45 mil pessoas são afetadas pela pobreza menstrual no estado sem acesso a produtos e itens básicos de higiene, como água e absorventes limpos; programa do Governo aguarda consulta da Procuradoria-Geral
Publicado 21 de março de 2022 às 16:00
Cerca de 52% da população brasileira de 16 a 50 anos de idade já sofreram com pobreza menstrual. Além disso, 35% das pessoas afirma que a compra de itens de higiene pessoal pesa na renda. Os dados são do Instituto de Pesquisa Locomotiva, que realizou um levantamento entre 25 de janeiro e 2 de fevereiro deste ano.
Pobreza menstrual é o termo usado quando pessoas que menstruam não têm acesso a produtos e itens básicos de higiene, como água e absorventes limpos, para conter seus fluxos todos os meses. No Rio Grande do Norte, aproximadamente 45 mil pessoas sofrem com o problema.
A pastora Ana Maria faz parte do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-RUA), e realiza a distribuição de absorventes e kits de higiene para pessoas em situação de rua nos bairros Jardim Progresso e Alto da Torre, localizados na zona Norte de Natal.
“A gente distribuía alimentos, roupas… mas à medida que fomos tendo um contato maior com as pessoas, vimos a necessidade de distribuir absorventes e kits de higiene. E ainda esse ano queremos promover banho e corte de cabelo também. Só falta estrutura”, contou Ana Maria.
Clegiane Serafim mora em Santa Cruz, na região Agreste potiguar, e é beneficiada por outro projeto social: o Vidas Marias, que atende mulheres em situação de vulnerabilidade no município.
Aos 42 anos, ela é aposentada por invalidez em razão de problemas de saúde como transtorno bipolar e esquizofrenia. Em casa, apenas o esposo trabalha. Os filhos, um com 20 e outro com 16 anos, apenas cuidam dela.
“Infelizmente o dinheiro que eu pego não dá pra tudo. Só de medicamentos, são R$ 300, R$ 400 por mês. E meu esposo vive só de bico. A gente mora de aluguel, aí tem botijão de gás, energia e alimentação. Receber esses produtos de higiene e absorventes me ajuda bastante”, contou Clegiane.
Antes do Vidas Marias, ela conta que sofria com a falta de absorventes. “Eu tinha que correr atrás, pedir emprestado, usar papel higiênico, cortar fraldas dos meus bebês pra usar… Hoje minha vida mudou completamente e eu me sinto muito feliz, porque não preciso me preocupar. Inclusive, quando eu uso e sobra, eu guardo e dou a outras pessoas que precisam”, relatou a aposentada.
Em novembro de 2021, o Governo do RN criou o Programa Estadual de Dignidade Menstrual, de distribuição gratuita de produtos de higiene adequados a meninas, mulheres e trans que menstruam e estejam em situação de vulnerabilidade social.
O Poder Executivo aguarda uma consulta da Procuradoria-Geral do Estado para definir quando dará início à distribuição. A consulta foi feita pelo próprio governo estadual, em razão do ano eleitoral – período cercado de regras para impedir que a máquina pública seja utilizada em benefício de algum candidato, desequilibrando a disputa eleitoral.
O Programa consiste na distribuição de absorventes íntimos, internos e externos, tampões higiênicos, coletores e discos menstruais, calcinhas absorventes e panos absorventes íntimos no RN.
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