Cotidiano

Coluna Longe de Sereno – por Élida Mercês – 01 de Agosto

por: NOVO Notícias

Publicado 1 de agosto de 2022 às 17:30

COLUNA LONGE DE SERENO – POR ÉLIDA MERCÊS

Jornalismo político ou futrica?

O período eleitoral é sempre propício à análise da atuação dos atores que integram o poder. De acordo com a Constituição, o país conta com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que têm funções específicas para manter o funcionamento do Estado e devem ser exercidas de maneira independente, orientados pela Teoria da Separação dos Poderes. Esta explica o controle do poder pelo próprio poder, por meio da autorregulação. Isso acontece porque, apesar de as funções serem didaticamente separadas, o Estado é um só, com cada poder atuando de forma a regular a atuação dos demais o que, em tese, assegura a harmonia entre os poderes constituídos na medida em que barra a prática de abusos por qualquer um deles.

As eleições são um instrumento de regulação deste sistema que contam com a atuação determinante do quarto poder, exercido pela imprensa, por ofício, em favor do interesse público. Apesar de estar na engrenagem do poder, aqui não há regulação, ficando esta por conta do bom senso e dos valores éticos que orientam profissionais e empresas de comunicação. Critérios subjetivos para uma prática tão objetiva, não é mesmo?

O fato de a internet ter democratizado o acesso à informação e viabilizado a pluralidade do debate, o leitor ainda encontra dificuldades de separar informação de opinião, por exemplo, enquanto parte dos integrantes da mídia segue deixando de lado a confiabilidade da informação em detrimento da rapidez na divulgacão da notícia, na lógica do chamado faroeste eletrônico.

A referência ao faroeste faz alusão a um noticiário composto por material sem a devida checagem, como boatos que deveriam ser ponto de partida à informação confiável ou não; declarações em detrimento à apuração dos fatos e que não passam de futrica que, na prática, deturpa o jornalismo politico. Este, em essência, deve ser baseado no conhecimento das regras do jogo, muita informação, boas relações, conhecimento histórico e leitura, pois é que dá as condições de explicar ao consumidor da notícia a atuação dos atores do cenário político, os interesses que esses tentam esconder a cada declaração dada e como isso tem impacto na vida cotidiana de cada um de nós.

As declarações são, por si só, irrelevantes para a cobertura jornalística por serem, no geral, estratégia para tirar a atenção de algo que desagrada ao declarante. O jornalismo está no que não foi dito, na informação que não foi garimpada, que sempre vai existir porque ninguém sabe tudo sobre tudo. Ao jornalista, responsável pela comunicação dos fatos, cabe a entrega da notícia de maneira contextualizada, com a explicação do que esta por trás das informações apresentadas.

Por essas bandas, não tem importância Fábio Dantas (Solidariedade) dizer que vai ganhar a eleição para Governador do Estado no primeiro turno, porque todo mundo sabe, inclusive ele, que não vai. Importa, sim, ao eleitor conhecer os bastidores da articulação para convencer alguém a aceitar a ser vice em uma chapa que só existe para dar palanque para Rogério Marinho (PL) que, de acordo com o próprio Dantas, era a pessoa que estava trabalhando para encontrar uma pessoa para compor com ele que, em tese, seria o responsável por esta composição. Há poucos dias Ivan Júnior (UB) aceitou o trabalho, mas o que essa dificuldade diz sobre a oposição no RN, que é um ator importante para a exercício democrático? O silêncio é ensurdecedor.