, não tinha diabetes, não tinha colesterol, brincava normal, estava indo à escola”, disse.
Ana Luísa teria se contaminado na escola, segundo a mãe. “Aqui em casa não foi. Creio que foi no colégio, após liberarem o retorno de 100% [da capacidade]. Às vezes, as crianças não têm sintomas”, desabafou. Ela disse ainda que nem queria que a filha retornasse às aulas, mas que Ana Luísa queria muito ir por estar há tanto tempo em casa. Segundo ela, a filha era a mais cuidadosa da casa por ter medo de se contaminar.
Elas não desconfiaram da doença porque Ana Luísa não teve sintomas de resfriado. Elas foram ao médico porque ela estava com a boca inchada, em razão de um dente mole. Os exames preliminares apontavam que os outros sintomas que a menina tinha — febre e não queria comer — seriam por causa de dengue. A família tratou dos sintomas do que achavam que era dengue mas, após a filha apresentar uma tosse estranha, Valkíria a levou ao médico outra vez, quando se levantou a hipótese de covid-19.
Valkíria acompanhou a filha durante todo o mês de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas a menina morreu no dia 12 de dezembro. “Eu creio que, se ela tivesse tomado [a vacina], poderia ter pego, mas não desse jeito. Seria fraco, e não tão agressivo do jeito que foi. Tem que liberar essas vacinas para as crianças”, pede a mãe.
“Continuem usando máscara, usem álcool em gel, a Covid-19 não acabou. Aqui em casa, a gente falava que, graças a Deus, ninguém pegou nesses anos todos, mas de repente veio esse baque. Não é que a gente desleixou não, mas aconteceu essa fatalidade com ela”, comentou.
Desde o começo da pandemia, em março de 2020, segundo a Prefeitura de Guarujá, o município registrou mais dois óbitos de crianças menores de 12 anos, além do de Ana Luísa.
Vacinação para crianças
No dia 16 de dezembro, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Vale lembrar que esta é a única vacina autorizada para a faixa etária. O imunizante já estava sendo usado em adolescentes a partir de 12 anos.
No entanto, após a decisão, o Ministério da Saúde afirmou, no último sábado (18), que só deve dar uma resposta definitiva sobre a vacinação de crianças em 5 de janeiro. Segundo o chefe da pasta, ministro Marcelo Queiroga, em uma conversa com jornalistas, a decisão da Anvisa requer uma “análise mais aprofundada”.
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