Obra tem investimento de R$ 100 milhões e tem como objetivo alargar a faixa de areia para 50 a 100 metros, enfrentando o avanço do mar e a erosão que afetam o cartão postal de Natal
Publicado 19 de junho de 2023 às 15:30
O Morro do Careca, um dos principais cartões postais de Natal, enfrenta perigos iminentes relacionados ao processo de erosão. Especialistas expressam preocupação acerca da situação atual do morro e alertam para os riscos que isso representa. A preservação do local, segundo fontes ouvidas pelo NOVO Notícias, passa pela conclusão do processo de engorda da praia de Ponta Negra, que aguarda licenças ambientais para ser iniciada ainda este ano.
De acordo com José Petronilo, geógrafo da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb), o desprendimento de pedaços de rocha da falésia localizada na base do morro é o principal perigo iminente, representando uma ameaça direta para banhistas e comerciantes da região.
“Os principais riscos decorrem do desprendimento de pedaços de rocha da falésia localizada na base do morro, o que é uma ameaça direta aos transeuntes que estejam próximos ao local”, ressaltou Petronilo.
Além do risco imediato para a segurança das pessoas, há também uma preocupação crescente sobre a perda da identidade visual do Morro do Careca. O geógrafo destaca que, caso a erosão continue afetando a base do morro, ocorrerá uma gradual diminuição topográfica, resultando no predomínio da falésia na paisagem. Essa transformação comprometeria significativamente a beleza natural e a singularidade que o Morro do Careca representa para os moradores e visitantes da cidade.
Diante dessa situação alarmante, o geógrafo enfatiza a importância da implementação do projeto de engorda como medida preventiva. Embora o projeto não seja capaz de deter completamente o processo erosivo, ele tem o potencial de retardar momentaneamente o avanço da degradação e estabilizar a duna. Para isso, o apoio de especialistas é fundamental.
Venerando Amaro, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFRN, explica que o processo de engorda da praia pode contribuir para reduzir o impacto das ondas na base do Morro do Careca e retardar o desmoronamento das rochas. Segundo ele, essa seria uma solução de curto prazo para evitar a descaracterização do famoso morro.
“A engorda, desde que realizada de acordo com os preceitos da Engenharia Costeira, pode sim ajudar a reduzir o impacto de ondas na base do Morro do Careca, e com isso retardar o desmoronamento e tombamento de blocos das rochas da base do Morro do Careca, que já indicam importantes incisões basais”, disse Amaro. No entanto, ele ressalta que a redução das areias da duna que formam o morro é um fator preocupante que demanda uma solução mais complexa, não diretamente relacionada à proteção fornecida pela engorda.
O professor de Geografia e coordenador do Laboratório de Geoprocessamento e Geografia Física (Laggef) da UFRN, Marco Túlio, concorda com a importância do engordamento da praia como medida preventiva. Ele ressalta que essa é a única solução a curto prazo para preservar a característica única do Morro do Careca. No entanto, Túlio também ressalta a necessidade de um estudo de impacto ambiental apropriado e de um amplo debate com pesquisadores e a população local para garantir que as medidas adotadas sejam adequadas e sustentáveis a longo prazo.
Prefeitura aguarda licenças para iniciar obra
A Prefeitura do Natal, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se reuniram recentemente em Brasília para alinhar a responsabilidade do processo de engorda da praia de Ponta Negra.
Segundo o órgão federal, no momento, o processo de licenciamento da obra de engorda da praia de Ponta Negra encontra-se no Serviço de Delegação Ambiental Federal (Sedaf), onde será avaliada a adimplência do ente em outros processos de delegação.
O estudo ambiental encomendado pela Prefeitura foi entregue no ano passado e está passando pelas etapas burocráticas previstas na legislação federal. A análise do Idema ainda aguarda a autorização do Ibama, uma vez que a obra envolve a zona costeira e oceânica, de responsabilidade da União. Por isso, não é possível estabelecer uma previsão precisa para a emissão da licença ambiental que autorizará a licitação e a execução da engorda.
Werner Farkat, diretor técnico do Idema, ressalta a importância de um estudo completo e correto, pois qualquer informação equivocada ou incompleta pode resultar em danos ao meio ambiente e à sociedade.
“É importante que a população tenha consciência que o que está tramitando atualmente no Idema é um pedido de uma licença prévia. O que significa dizer que isso é a viabilidade ambiental para o empreendimento.
Então, este é o momento mais crucial do licenciamento, porque qualquer informação que venha de maneira equivocada ou incompleta, e que se o estudo for aprovado desta maneira, se houver danos ao meio ambiente ou a sociedade é consequência de alguma demanda do próprio estudo”, disse Werner Farkat, diretor técnico do Idema.
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