Cultura

Peça a bola!

Em “O milagre da manhã para empreendedores”, os autores destacam que, para alcançar a alta perfomance, o foco deve ser o processo de construção da pessoa capaz de conquistar qualquer objetivo

Publicado 29 de agosto de 2022 às 07:41

Faz pouco tempo, cerca de cinco anos, que o preconceito foi deixado de lado para  permitir a vivência da experiência de leitura de livros que, sim, eram julgados pela capa.  “O monge e o executivo”, de James C. Hunter, foi o primeiro de uma série do catálogo denominado “autoajuda”, há pouco rebatizado “autodesenvolvimento” que entrou na lista de livros a serem lidos durante a vida que, até aquele momento, era basicamente composta pelos clássicos da literatura, os preferidos. E, a despeito do ceticismo, a miscelânea de conteúdo se tornou um caminho sem volta.

Depois de ler segundo livro de James Hunter, “De volta ao mosteiro”, a decisão de ler todas as obras que integram a lista que nomeia aquelas que “devem” ser lidas pelos estudantes de Administração, mas que a maioria dos profissionais desconhece, foi caminho natural. O dever aqui está entre aspas porque, como explica Henry David Thoreau, em “A desobediência civil”, ninguém é obrigado a nada. Mas, por escolha, foi essa a trajetória até “O Milagre da Manhã”, de Hal Elrod, que, por meio da exposição da vivência do autor, demonstrou como o estabelecimento de uma rotina matinal e a adoção de pequenos hábitos podem transformar o dia de quem se dispõe a sair da zona de conforto para se tornar a pessoa capaz de alcançar qualquer objetivo. 

As pequenas mudanças aprendidas com o relato de Hal Elrod, se implementadas,  resultam em grandes mudanças capazes de levar à construção não só de dias melhores, mais produtivos e, sobretudo, significativos, como também foram estímulos à leitura de outros dois livros da série do autor, “O milagre da manhã para se tornar um milionário”, por Honorée Corder, Hal Elrod, John Osborn, e “O milagre da manhã para empreendedores”,  por Hal Elrod, Cameron Herold e Honorée Corder, concluído no último sábado, 27 de agosto de 2022.

“Daqui a dois anos você vai desejar ter começado hoje. Não deseje e não espere, comece já.”

Se o fundamento da série “O Milagre da Manhã” está na implementação dos “salvadores da vida” (silêncio ⇨ afirmações ⇨ visualização ⇨ exercícios ⇨ leitura ⇨ escrita) , a abordagem que cada autor convidado integra ao conteúdo original é de como o uso da técnica proposta por Hal Elrod é capaz de transformar qualquer área da vida. A ênfase está na demonstração de que o processo é mais importante do que o alcance de qualquer objetivo, pois, “é a pessoa em quem você se transforma ao dar tudo de si por esse objetivo até o último momento que mais importa, seja qual for o resultado.”

Nesse caminho, a conversa orientada por Cameron Herold é enfática ao demonstrar, pelo exemplo próprio e de outros empreendedores que revelam as rotinas ao longo do livro, que o desenvolvimento pessoal é resultado das escolhas que fazemos de maneira consciente todos os dias de sair da zona de conforto, para fazer o melhor que podemos nas condições que temos. “Se você agir como as pessoas comuns e fizer o que manda a natureza humana, nunca deixará de ser um empreendedor mediano. Não escolha a mediocridade!”.

O termo empreendedor, aqui usado pelos autores, pode ser substituído por qualquer outro que se adeque à realidade do leitor. Porém, se optar manter o termo original, basta ter em mente que empreender é sinônimo de realizar e, por isso, basta que decidir o que se quer realizar, ser ousado e, como os atletas de alto rendimento, sempre pedir a bola, por mais difícil que seja a situação, porque, para esses, sempre há a certeza de que podem acertar todas as jogadas, mesmo que isso nunca aconteça.

Entre as características atrativas de “O milagre da manhã para empreendedores” é que, além dos exemplos e dicas práticas que são entregues ao leitor, há uma série de referências a livros, artigos, cursos e canais no YouTube, por exemplo, que demonstram a importância da troca de informação para a construção de conhecimento relevante, que vai de encontro a superficialidade que o imediatismo contemporâneo tenta impor. Não por acaso, na conclusão do livro, Helrod surpreende o leitor ao parabenizá-lo pela conclusão da leitura. “Parabéns! Você fez o que pouquíssimas pessoas fazem: leu um livro inteiro.” Cômico, se não fosse trágico.

Vale a leitura!