A campanha do presidente Jair Bolsonaro considerou, nos bastidores, que Lula se saiu bem na entrevista concedida ao Jornal Nacional, na noite desta quinta-feira. E a atuação de importantes ministros bolsonaristas nas redes sociais, logo após a participação do petista na Globo, demonstrou isso. Um desses ministros foi o das Comunicações, o potiguar Fábio Faria que, inclusive, acompanhou Bolsonaro ao JN.
Em suas colocações sobre o assunto no Twitter, Fábio evitou rebater as declarações de Lula e mirou na atuação da bancada do Jornal Nacional, os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcelos. O ministro fez acusações de desrespeito à legislação eleitoral por parte do jornal, reclamou que o tempo de fala de Bolsonaro foi menor do que o de outros participantes e chamou Bonner de “tchutchuca do PT”, repetindo o bordão criado contra o presidente por um conhecido YouTuber, que afirmou que o ele era “tchutchuca do Centrão”.
Ao levantar esses pontos, Fábio parece ter planejado colocar Bolsonaro como vítima dos jornalistas supostamente parciais. E lançou a seguinte comparação, elevando ao máximo o vitimismo e buscando lembrar do patrão como um sofredor: “A entrevista de hoje foi a facada de 2022! Anotem aí!”.
No entanto, o que fica claro com as palavras de Fábio é exatamente que o bolsonarismo se intimidou com o resultado da presença de Lula no JH, que considerou positiva a entrevista do adversário. Fábio não rebateu sequer a frase de Lula afirmando que Bolsonaro era o “bobo da Corte” do Centrão. Mas insinuou que a sabatina do ex-presidente na Globo terá o mesmo efeito que a facada da eleição anterior.
A análise de Fábio parece não ter sido feita sob a lógica dos fatos. A começar que da distante eleição de 2018 não resta mais quase nada em relação ao clima eleitoral instalado em 2022, a começar justamente pela presença de Lula no pleito. Lembrando que em 2018 o petista já liderava as pesquisas de intenção de votos até ser retirado da disputa pela parcialidade da Lava Jato.
A saída de Fábio e dos demais ministros bolsonaristas, em sua maioria, foi atacar a condução do apresentador William Bonner, pegando o gancho do momento em que o jornalista admitiu, no início da sabatina, que Lula estava certo sobre a parcialidade com que foi julgado e afirmou que ele “não deve nada a Justiça”. “Foi desrespeito à Lei Eleitoral o que se viu no JN”, escreveu o ministro, que reclamou que “Bolsonaro falou 12% a menos, foi interrompido 43 vezes. Lula, 15. Ciro, 11”. “A lei é clara. A Globo não pode dar tratamento diferenciado aos candidatos no período eleitoral”, afirmou, ressaltando: “Bonner foi advogado de defesa de Lula ontem. Lamentável”.
Na verdade, o tratamento dos jornalistas foi o mesmo com todos os que passaram pelo JN até agora (hoje ainda terá a entrevista com a candidata Simone Tebet), a diferença foi a postura e o desempenho do entrevistado. Lula também foi interrompido, mas conseguiu superar as interferências e mandar o recado que queria. Ele incluía Bonner e Renata na conversa sem dificuldades, ao contrário de Bolsonaro, que já iniciou a primeira resposta à dupla acusando Bonner de estar mentindo quando era o próprio presidente quem mentia.
No fim, gostando-se ou não, diante da análise de centenas de jornalistas especialistas em política, eleições e economia, quando colocados na balança apenas os dois principais candidatos, que disputam em polarização absoluta, conclui-se que Lula foi melhor do que o presidente na entrevista ao Jornal Nacional.
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