Cotidiano

Ponte metálica de Igapó faz 106 anos

Equipamento é um dos marcos do desenvolvimento de Natal, sendo a primeira ponte a ligar os dois lados do rio Potengi, possibilitando o crescimento da zona Norte da cidade

por: NOVO Notícias

Publicado 18 de abril de 2022 às 16:00

Ponte metálica de Igapó faz 106 anos – Foto: NOVO Notícias

Um dos maiores símbolos da cidade do Natal, capital do Rio Grande do Norte, a antiga Ponte Metálica de Igapó está prestes a completar mais um ano de inauguração. No dia 20 de abril de 1916 o equipamento foi oficialmente aberto, tornando-se um marco na história da cidade.

A ponte, que nunca recebeu um nome oficial, mas ficou popularmente conhecida como Ponte de Igapó, começou a ser construída ainda em 1912, e o trabalho durou dois anos, sendo concluída em 1914, porém demorou ainda outros dois anos para que pudesse ser, de fato, inaugurada. Hoje ela está prestes a completar 106 anos da primeira viagem que passou sob sua estrutura, a primeira a ligar os dois lados do rio Potengi.

Todo o tempo entre a conclusão da obra e a inauguração do equipamento, dois anos, é justificado por burocracias. A história conta que a linha férrea, conhecida como linha de ligação, que se estendia do bairro da Ribeira até a cabeceira da ponte, passava por diversas propriedades privadas diferentes que precisavam ser desapropriadas para que a linha fosse concluída, o que causou disputas judiciais que acabaram inviabilizando a primeira viagem sobre os trilhos da então nova ponte de Natal.

O projeto inicial era de que apenas o trem passaria sobre a ponte. Contudo, o engenheiro civil, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), grande pesquisador da história da Ponte de Igapó, Manoel Negreiros, conta que uma mudança ocorreu por intervenção do então senador Eloy de Souza, que exigiu da empresa construtora, a criação de espaços para que pedestres também pudessem atravessar o rio utilizando a ponte. A ideia da empresa construtora era de que para cruzar a ponte, as pessoas tivessem que pagar a passagem no trem.

Já em 1944, o avanço da tecnologia trouxe a necessidade de outra grande modificação no equipamento. Com o aumento do número de carros na capital potiguar, a ponte teve que ser adaptada para que veículos pudessem passar sobre ela também. Foi então que tablados de madeiras foram postos, possibilitando a travessia de carros.

“Foi feito um tablado de madeira para que carros pudessem passar também. O planejamento na época permitiu que os veículos passassem em mão única. Primeiro passava uma leva de carros em um sentido, e depois os do sentido contrário passavam também, sempre nos horários em que o trem não passava”, diz o professor e engenheiro Manoel Negreiros.

A segunda grande transformação necessária à ponte também se deu com o alto número de veículos na cidade. Conforme o tempo passava e a cidade se desenvolvia, a demanda sobre a velha Ponte de Igapó era cada vez maior, e o equipamento já não estava mais sendo suficiente para acompanhar o crescimento de Natal. Com isso, na década de 1970 uma nova ponte, dessa vez de concreto, foi erguida ao lado da ponte metálica. Essa, que por sua vez recebeu oficialmente um nome, o de Ponte Costa e Silva, e resiste até hoje ligando os milhares de natalenses que precisam cruzar o rio Potengi diariamente, trouxe consigo a dura decisão de desativar o equipamento.

Com a antiga ponte passando a ser inutilizada, o Governo Federal determinou a abertura de um procedimento licitatório para que a velha estrutura fosse vendida. A vencedora do certame foi uma empresa paulista, que acabou não mexendo na ponte por ser muito caro o custo para desmontar o equipamento, e acabou revendendo os direitos exploratórios, desta vez para uma companhia cearense que até começou o processo de desmonte, mas desistiu no meio do trabalho, e a estrutura se mantém até hoje com um aspecto de obra inacabada e abandonada, sofrendo com a ação do tempo que pouco a pouco vai deteriorando um dos pedaços mais importantes da história de Natal.

A ponte que virou livro

A paixão do engenheiro Manoel Negreiros pela história da Ponte Metálica de Igapó, que pesquisa sobre o equipamento há pelo menos 25 anos, rendeu um livro de mais de 500 páginas que está prestes a ser lançado em Natal. Para conseguir reunir todo o material que possibilitou a obra, o professor Manoel fez viagens pelo Brasil e até a França e a Inglaterra, para entender o processo que ergueu um imponente gigante metálico sobre as águas do Potengi.

O livro reúne histórias, fotos e cópias de projetos que foram utilizados para que a ponte fosse construída em Natal. Com o título “A História da Ponte de Igapó”, o volume tem previsão de ser lançado no próximo dia 14 de julho. Para os amantes de história, como o autor, foram preparados dois souvenirs que poderão ser comprados junto com o livro: uma réplica da antiga ponte e uma réplica de uma betoneira a vapor utilizada na construção.

Fotos da construção da antiga ponte metálica, mostrando detalhes da obra e de sua estrutura – Foto: : Cedidas/Livro “A História da Ponte de Igapó”

Foto: Cedida/Livro “A História da Ponte de Igapó”

Foto: Cedida/Livro “A História da Ponte de Igapó”

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