Economia

Fontes renováveis alavancam crescimento da matriz elétrica brasileira

Com novos investimentos em fontes renováveis, como eólica offshore e hidrogênio verde, País tem potencial para se tornar líder na exportação de energia limpa

por: NOVO Notícias

Publicado 28 de maio de 2023 às 08:09

RN é o maior produtor de energia eólica da América Latina

RN é o maior produtor de energia eólica da América Latina

As novas fontes de energia renováveis estão mudando a composição da matriz elétrica brasileira, tornando-a mais diversificada e mais robusta. Neste dia 29 de maio, em que se celebra o Dia Mundial da Energia, o protagonismo é delas. Dado mais recente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que houve uma expansão na matriz elétrica nos primeiros quatro meses deste ano de 3,3 GW. Maior parcela do crescimento foi impulsionado pelas usinas eólicas, com 1,6GW. Na sequência, estão as usinas solares fotovoltaicas, com 1,2GW.

Tanto a fonte eólica quanto a solar começaram a ocupar um espaço mais significativo na matriz elétrica brasileira a partir de 2012, quando suas produções  se tornaram mais baratas. Até o início dos anos 2000, as usinas hidrelétricas dominavam a produção de energia. Hoje, 84,8% da matriz elétrica do país é renovável, a geração hidráulica ainda domina representando 65,2% desse total. Mas divide espaço com biomassa (9,1%), energia eólica (8,8%) e solar (1,66%), de acordo com o Balanço Energético Nacional 2021.

Em relação ao resto do mundo, a matriz energética brasileira é uma das mais renováveis, bem à frente da média mundial, que é cerca de apenas 23% composta por fontes renováveis.

A expectativa é de ainda mais otimismo para o Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), o país tem potencial  para mais 1.500 GW em eólicas onshore e offshore. A produção offshore está prevista para iniciar em 2030 e já conta com potencial técnico de 700 GW, segundo a associação. “Estamos em um momento muito importante para energia eólica, um setor que vem crescendo exponencialmente ao longo dos anos. De maneira geral, a expectativa para energia renovável no Brasil em 2023 é muito positiva”, diz a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum.

A euforia também ecoa entre os que trabalham com usinas solares fotovoltaicas. Em janeiro deste ano, o setor atingiu 23,9 GW de capacidade instalada – um crescimento de 84% em um ano (em janeiro de 2022, a potência instalada no país era de 13 GW. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que projeta para este ano acréscimo de 10,1 GW de potência, alcançando um total acumulado de 34 GW de potência instalada. A promessa também é de mais investimentos, com projeção de um acumulado mais de R$ 170,9 bilhões em novos investimentos desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

O presidente-executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, enaltece os dados e avalia que a tecnologia será forte alavanca para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do país, inclusive pelo seu potencial de aplicação na habitação de interesse social, como universalização do acesso à energia elétrica aos mais de um milhão de brasileiros que ainda não a possuem.

Com base nos dados das associações e no contexto nacional, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a tendência é de aceleração na expansão das renováveis. Gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, explica que os dados também refletem a busca da indústria por impulsionar a transição energética, seja por expansão do uso de fontes renováveis ou pela otimização de seus processos.

“Temos um cenário muito otimista pela frente. O Brasil tem potencial para comandar a transição energética mundial, o país tem capacidade atender toda demanda global quanto à segurança energética. Temos várias rotas tecnológicas pela frente e o ideal é que possamos usar todos. Nessa estratégia, além de expandir as renováveis, também há espaço para desenvolver ações de eficiência energética, fortalecer a política de biocombustíveis e promover novas tecnologias, como o hidrogênio verde”, diz.

Matriz energética e hidrogênio verde

Bomtempo acrescenta que a matriz energética brasileira também é muito limpa. “As renováveis representam 48%, enquanto o percentual da matriz de países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 11% e o global é 14%”, observa. Ele ressalta ainda que o país tem grande possibilidade de tornar sua matriz energética ainda mais limpa com o hidrogênio verde.

Estudo da consultoria alemã Roland Berger indica que o país poderá ser o maior exportador da commodity apelidada de petróleo do futuro e terá papel fundamental no desenvolvimento econômico global, pois será usado tanto como combustível em navios e aeronaves quanto no aquecimento de habitações e edificações. A pesquisa prevê uma receita de US$ 30 bilhões a partir de 2050.

O hidrogênio verde é um combustível produzido a partir de energias renováveis, como a eólica e a solar. Uma das expectativas é de que a energia eólica onshore e também offshore, por terem enorme potencial no país, devido à abundância de ventos, seja uma das principais fontes de abastecimento para o desenvolvimento do H2V, como o combustível também é conhecido. Sua produção se dá sem a emissão de carbono. A tecnologia é a principal aposta para descarbonização da economia.

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