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Silenciosa e agressiva, a diabetes mata!

Dia Mundial do Diabetes, celebrado neste dia 14, visa conscientizar sobre uma das doenças que mais mata no Brasil

por: NOVO Notícias

Publicado 14 de novembro de 2022 às 13:05

Bianca e Leila

Com a ajuda da mãe, Leila, a adolescente Bianca aprendeu a conviver com o tipo 1 da doença diagnosticada aos 11 anos – Foto: Arquivo Pessoal

Estimativas recentes dão conta de que quase 17 milhões de brasileiros têm diabetes, o que representa 7% da população do país. Dados da Federação Internacional de Diabetes revelam que o número de pessoas com a doença aumentou em 74 milhões, totalizando 537 milhões de adultos no mundo em 2021. Nesta segunda-feira, 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que visa conscientizar sobre uma das doenças que mais mata no Brasil.

No ano passado, segundo o Atlas da Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes, 6,7 milhões de pessoas morreram no mundo em decorrência da doença. No Brasil, este número foi de 214 mil mortes, no mesmo ano, de pessoas entre 20 e 79 anos. No Rio Grande do Norte, os números mais atualizados segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) mostram que, entre os anos de 2016 a 2020, o estado teve 7267 óbitos por diabetes. O número, no entanto, significa uma queda de 11% na estimativa. Apesar da queda do índice nos últimos cinco anos, a taxa de mortalidade específica por diabetes para o RN continua acima da estabelecida para região Nordeste (37,5/100.000 habitantes) e para o Brasil (30/100.000 habitantes).

A diabetes tipo 2 é a mais comum. É uma doença crônica não transmissível, em grande parte evitável e tratável, que está rapidamente aumentando em número no mundo inteiro. Já a diabetes tipo 1 não é evitável, mas pode ser gerenciada com injeções de insulina.

A jornalista Sayonara Alves foi diagnosticada com diabetes tipo 2 há pouco mais de um ano. Segundo ela, as taxas de glicemia já vinham apresentando alterações há algum tempo e seu histórico familiar de pais diabéticos também já deixavam sua endocrinologista em alerta. No entanto, mesmo sendo orientada a fazer uso de medicações para controle, ela não fazia uso regular. “Nunca fiz do jeito que deveria e, em dois anos, engordei 30kg”, lembra a jornalista.

Sayonara Alves

Com diabetes tipo 2, Sayonara mudou estilo de vida, controlou as taxas de glicemia e perdeu 25kg em 1 ano e 4 meses – Foto: João Gilberto

Mesmo com a obesidade, outros sintomas ainda não tinham aparecido, até que, um dia, ela acordou e percebeu que sua visão estava turva. “Eu enxergava tudo turvo. Para longe ou para perto, eu não conseguia mais ver com nitidez e aquilo começou a me desesperar. Como o oftalmologista que me acompanha estava viajando, eu fui a uma outra profissional. Fiz os exames e ela me passou um óculos de grau ‘baixo’. Mas já com os óculos continuava sem ver direito. Então, fui a outro médico, fiz novamente os exames e o grau já deu bastante acima do anterior. Estranhamos porque minha visão era tida como perfeito, tanto que nunca tinha usado óculos na vida. Ele suspeitou que poderia ser algo relacionado ao diabetes e verificou em quanto estava a minha taxa de glicose. Deu acima de 400. Ele disse que não poderia nem me passar um óculos, nem fazer novos exames enquanto essa taxa não estivesse inferior a 150 e me encaminhou para a endocrinologista”, explica Sayonara.

Já na especialista, exames feitos e diagnóstico consolidado. “Minha médica ficou surpresa porque eu não sentia nada além da questão da visão. Não sentia tontura, nem tive desmaio. Sentia só um desânimo que, depois percebi, que também tinha a ver com a diabetes. Então, ela disse que ou eu perdia peso ou ia me dar muito mal. Resolvi realmente agir e fizemos um plano com endócrino e nutricionista para a perda de peso e passei a tomar medicação, juntamente, com a mudança de alimentação e de hábitos até conseguir regular a diabetes. Três meses depois, repeti os exames e estava tudo controlado. É uma doença muito silenciosa e que é preciso aprender a conviver”, conta.

Com as taxas reguladas e 25 kg a menos na balança, Sayonara agradece a melhora na autoestima. “Eu nunca tinha sido gordinha e, de repente, eu me tornei gordinha e com diabetes. Então, estava me sentindo péssima. Hoje, me sinto mais leve, mais feliz e me preocupo mais com minha saúde. Normalmente, a gente só se preocupa quando algo grave acontece ou está prestes a acontecer. No meu caso, foi a visão. Só fui cuidar quando tive medo de perder a visão. E não podemos deixar a chegar a esse ponto”, conclui.

Já a adolescente Bianca de Queiroz Cavalcante, de 14 anos, foi surpreendida com a notícia de que tinha a diabetes do tipo 1 aos 11 anos de idade. Sem casos na família, o alerta da família foram os sintomas que apareceram aos poucos. “Descobrimos fazendo exames de rotina, ela estava com queda de cabelo acentuada, tomando muita água, já tinha perdido 12 kg. Então, falei com a endocrinologista dela, que solicitou os exames”, lembra a mãe, Leila Costa.

A descoberta da doença causou medo e angústia na família. “Foi um choque, pois não sabia como ela ia lidar com os julgamentos. Choramos à noite toda, eu e meu marido, no dia que descobrimos, dia 13 de outubro de 2020. Ver a carinha dela, sem entender nada, tendo que mudar a alimentação não foi nada fácil. Mas com o tempo, fui vendo que ela não se incomodava em usar o sensor libre, nem de tomar insulina na frente das pessoas e que a limitação quem ia colocar era a gente”, recorda a farmacêutica e mãe da adolescente.

Questionada sobre como Bianca se comportou em relação à doença, no início, Leila explica que as dúvidas sobre a alimentação causaram dificuldades “No início, ela desenvolveu um transtorno alimentar, a anorexia, até porque a gente ficava dizendo o tempo todo, isso pode comer, isso não pode comer. Ela não se alimentava para não fazer a insulina. Mas com a ajuda da endocrinologista dela e a nutricionista, ensinando que ela poderia comer tudo, sem restrição, só verificando a quantidade de carboidrato para calcular quanto de insulina precisa tomar. Hoje em dia ela é muito responsável, sabe o quê e quanto comer”, esclarece Leila.

Hoje, o tratamento de Bianca consiste em insulina basal, que é a insulina de ação longa, tomada uma vez ao dia pela manhã. Já a insulina de rápida ação, é necessário fazer uso sempre que comer. A dosagem é definida de acordo com a quantidade de carboidrato da alimentação que ela for fazer. “Depois de dois anos convivendo com a doença, eu aprendi a ter uma vida normal com o diabetes, acho que a prática e o tempo me ajudaram a lidar com tudo”, conta Bianca, acrescentando que não vê diferença entre os colegas e ela.

Dentre os pontos negativos em conviver com a doença, Bianca elenca quatro: tirar o sensor sem querer quando coloco uma mochila ou tiro/coloco um top; ter que fazer a insulina toda vez que for comer (sim, é muito chato); ter que levar muita coisa na bolsa quando for sair; sempre ter alguém perguntando se posso comer tal coisa. Já o ponto positivo é o fato de ter que tirar, quase por completo, o açúcar da alimentação, o que favorece à saúde.

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