A 95ª cerimônia do Oscar que acontece na noite deste domingo, 12, a partir das 21h (horário de Brasília), promete ser o início de diversas mudanças na principal festa do cinema mundial: desde a consagração de um filme cuja linguagem conquistou os fãs ambicionados pela Academia de Hollywood, ou seja, os jovens (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo concorre por 11 categorias), até a formação de um comitê de crise para evitar (ou amenizar) situações constrangedoras, como o tapa desferido por Will Smith em Chris Rock no ano passado.
Mas a mudança mais visível mexe com uma tradição: o tapete vermelho, que há seis décadas recepciona a chegada das estrelas do cinema, foi trocado por um de tonalidade champanhe. “Acho que essa decisão mostra como estamos confiantes de que nenhum sangue será derramado”, brincou o comediante Jimmy Kimmel, que vai novamente comandar a cerimônia. A mudança de cor foi sugerida pelos consultores criativos Lisa Love, colaboradora da revista Vogue, e Raúl Àvila, diretor criativo do Met Gala em Nova York.
Noturno
Segundo eles, a mudança vai ajudar a transformar a chegada das estrelas em um evento noturno. Para Love, sempre houve uma desconexão entre o elegante código de vestimenta de gravatas-borboleta e vestidos de baile com o fato de que é meio da tarde em Los Angeles, ou seja, por volta das 15h locais, quando as pessoas chegam para serem fotografadas à luz do dia. “Transformamos um evento diurno em um noturno”, disse Love. “E é mais elegante – afinal, é champanhe”, acrescentou Bill Kramer, CEO da Academia de Hollywood.
A tentativa, ainda que arriscada, é mais uma medida de reconquistar a audiência da transmissão que, com exceção de um leve crescimento no ano passado (5,36 milhões de telespectadores), vem despencando sistematicamente – o recorde negativo continua o dos 9,85 milhões sintonizados em 2021. Para muitos, o Oscar deixou de ser um programa imperdível na noite do domingo e isso se tornou perigosamente real quando a HBO decidiu não trocar o dia de exibição do último episódio de sua série de sucesso, The Last of Us.
O episódio final será exibido uma hora mais cedo que o habitual, às 22h (Brasília), e, se o Oscar tem dinheiro em publicidade em jogo (a cerimônia custa US$ 56,8 milhões), o canal a cabo não se preocupa com isso. Mas a HBO antecipou o episódio que seria exibido no dia 12 de fevereiro para não concorrer com o Super Bowl. Decisão acertada: naquele dia, a final do futebol americano conquistou a terceira maior audiência da história.
Tapa
Não bastassem os problemas externos, a Academia de Hollywood tem de se preocupar também com os internos. Como a má repercussão provocada pela demora em se posicionar depois que Will Smith esbofeteou Chris Rock na premiação do ano passado. Para isso, foi criado um comitê de crise com a função de tentar evitar fatos como esse ou, no mínimo, tomar uma medida mais urgente – se possível ainda durante a cerimônia.
A Academia, no entanto, vive sob uma eterna corda bamba. Se neste ano celebra um grande número (quatro) de asiáticos nas principais categorias, ainda não sabe o que fazer com o efeito da inesperada indicação de Andrea Riseborough para melhor atriz. Intérprete do pouco visto To Leslie, ela foi nomeada depois que muitas estrelas da lista A (como Kate Winslet) se reuniram em torno de sua atuação.
Quando duas outras candidatas a melhor atriz – Danielle Deadwyler (Till) e Viola Davis (A Mulher Rei) – foram desprezadas, alguns viram isso como um reflexo do preconceito racial na indústria cinematográfica. A Academia lançou um inquérito sobre a campanha de base repleta de estrelas para Riseborough, mas não encontrou motivo para rescindir sua indicação.
O brasileiro “Sideral” estava pré-indicado, mas ficou de fora da lista final.
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