Cultura

Titina Medeiros estreia na direção teatral

Atriz potiguar dirige espetáculo “Candeia”, que está em temporada no Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro, até o próximo mês de maio

por: NOVO Notícias

Publicado 18 de abril de 2022 às 16:00

Titina Medeiros

Titina Medeiros, atriz e diretora potiguar – Foto: Redes Sociais

Musa e dama das artes cênicas do Rio Grande do Norte, a atriz Titina Medeiros agora também incorpora o título de diretora teatral ao seu currículo. Ela está em cartaz no Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro, com a peça “Candeia”, que conta a história de quatro mulheres, velhas rezadeiras, que envolvem a plateia com suas orações, curas e sabedoria. A peça foi escrita para ser apresentada ao ar livre, e vem sendo apresentada nos dois pátios da unidade carioca do Serviço Social do Comércio.

Em entrevista direto de Bristol, Inglaterra, onde passa temporada de estudos e férias, Titina conta que o convite para assumir a direção do espetáculo partiu de sua prima e companheira de palcos, Nara Kelly, do Grupo Estação de Teatro; e que a temporada no Rio de Janeiro foi possível a partir da aprovação em um edital para ocupação das unidades do Sesc naquele estado.

Titina diz ter apostado na intuição feminina na direção do espetáculo, bem como ter extraído a  ancestralidade e memórias afetivas das próprias atrizes. Em cena, sob as árvores, encenam “Candeia” as potiguares Ananda K, Manu Azevedo, Múcia Teixeira e Nara Kelly. Confira trechos da entrevista de Titina ao NOVO Notícias:

ENTREVISTA / Titia Medeiros, atriz e diretora

NOVO – Como surgiu a oportunidade de dirigir a peça e de realizar essa temporada no Sesc Tijuca?

A peça foi um convite de Nara Kelly, prima e também atriz do Estação. Ela é contadora de histórias e queria e ela tinha a pretensão de montar um espetáculo de contação de histórias para mulheres, ou para os adultos; porque geralmente ela conta para crianças; e que fosse inspirado na obra de Clarice Pinkola Estés – que tem dois livros bem conhecidos, que são “A ciranda das mulheres sábias” e “Mulheres que correm com os lobos”. Então, foi a partir do convite de Nara que eu me aventurei, muito por uma instiga dela para que eu dirigisse. Eu nunca tinha pensado em fazer direção de espetáculo, relutei num primeiro momento. Na verdade, ela me convidou primeiro para estar em cena como atriz; eu falei que tinha muitos trabalhos pra fazer e que não achava que ia dar certo. Então ela me chamou pra dirigir. Falei “Nara, mas pra dirigir, eu não sou diretora”. E ela “Mas, Ti, é contação de história; é uma direção mais simples”. Então, ela me provocou tanto que eu resolvi aceitar o desafio. Foi muito pelo desafio mesmo. E a oportunidade de a gente fazer essa temporada no Rio quando o Sesc Rio,o Sesc geral, não Sesc especificamente, lançou um edital no final do ano passado de ocupação dos Sescs no Rio de Janeiro. E aí a gente viu as unidades do Sesc e como o nosso espetáculo foi feito pra acontecer ao ar livre embaixo de árvores a gente viu no Sesc Tijuca essa possibilidade, porque tem dois pátios. Então a gente se inscreveu propondo já que as apresentações fossem nesses espaços, nesses pátios. E a gente ficou muito feliz porque, de mais de três mil inscritos, nós ficamos em quinto lugar”.

 

NOVO – Fale um pouco sobre a peça, o que destacaria da montagem?

A peça surgiu primeiramente como uma contação de histórias, mas durante o processo, a partir de muitas leituras de contos que fizemos e tudo, as meninas sentiram a necessidade de não só contar histórias mas também de construir personagens. Foi quando surgiu do trabalho de sala, através da provocação, dos jogos, quatro personagens, e por coincidência quatro velhas. E no processo a gente sentiu necessidade de contar a história dessas mulheres, dessas quatro velhas, dessas personagens que estavam surgindo no trabalho de construção das atrizes. Eu como diretora me sinto num lugar muito mais de provocador do surgimento dessas figuras, e também de provocar nelas as próprias histórias construídas pelas atrizes. Pela vivência ali em sala. Então a gente percebeu que de forma muito intuitiva e é um espetáculo onde a intuição é realmente o guia – tendo em vista que a intuição é algo muito presente na natureza da mulher – que a gente deveria seguir a nossa intuição. Então nós abandonamos a contação de histórias. Nós seguimos a das atrizes que era trazer à tona essas figuras, essas velhas e também provocar nas atrizes a construção da história dessas meninas. E aí a gente descobriu que a gente precisava contar as nossas próprias histórias, as histórias que traziam dentro da nossa própria ancestralidade“.

 

NOVO – Você está no elenco da próxima novela das seis da Rede Globo, “Mar do Sertão”, com outros atores potiguares. Qual avaliação desse momento dos atores potiguares atingirem alcance nacional, inclusive na emissora de maior audiência do país?

Eu acho que isso é fruto do nosso trabalho. Um trabalho que não começou agora. Um trabalho que começa desde os nossos antepassados, né? Mas não só da nossa geração como da nossa geração anterior. A gente não pisou nesse terreno sozinho. Mas eu acho que tem um trabalho contínuo de crença, de acreditar. A gente é muito perseverante. Nós que fazemos teatro em Natal, e agora o pessoal que faz o audiovisual. Então, eu acho que com mesmo com poucos recursos financeiros a gente ama muito o que a gente faz. A gente é muito tinhoso; e eu acho que é esse esse jeito de ser tinhoso, de não pensar “ai, porque não tem mercado…” Não. É muito amor, é muito trabalho, um trabalho que não começou agora, um trabalho que já vem sendo feito há muito tempo e também um trabalho de muita coletividade. Eu acho que é daqui pra mais, sinceramente. Assim, eu acho que a gente está só começando“.

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