BOLSONARO X LULA: “É A ECONOMIA ESTÚPIDO”
Criada em 1992 por James Carlile, estrategista da campanha de Bill Clinton à presidência dos EUA, a frase “É a economia, estúpido” (It’s the economy, stupid) se popularizou, especialmente entre liberais no Brasil e no mundo.
A três semanas da votação do segundo turno das eleições presidenciais, o tema economia é o pilar central que pode influenciar a pequena parcela de eleitores que ainda não decidiu em quem votar.
Esse debate está bem evidente nesta reta final. As recentes pesquisas eleitorais apontam ainda pequena vantagem do ex-presidente Lula (PT), mas nenhuma destas sondagens é capaz de afirmar categoricamente que há um quadro definido. Muito pelo contrário, há um cenário desconhecido, reverberado pela amplificação dos discursos ideológicos de direita e esquerda.
E aí entra a questão econômica. Que neste momento pesa em favor de Jair Bolsonaro (PL). Como resultado da eleição de primeiro turno, configurada a ascensão majoritária de um Congresso alinhado à direita conservadora, o mercado reagiu muito bem. A bolsa subiu e o dólar baixou. Especialistas afirmam que, ganhe quem ganhar (Lula ou Bolsonaro), os avanços da pauta econômica liberal tendem a continuar, diante da maioria congressista liberal.
A guerra então passa a ser de narrativas. Até porque o ambiente econômico tem melhorado, com redução da taxa de desemprego e previsão otimista para o crescimento do PIB, na contramão do pessimismo vivido na maioria dos outros países.
Líder no primeiro turno, Lula precisa antecipar mais detalhes do seu programa econômico. Também não anunciou integrantes de sua futura equipe, caso seja eleito para o terceiro mandato.
O máximo que Lula fez foi conquistar apoio de atores importantes da economia como os idealizadores do Plano Real: economistas Edmar Bacha e Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Persio Arida.
Em que pese ter recebido apoios importantes nas últimas semanas, Lula precisa ser mais claro sobre como será seu programa econômico. O mercado ainda aguarda essa sinalização.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro segue consolidando sua liderança entre os líderes empresariais, principalmente entre economistas alinhados com a defesa do liberalismo.
O ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes, o ex-presidente do Ipea Carlos Von Doellinger, empresários Roberto Justus e Luciano Hang, por exemplo, reforçam o coro de apoio a Bolsonaro.
O atual presidente utiliza o discurso liberal desde a campanha eleitoral de 2018 e tem na figura do ministro da Economia, Paulo Guedes, seu maior símbolo.
Para conter a escalada de Bolsonaro, Lula precisa reagir rápido e deixar claro para o mercado e a opinião pública sobre seus planos para a economia. Caso contrário, quando perguntar futuramente sobre o porquê não teve o reconhecimento popular nas urnas, algum especialista poderá justificar lembrando da célebre frase:
– “É a economia, estúpido”
