O mês de outubro é dedicado à conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, casos da doença aumentaram 29,7% durante a pandemia, afetando mais de 66 mil mulheres no Brasil. O dado é do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ao receberem o diagnóstico da doença, as mulheres passam a lidar com questões de saúde e natureza física, estética e corporal, como a possibilidade de perda das mamas e a queda dos cabelos, comprometendo a saúde mental e a autoestima.
Segundo Ana Amélia Melo, psicóloga clínica e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Norte (CRP-RN), o câncer de mama afeta profundamente o símbolo da feminilidade da mulher, considerando que a mama tem grande apelo emocional e social à estética feminina e à sexualidade. É preciso respeitar o tempo e a forma como cada mulher irá lidar com o fenômeno, pois os processos do câncer alteram radicalmente suas vidas.
“Estando imunossuprimidas, as mulheres travam grande luta pela recuperação da saúde física e mental e, ao mesmo tempo, lidam com uma grande mudança estética e corporal causando sentimentos como angústia, tristeza, raiva, medo e resiliência, até conseguirem acolher essas transformações e lidarem com o turbilhão de emoções provocadas pelo tratamento quimioterápico”, comenta a psicóloga.
Os impactos à saúde mental dessas mulheres também surgem quanto às incertezas sobre a imprevisibilidade da vida. No Brasil, o câncer de mama representa 16% dos óbitos, sendo a principal causa de morte entre os tipos de câncer. “O medo imediato da morte surge como um lugar nunca pensado, pela dinâmica da vida, das rotinas familiares e de trabalho”, afirma a profissional.
De acordo com Ana Amélia Melo, o cuidado humanizado através da Psicoterapia é fundamental para as vítimas da doença. E deve acontecer desde o recebimento do diagnóstico, continuar durante os tratamentos invasivos como a quimioterapia e/ou as intervenções cirúrgicas, e após a finalização do tratamento oncológico.
“As mulheres devem permanecer com acompanhamento psicológico por um tempo maior, dada a alternância de sentimentos entre o medo, as perdas e restauração da saúde e bem-estar, do reencontro com novos caminhos e a abertura a novas possibilidades existenciais. Buscando o cuidado e o acolhimento integral desse ser humano, fortalecendo a autoestima, o autocuidado de alguém que teve o corpo completamente invadido e impactado”, diz.
A profissional alerta que os familiares também necessitam de acompanhamento psicoterapêutico visto que o diagnóstico afeta o âmbito familiar. “Há medos, ansiedades e incertezas que essa família também experimenta, sendo fundamental o apoio psicológico e um cuidado afetivo com esses sujeitos”.
A conselheira do CRP-RN ressalta, ainda, que a união familiar pode ajudar no tratamento. “Não podemos esperar padrões de comportamentos familiares, mas, em geral, quando a família é capaz de apoiar, acompanhar e acolher essas mulheres nessa jornada tão imprevisível, sua caminhada no tratamento se torna um pouco mais leve e bem mais protegida”.
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