Cotidiano

Varredura nos pavilhões não encontra sinal de celulares em Alcaçuz

Força Nacional de Cooperação Penitenciária no Complexo Penitenciário de Alcaçuz, em Nísia Floresta, não encontrou sinal de celular nos pavilhões visitados

por: NOVO Notícias

Publicado 17 de março de 2023 às 14:49

Penitenciária de Alcaçuz, maior unidade prisional do RN – Foto: Pedro Vitorino

Uma vistoria feita nesta sexta-feira (17) por agentes da Força Nacional de Cooperação Penitenciária no Complexo Penitenciário de Alcaçuz, em Nísia Floresta, não encontrou sinal de celular nos pavilhões visitados. A ação decorre das medidas para coibir a onda de ataques criminosos registrada no Rio Grande do Norte desde a última terça-feira (14).

Os agentes apuravam a possível existência de aparelhos celulares dentro das celas do presídio, o maior do Rio Grande do Norte. Foi utilizado um aparelho que consegue identificar quando há transmissão de ondas eletromagnéticas e apontar para a área da ocorrência. A presença dos equipamentos pode indicar que os detentos estariam se comunicando com a área externa.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) utiliza aparelhos de body scan e raio-x corporal para impedir a entrada de equipamentos. Toda a movimentação nas unidades é monitorada por câmeras nos corredores. Além disso, as celas estão de acordo com as normas do Departamento Penitenciário Nacional e não possuem energia elétrica, o que torna impossível o carregamento de celulares.

Após a reforma da penitenciária, em 2017, as celas não têm pontos de energia elétrica que possibilitem alimentar com eletricidade quaisquer aparelhos ou recarregar suas baterias. A iluminação se dá por uma lâmpada em uma abertura (isolada por acrílico à prova de tiro) na parte superior da parede comum ao corredor externo. Portanto, o acesso à rede elétrica só é possível pelo exterior da cela (pelo corredor).

O último registro de tentativa de ingresso de telefones no presídio foi em novembro de 2019. À época, um preso engoliu um minicelular, mas o aparelho foi identificado pelo equipamento de detecção eletrônica.

As investigações da Polícia Civil, parte das ordens saíram de presídios de fora do Rio Grande do Norte. A Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado divulgou a identificação de três suspeitos de envolvimento nos ataques. Os envolvidos estão detidos em cadeias da Bahia e da Paraíba.

Segundo a polícia, Judson Bezerra Araújo Batista, conhecido como “Bebezão”, cumprindo pena no estado da Bahia, foi descoberto com dois aparelhos celulares encondido no chuveiro da cela.

Na Paraíba, o detento Igor Rodrigo de Oliveira Cavalcanti Coelho, conhecido como “Igor Latrô”, também foi identificado como ordenador de ataques praticados no RN. Ele está detido em Campina Grande. O terceiro envolvido é Erick Silva de Santana, também cumpre pena na Paraíba e utilizava um aparelho celular para contatar integrantes da organização criminosa em Mãe Luiza, na Zona Leste de Natal.

Carteiras 

Sem celulares, os presos custodiado em Alcaçuz passaram a se utilizar da comunicação com advogados para repassar informações ao mundo exterior. Em 15 de março deste ano, uma advogada foi condenada a quatro anos e nove meses de prisão por chefiar um esquema de troca de mensagens com detentos em presídios do estado.
Antes disso, em 2022, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou a operação Carteiras 2. O objetivo foi combater ação de advogados que atuam para uma organização criminosa.
À época, um advogado foi preso na Penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta. A investigação do MPRN já apurou que ele, por diversas vezes trocou “catataus” (mensagens) com detentos, estabelecendo a comunicação entre os internos integrantes da organização criminosa que ainda estão nas ruas e as lideranças encarceradas.

O MPRN já ofereceu denúncia contra o advogado preso nesta segunda-feira e ele já é réu em ação penal. Na denúncia,  o advogado entrou na penitenciária de Alcaçuz,  em 6 de outubro de 2021, portando um print de conversa do aplicativo WhatsApp sobre venda de objeto ilícito.

No dia 27 de novembro de 2021, durante atendimento a internos da mesma unidade prisional, deixou cair um papel no parlatório. Esse “catatau” tratava de comunicação dos presos com integrantes da organização criminosa.

 

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