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Sandro Pimentel está decepcionado com o meio político

Afastado da Assembleia Legislativa após decisão judicial, Sandro Pimentel conta ao NOVO sobre a vida longe da política, como vigilante noturno na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

por: NOVO Notícias

Publicado 5 de junho de 2021 às 00:05

Sandro Pimentel – Foto: Reprodução/Instagram

Após seis anos atuando como vereador e dois anos atuando como deputado estadual, Sandro Pimentel voltou a vida civil, como vigilante noturno na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cargo que ocupa desde 1991.

O agora ex-deputado estadual, de 55 anos recém completados, diz que hoje a vida está ótima e que se sente aliviado por poder voltar à rotina de servidor público federal. “Eu tinha seis livros para ler e já li todos. Agora estou tendo qualidade de vida, coisa que eu não tinha antes”, afirma Pimentel.

Com plantões noturnos intercalados que o permitem passar os dias na casa que hoje divide apenas com a esposa, já que os três filhos não moram mais com o casal.

Responsável pela instalação, ainda em maio de 2020, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte para investigar o contrato do governo do estado com a Arena das Dunas, Sandro Pimentel diz que agora voltou todas as atenções para as atividades domésticas.

Enquanto parlamentar no Palácio José Augusto, sede do Legislativo estadual, ele investigou, como é no caso da CPI da Arena das Dunas, prejuízos milionários aos cofres públicos, hoje, longe da política, dedica a maior parte do tempo para fazer trabalhos simples, como o de lixar e pintar cadeiras, por exemplo. “Não é que eu não possa pagar [para fazer trabalhos domésticos], mas é que são coisas que me divertem, que eu sempre fiz. Isso me faz bem”, diz animado.

Sobre o processo de cassação do mandato, Sandro afirma estar “revoltado com a injustiça” mas que aprendeu a olhar, sempre, para frente. Ele pretende entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) e recorrer até exaurir todos os direitos legais na tentativa de reaver o mandato conquistado com mais de 19 mil votos. Contudo, afirma não ter o desejo de voltar à vida política. “Fiquei decepcionado. Não com a política em si, pois ela é pura, mas com alguns que fazem a política”, desabafa.

 

 

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A cassação

Sandro Pimentel teve o mandato de deputado estadual cassado, em março deste ano, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ‘captação ilícita de recursos financeiros’ na campanha eleitoral de 2018. Isso por que o ex-deputado descumpriu a norma prevista no art. 22, §1º, da Resolução do TSE 23.553/2017, que determina “as doações financeiras de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 só poderão ser realizadas mediante transferência eletrônica entre as contas bancárias do doador e do beneficiário da doação”.

Entretanto, segundo o TSE, Pimentel depositou R$ 35.350,00 na conta eleitoral em depósitos acima do valor que determina o tribunal. “Meu erro foi não ter feito 30 depósitos de R$ 1 mil. Foi um deslize da loucura da campanha”, afirma Sandro.

O ex-deputado diz que se tivesse usado dinheiro público estaria em uma situação melhor. “Se tivesse usado dinheiro público a Justiça teria me condenado a devolver o dinheiro, nem que fosse uma ou duas vezes mais, mas como o dinheiro usado era meu como a Justiça me condenaria a me devolver meu próprio dinheiro?”, questiona.

Acusações
Apesar de assumir o erro, Sandro diz que a cassação de seu mandato de deputado estadual não é uma coincidência. “Eu sei que a cassação do meu mandato não foi por um erro de contabilidade, isso foi apenas uma desculpa”, afirma.

Ele lembra das denúncias apresentadas no plenário da Assembleia Legislativa (ALRN) e da abertura da CPI da Arena das Dunas, a qual foi ele foi o relator. “Eu mexi com gente grande. Mexi com a multinacional que construiu a Arena das Dunas, com o grupo Rosalba, que era governadora, e com o grupo Alves. Ou seja, o motivo da minha cassação não foi falha técnica”, declara Sandro.

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