Uma vistoria feita nesta sexta-feira (17) por agentes da Força Nacional de Cooperação Penitenciária no Complexo Penitenciário de Alcaçuz, em Nísia Floresta, não encontrou sinal de celular nos pavilhões visitados. A ação decorre das medidas para coibir a onda de ataques criminosos registrada no Rio Grande do Norte desde a última terça-feira (14).
Os agentes apuravam a possível existência de aparelhos celulares dentro das celas do presídio, o maior do Rio Grande do Norte. Foi utilizado um aparelho que consegue identificar quando há transmissão de ondas eletromagnéticas e apontar para a área da ocorrência. A presença dos equipamentos pode indicar que os detentos estariam se comunicando com a área externa.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) utiliza aparelhos de body scan e raio-x corporal para impedir a entrada de equipamentos. Toda a movimentação nas unidades é monitorada por câmeras nos corredores. Além disso, as celas estão de acordo com as normas do Departamento Penitenciário Nacional e não possuem energia elétrica, o que torna impossível o carregamento de celulares.
Após a reforma da penitenciária, em 2017, as celas não têm pontos de energia elétrica que possibilitem alimentar com eletricidade quaisquer aparelhos ou recarregar suas baterias. A iluminação se dá por uma lâmpada em uma abertura (isolada por acrílico à prova de tiro) na parte superior da parede comum ao corredor externo. Portanto, o acesso à rede elétrica só é possível pelo exterior da cela (pelo corredor).
O último registro de tentativa de ingresso de telefones no presídio foi em novembro de 2019. À época, um preso engoliu um minicelular, mas o aparelho foi identificado pelo equipamento de detecção eletrônica.
As investigações da Polícia Civil, parte das ordens saíram de presídios de fora do Rio Grande do Norte. A Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado divulgou a identificação de três suspeitos de envolvimento nos ataques. Os envolvidos estão detidos em cadeias da Bahia e da Paraíba.
Segundo a polícia, Judson Bezerra Araújo Batista, conhecido como “Bebezão”, cumprindo pena no estado da Bahia, foi descoberto com dois aparelhos celulares encondido no chuveiro da cela.
Na Paraíba, o detento Igor Rodrigo de Oliveira Cavalcanti Coelho, conhecido como “Igor Latrô”, também foi identificado como ordenador de ataques praticados no RN. Ele está detido em Campina Grande. O terceiro envolvido é Erick Silva de Santana, também cumpre pena na Paraíba e utilizava um aparelho celular para contatar integrantes da organização criminosa em Mãe Luiza, na Zona Leste de Natal.
Carteiras
O MPRN já ofereceu denúncia contra o advogado preso nesta segunda-feira e ele já é réu em ação penal. Na denúncia, o advogado entrou na penitenciária de Alcaçuz, em 6 de outubro de 2021, portando um print de conversa do aplicativo WhatsApp sobre venda de objeto ilícito.
No dia 27 de novembro de 2021, durante atendimento a internos da mesma unidade prisional, deixou cair um papel no parlatório. Esse “catatau” tratava de comunicação dos presos com integrantes da organização criminosa.
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