Cotidiano

Alerta! Porque a K9, a “droga zumbi”, é um perigo para a saúde pública

A Polícia Civil apreendeu neste mês de maio, em Mossoró, uma encomenda com 190 pinos identificada como a droga k9. o Episódio foi considerado a primeira apreensão no Rio Grande do Norte

por: NOVO Notícias

Publicado 29 de maio de 2023 às 15:30

Alerta! Porque a K9, a “droga zumbi”, é um perigo para a saúde pública

Alerta! Porque a K9, a “droga zumbi”, é um perigo para a saúde pública – Foto: O Câmera/Cedida

Um droga 100 vezes mais potente que a maconha, mais barata, que vicia mais rápido e pode ser comercializada de diferentes formas (cigarro, spray, pó, cristal, goma de mascar e essência de vape, entre outros).

Essa é a K9, a chamada “droga zumbi”, cujos efeitos podem causar ideias suicidas; paranoia, delírios, pânico e agressividade, além da possibilidade de levar o usuário à morte.

Semana passada, a Polícia Civil fez uma apreensão que é considerada a primeira de K9 no RN. Nesta segunda-feira (29), após testes, o Instituto Técnico e Científico de Polícia Civil (Itep-RN) confirmou que a substância é realmente a “droga zumbi”.

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A K9, também conhecida como “K2”, “K4”, “selva”, “cloud 9”, “spice” ou “supermaconha” é um canabinóide sintético que age na mesma área do cérebro que a maconha, mas é classificada como outro subtipo de droga.

Seu surgimento teria ocorrido na década de 1990, na Carolina do Sul, quando o químico norte-americano John W. Huffmann, começou a sintetizar canabinóides, na busca de medicamentos para o alívio do sofrimento de pacientes de AIDS e câncer.

No Brasil, sua chegada se deu primeiro nos presídios de São Paulo e depois se espalhou pelas ruas da capital. No último ano, a droga, por conta de seus efeitos e da rapidez com que vivia e se espalha, tornou-se preocupação das autoridades.
Em abril deste ano, a Secretaria de Saúde Pública de São Paulo emitiu uma nota técnica sobre a droga. No texto, os especialistas fazem um alerta e chamam a atenção principalmente para o risco junto “à população infantojuvenil”.

Há muitos relatos de usuários que afirmam ter se viciado na substância com apenas um trago. No RN, o psiquiatra Gustavo Xavier, que é especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Fundação Oswaldo Cruz (RJ), explica que “os efeitos da K9 podem ser duradouros e causar uma dependência química tão grave quanto o crack”.

“O usuário vai criar resistência e precisar, cada vez mais, de drogas com maior volume. Na síndrome de abstinência, que é quando você precisa da droga e não usa, surgem sintomas como irritabilidade, agressividade e tremores”, acrescenta.

Diferente da maconha, a K9 pode gerar overdose e matar

O psiquiatra Gustavo Xavier, que também é coordenador da Câmara Técnica sobre uso Medicinal da Cannabis no Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern), explica que a K9 é muito mais perigosa que a cannabis sativa.

“A maconha tem, em sua estrutura, diversas substâncias, sendo a principal o THC. Ela também pode causar dependência química, mas as drogas sintéticas são mais perigosas do que a própria planta, pois causam um quadro muito mais grave do que o uso da maconha”, esclareceu.

Segundo ele, o uso da K9 também pode causar lesões no coração e nos rins. “É uma droga que pode levar até a morte por complicações cardíacas”, afirma.

A pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre Drogas, Sociedade e Cultura da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Adriana Tucci, também aponta essa possibilidade.

“Nos casos fatais, a grande maioria está associada ao sistema cardiorrespiratório, gerando enfarte do miocárdio, uma parada cardíaca, e taquicardia ou depressão no sistema respiratório, com falta de ar”, explicou.

Segundo ela, para quem tem algum transtorno mental, a droga é ainda mais perigosa. “Para quem já tem algum histórico de transtorno mental, isso pode agravar ainda mais como gatilho para um novo surto”, afirma.

Na nota da Secretaria de Saúde paulista, os técnicos também chamam a atenção para o risco de overdose.”No caso da maconha sintética o risco mais importante é o de overdose”, alertam.

E acrescentam: “Se a chance de evolução de um quadro desse tipo devido ao consumo da cannabis natural é praticamente nula, na forma sintética da substância há ocorrência de náuseas, vômitos, hipertensão arterial, convulsões, arritmia cardíaca, acidentes vasculares, insuficiência renal, contrações involuntárias dos músculos, dores difusas e perda de consciência”.

Tráfico movimenta milhões

Em 2022, a venda de K9 já movimentava R$ 1 milhão por mês no Brasil. Em novembro de 2022, o Ministério Público de São Paulo estimava que organizações criminosas já arrecadavam mais de R$ 1 milhão por mês com o tráfico e comércio dessa droga. As apreensões saltaram mais de 2.000% entre 2018 e o ano passado.

O termo “droga zumbi” associado ao nome da K9 surgiu após episódios de intoxicação que ganharam o mundo por meio de vídeos jogados nas redes sociais. Um deles aconteceu em 2016, em New Haven, ao lado da Universidade de Yale, após uma overdose coletiva que gerou mais de 70 ocorrências.

Algo semelhante ocorreu em Nova York, quando usuários, por conta dos efeitos da droga, ficaram parecendo “zumbis”, vagando sem rumo e não respondendo a estímulos. Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome “spice” (ou “tempero”, em inglês).

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