Rose Conceição com o cinturão dos pesos-palhas do LFA
O nome é Rose e o sobrenome é Conceição. A nova rainha do Legacy Fighting Alliance (LFA), competição que mais revela talento para os maiores palcos do MMA mundial, como o UFC, tem 26 anos e o orgulho de defender o Rio Grande do Norte. No último dia 7, a atleta conquistou o cinturão dos pesos-palhas ao superar a carioca Elaine Lopes por decisão unânime, após cinco rounds, na luta principal da edição 162 do evento, realizado em Cajamar/SP. Além do título de campeã mundial dos pesos-palhas, Rose Conceição também manteve a invencibilidade. Em sete lutas, sete vitórias.
Nascida em Guarulhos/SP, Rose Conceição veio morar com a família em solo potiguar, no distrito de Matas, no município de Ceará-Mirim, aos 2 anos de idade. A menina de sorriso farto e fala doce, que cresceu no interior do Rio Grande do Norte, viu no esporte a possibilidade de mudar de vida e começou a se dedicar logo cedo ao wrestling, também conhecido como luta olímpica, modalidade da qual foi campeã brasileira por 10 vezes. Há três anos, Rose decidiu buscar novos desafios e migrou para o MMA profissional. “A rotina de treino é a melhor parte. Treino quatro vezes ao dia e só não faço mais porque meus técnicos não deixam”, diz a lutadora sorrindo.
Em apenas nesses três anos de MMA, Rose vem alcançando resultados expressivos. Conquistou o cinturão do Gêmeos Fight Natal e também o do Pentagon Combat para, então, chegar à expressiva vitória no octógono do LFA. O convite ao UFC ainda não chegou, mas pode estar próximo. “Esta foi minha segunda luta no LFA. Me sinto feliz por ser meu primeiro título internacional, mas estou mais feliz ainda em poder dar isso às pessoas quem me ajudam e treinam comigo. Estou satisfeita, mas com sede de muito mais. Estamos aguardando os próximos desafios e já nos preparando para eles”, pontua Rose.
Rose durante luta principal do LFA 162
Mesmo com a rotina intensa de treinos, Rose arruma tempo para se dedicar à família. A mãe, Joelma da Conceição, é presença – e torcida – garantida nas lutas. E a sobrinha, Rayssa, é o xodó da tia coruja. Após a luta, a nova campeã foi à Ceará Mirim para visitar a escola em que a sobrinha estuda e levou o cinturão. “Ela sempre fala em mim na escola, diz que sou lutadora e os coleguinhas não acreditam. Então, dessa vez, fui lá e levei o cinturão. Foi muito emocionante”, conta Rose. O vídeo do encontro foi publicado em suas redes sociais e o olhar da pequena Rayssa mostra nitidamente o orgulho da tia campeã. “Ela vê na tia um mundo diferente do qual ela convive. Ela é diferente como eu era quando criança, mas ninguém me dizia que isso era algo bom. Eu parecia esquisita, pela educação, pensamentos, comportamentos. Hoje busco ser para ela o que eu não tive. Eu sempre quis fazer algo que servisse para o próximo. E me apaixonei não pela luta em si, mas por tudo que aprendi por causa dela”, completa.
Atualmente, Rose mora em Natal, onde treina. Mas o município de Ceará-Mirim reconhece a garra e o exemplo de Rose para o seu povo. Além de uma homenagem na Câmara Municipal, Rose também foi agraciada no último sábado (15) com uma carreata pelas principais ruas da cidade. “Fiquei muito feliz com isso porque é incrível essa forma de demonstrarem que ficam felizes em me ver conquistar algo. É algo simples, honesto, verdadeiro e muito representativo”, opina a campeã.
O desafio de lutar sem enxergar
Quem vê Rose Conceição lutando, nem imagina que ela sobe ao octógono com a visão prejudicada. Isso porque ela tem ceratocone, uma doença ocular progressiva que causa o afinamento e deformação da córnea, resultando em uma visão distorcida e comprometida. A alteração progressiva do formato da córnea – ficando em formato de cone – provoca uma disfunção no grau, causando baixa ou perda de visão.
Rose conta que deveria ter usado óculos desde os dois anos, mas só veio utilizar aos sete. E nunca entendeu porque seu grau aumentava tanto. “Há uns cinco anos, fui fazer um exame e não conseguia enxergar bem com nenhum grau. Veio a suspeita do ceratocone, que acabou se confirmando. Eu já convivia com a miopia e, depois disso, entendi porque a qualidade da minha visão só piorava”, relembra a lutadora. No octógono, nem adianta usar lente de contato, segundo ela. “Já começo a luta sem enxergar porque nem coloco a lente, já que sei que vai cair por conta do formato da minha córnea”, explica.
Rose Conceição acompanhada do oftalmologista Anderson Martins
Por indicação de um amigo, Rose conheceu o oftalmologista Anderson Martins, especialista em córnea. E a partir daí, surgiu uma parceria com o Hospital de Olhos de Parnamirim (HOP), que lhe oferece o suporte necessário ao seu problema ocular. Segundo o médico, Rose tem ceratocone avançado e precisará fazer um implante de anel corneano para redução do grau. “Minha parceria com o HOP e com o Dr. Anderson é uma realização mais que pessoal. Ele entendeu minha história e me acolheu como atleta. Não consigo descrever o quanto isso vai mudar minha vida e meu desempenho na luta, ele vai trazer ainda mais cor para minha vida”, garante a lutadora.
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