Quem tem animais de estimação deve estar percebendo que os gastos estão ficando cada vez mais altos. E a situação deve piorar. Com o aumento dos preços das principais matérias-primas utilizadas na fabricação de alimentos para pets, como soja, milho e trigo, a ração para pets deve ficar ainda mais cara no 2º semestre deste ano.
De acordo com Nelo Marraccini, presidente do conselho consultivo Instituto Pet Brasil (IPB), entidade ligada ao setor varejista, o segmento lida com altos custos de insumos desde o ano passado. Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontam que, de 2021 a 2022, a variação no preço das rações foi de 22,90% no Brasil — quase o dobro do índice geral de “alimentação e bebidas” para seres humanos, que avançou 11,62% no período.
“Teve fornecedor de ração que, somando as duas vezes que aumentou este ano, já vai em quase 30% [de aumento]”, relatou Bruno Cesar, um dos proprietários do Cantinho Pets, empresa potiguar com lojas em Natal.
Com isso, segundo o executivo do IPB, não há o que as empresas fazerem a não ser subir os valores dos produtos aos poucos. “A gente faz o possível para reduzir custos, mas tudo está aumentando, desde a embalagem até a matéria-prima”, disse Nelo Marraccini.
Os principais insumos utilizados para produção de ração animal são as proteínas de carne, peixe e frango, milho, trigo, soja, arroz e óleo. A quantidade utilizada na produção da ração varia de acordo com a qualidade do produto e o tipo de alimentação — se é para cachorro ou gato, por exemplo.
Com o aumento dos preços, o brasileiro que compra ração super premium até tenta manter a qualidade por um tempo, mas quando não consegue, troca por uma ração mais barata.
“Os clientes estão optando por outra categoria de ração com qualidade abaixo da que utilizavam ou com a sacaria de quilo menor. Tem sido complicado e delicado”, relatou o empresário.
No entanto, quem tem um, dois ou mais animais de estimação em casa lida melhor com a inflação do que ONGs ou cuidadores de muitos pets.
A diarista Maria do Socorro cuida de cerca de 20 gatos – 10 em casa e 10 na rua. Ela compra 50kg de ração por mês, e relata que tem sido difícil arcar com os custos.
“Eu comprava um pacote de 25kg por R$ 125, e hoje tá R$ 200. Aumentou muito. Não tenho mais condições de comprar uma ração melhor. E também não posso comprar uma ração muito barata, porque não é saudável pra eles”, contou Socorro.
A auxiliar de veterinária Maria do Rosário, mais conhecida como Rosa, tem oito gatos e duas cadelas. De acordo com ela, todo mês era um gasto de aproximadamente R$ 300 em ração. Hoje, com o aumento da inflação, ela gasta cerca de R$ 500 mensalmente.
“A gente sabe que para um animal ser bem tratado, para ter uma qualidade de vida, ele precisa ser bem alimentado. [A gente] estoura cartão de crédito, fica devendo às pessoas e, quando vê, o orçamento está tomado só de ração. E eu não sei onde isso vai parar. Será que vamos ter que ir para as ruas reivindicar o preço dos alimentos dos pets?”, indagou Rosa.
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