Jogos online e redes sociais são locais mais procurados por pedófilos na internet, diz MPRN

Ministério Público do Rio Grande do Norte lançou, este mês, campanha sobre a importância da proteção de crianças e adolescentes nos meios digitais

por: NOVO Notícias

Publicado 13 de fevereiro de 2023 às 15:30

No Brasil, em 2022, foram feitas 100 mil denúncias relacionadas com abuso e exploração sexual infantil na internet – Foto: Reprodução

As denúncias relacionadas ao armazenamento, divulgação e produção de imagens de abuso e exploração sexual infantil ultrapassaram pelo segundo ano consecutivo a casa de 100 mil denúncias no Brasil, o que não ocorria desde 2011. Foram 111.929 denúncias de “pornografia infantil” em 2022, contra 101.833 em 2021, um aumento de 9,9%. Os dados recolhidos entre janeiro e dezembro de 2022 levam em conta as notificações recebidas pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, uma parceria da ONG Safernet Brasil com o Ministério Público Federal (MPF).

Diante do cenário, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) aproveitou a data simbólica do Dia Internacional da Internet Segura, no último dia 7 de fevereiro, para lançar uma campanha reforçando a importância da proteção de crianças e adolescentes no meio digital. “Tenha tempo”. Segundo o MPRN, os aliciadores encontram a maioria das crianças em jogos online e redes sociais.

“Escolhemos focar a campanha nas crianças e adolescentes porque são inocentes, e se tornam alvo fácil dos criminosos. Assim, uma boa orientação e acompanhamento constante dos pais e responsáveis ajudará na prevenção aos crimes cibernéticos”, informou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e Juventude (Caopij), promotora de Justiça Marília Cunha.

De acordo com a promotora de Justiça, Engracia Monteiro, a maioria dos autores dos crimes são homens, mas não soube informar a faixa etária predominante. A represente do Ministério ressaltou ao NOVO Notícias que pedófilos da internet não necessariamente são do estado potiguar, “eles procuram vítimas na internet, podendo estas serem de qualquer região do país”, informou a promotora.

Crianças e adolescentes formam o conjunto de maiores vítimas, pois navegam na internet e concordam em ter contato com estranhos. “Evidente que, no início, elas pensam que estão conversando com alguém da sua idade, um novo amigo. Geralmente, o criminoso diz ser criança ou adolescente, dependendo da vítima, para ganhar a sua confiança e poder ter maior contato com ela e conversas reservadas, como, por exemplo, através do whatsApp”, ressaltou Engracia.

A melhor maneira de agir protetivamente é mantendo o diálogo e mostrando interesse em conhecer quais conteúdos são acessados pelos seus filhos.

“As medidas de proteger os filhos passam por negociar regras de uso da internet (limites); observar se a navegação é feita em sites e aplicativos que estão de acordo com a sua faixa etária; estar sempre atento ao uso que seu filho faz da rede mundial de computadores; orientar que ele nunca deve manter contatos com estranhos; nunca enviar fotos suas, da família e nem informar dados pessoais, etc. Esclarecer para seu filho que nem sempre a pessoa que se apresenta na internet é quem ela diz ser”, destacou a promotora.

O policial militar Wladimir Lopes, pai de um adolescente de 17 anos, contou que sempre tenta verificar com quem o filho está conversando nos jogos online e observando o histórico de conversas e pessoas que ele está interagindo nas redes sociais. “Sempre procuro manter o diálogo e sou bem aberto e franco com ele. Chego até a interromper algumas vezes as partidas, para ouvir e saber com quem ele está conversando, mas mantendo uma boa relação entre nós dois”, disse Wladimir.

No dia 18 de janeiro, a Polícia Civil deflagrou a “Operação Perversione”. A ação combate abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na internet. Durante as atividades, um homem foi preso em Nova Cruz, acusado de obrigar, mediante ameaças, uma criança com deficiência mental, enteada dele, de enviar imagens de pornografia e fotos despidas, bem como havia marcado um encontro para a efetivação da prática sexual.

A Polícia Civil aprofundará as investigações objetivando descobrir se o suspeito integra alguma rede de exploração infantil pela internet, já que, anteriormente, ele havia sido preso após filmar o filho de 14 anos, mediante ameaça, mantendo relações sexuais com uma criança de 11 anos. O alvo da operação está em liberdade condicional, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.