A jornalista Larissa Cavalcante decidiu aproveitar o período para finalizar a reforma da sua casa, que ela havia começado em 2020, na pandemia. “Eu já tinha feito uma reforma há dois anos na parte de trás da casa, mas as coisas estavam bem caras. Aí ficou faltando uma parte, porque não dá para fazer tudo de uma vez. Tudo caro”, contou.
Agora Larissa conta que vai reformar a parte interna e a frente do imóvel. Mas, de acordo com ela, os preços estão bem mais altos. “Em 2020 eu tinha comprado duas janelas por R$ 550. Hoje elas já estão R$ 1.100. Quase dobrou. Minha reforma está saindo o preço de comprar um apartamento simples, mais antigo”, relatou.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), o custo médio do metro quadrado cresceu 13,11% nos últimos 12 meses, o que fez com que o preço nacional por m² construído chegasse a R$ 1.669,19 em setembro (R$ 999,96 relativos ao custo médio nacional dos materiais e os outros R$ 669,23 relativos à mão de obra) – o custo médio do metro quadrado da construção civil é composto pelo custo médio do material de construção e pela mão de obra.
No RN, o custo médio do metro quadrado aumentou 18,9% nos últimos 12 meses, chegando a custar R$ 1.533,42 em setembro. Na composição desse custo, a parcela referente a material foi de R$954,78, e o valor da mão de obra foi de R$578,64.
Esse é o quarto menor custo do m² entre os estados brasileiros no mês. Só Sergipe (R$ 1.463,49), Alagoas (R$ 1.471,20) e Piauí (R$ 1.504,45) registraram custos menores.
Os dados são do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), produção conjunta do IBGE e da Caixa Econômica Federal, que apontam ainda que, pela sexta vez consecutiva, o custo da construção civil no RN teve o maior aumento percentual do país no acumulado do ano.
No mês de setembro, o estado teve uma elevação nos custos do setor de 0,83%, consideravelmente acima da média nacional, que ficou em 0,44%. Na região Nordeste, apenas o Ceará teve um aumento maior que o do RN, de 0,88%.
Os novos lançamentos das construtoras também estão com um novo preço de venda. De acordo com Wescley Magalhães, gerente da Moura Dubeux no RN, essa nova realidade foi causada pelo desequilíbrio de oferta e de demanda de insumos causado pela pandemia.
“A pandemia fez com que o preço dos insumos subisse, e os preços dos imóveis também foram reajustados. As cidades que têm o mercado mais dinâmico, sem nenhum tipo de entrave, iniciaram mais cedo [os lançamentos] e já tiveram os patamares de preços restabelecidos. Coisa que não aconteceu ainda em Natal”, explicou.
Mesmo com os preços mais altos, o setor vem vivendo um momento de otimismo no país, e no Rio Grande do Norte o cenário não é diferente.
Em 2021, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) concedeu 208 Licenças de Operação para a construção civil – nesse número estão incluídas Licenças Simplificadas de Instalação e Operação, emitidas para atividades de baixo risco. Até setembro de 2022, esse número já foi superado. Até então, 211 licenças foram expedidas.
Segundo a diretora Executiva do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon), Ana Adalgisa Dias Paulino, a construção civil vem mostrando um cenário favorável principalmente na geração de empregos. “Mensalmente a gente vem recuperando a quantidade de empregos com carteira assinada. Isso mostra que o setor está aquecido”, pontuou.
Em setembro deste ano, a construção civil gerou 363 novas vagas de emprego no Rio Grande do Norte, ficando com um saldo de 5.345 novos contratados em 2022. No total, o estado possui 33.808 trabalhadores com carteira assinada.
Para Wescley Magalhães, o cenário é motivo de comemoração. “O Brasil já vinha em uma crise econômica, que emendou na pandemia. Então houve, naturalmente, um hiato no período de lançamentos e na oferta de empreendimentos, em todo o RN e no país. O mercado sobreviveu com o estoque que se criou e com os pouquíssimos lançamentos que tiveram, principalmente em Natal. Esse bom momento traz alegria e otimismo, por tudo que a gente passou”, disse.
Ainda de acordo com Wescley, a discussão do Plano Diretor de Natal causou um atraso nessa retomada do setor na cidade. “Passada a crise, o mundo voltou a consumir imóveis. Mas Natal ficou um pouco atrás em termos de velocidade da retomada quando se comparada a grandes centros, por que nós passamos por uma discussão do Plano Diretor. Anunciavam que o novo Plano permitiria coisas, que quem estaria apto a lançar, na época, por cautela resolveu aguardar. Então isso causou um represamento nos lançamentos até junho deste ano”, explicou.
No entanto, Ana Adalgisa considera que a revisão do Plano vai trazer benefícios para o setor. “Vamos colher bons frutos e crescer ainda mais [com a revisão]. Além disso, estamos vendo obras de infraestrutura sendo executadas, e tem também a questão das energias renováveis, dos parques eólicos, que também movimentam o setor da construção”, continuou ela, que também é presidente do Conselho Regionail de Engenharia e Agronomia (Crea).
“As perspectivas para 2023 também são positivas. Além das implantação, de fato, do Plano Diretor em Natal, vamos ter também os novos governos. Então esperamos a solução para algumas necessidades que temos, como infraestrutura e portos”, disse a diretora Executiva do Sinduscon.
“Há uma pressão por elevação de preços de imóveis e, para o próximo ano, esses novos patamares podem ser uma realidade. E isso tem feito com que pessoas que estão pensando em adquirir imóveis cheguem à conclusão de que agora seja o melhor momento para a compra”, concluiu Wescley Magalhães.
As expectativas para 2023 refletem o bom prognótico para 2022. Segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a projeção de crescimento do setor foi elevado de 3,5% para 6% em 2022. O número integra o estudo “Desempenho Econômico da Indústria da Construção – terceiro trimestre de 2022”.
De acordo com a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, o setor surpreendeu e deve registrar incremento de 6% em seu Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. “Depois de registrar alta de 9,7% em 2021, era esperado um crescimento de 3,5% neste ano. Entretanto, os números já conhecidos do segundo semestre levaram a uma forte revisão de estimativa. Dessa forma, a construção registrará o segundo ano consecutivo de alta superior à economia nacional, o que não acontecia desde 2012/2013”, destacou.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, a estimativa de crescimento do PIB do setor em 6% reforça a relevância da construção para o desenvolvimento sustentável do país. “Novamente os números confirmam nossas expectativas e impressionam pela consistência. Quando o Brasil nos dá condição, respondemos com geração de renda, estabilidade social, melhoria da qualidade de vida das pessoas”, enfatizou
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