Casos disparam e Governo do RN impõe novas restrições para frear avanço da Covid e H3N2

Desde a última sexta-feira (21), moradores de Natal e turistas precisam apresentar passaporte vacinal para ter acesso a bares, restaurantes, prédios públicos, cinemas e shoppings centers da cidade

por: NOVO Notícias

Publicado 24 de janeiro de 2022 às 15:00

Comprovação de vacinação é feita com documentos oficiais como ConecteSUS, RN+Vacina ou carteira de vacinação – Foto: Carlos Azevedo/Novo Notícias

O Governo do Rio Grande do Norte anunciou novas restrições para frear a dupla epidemia de coronavírus e Influenza A (H3N2), que vem aumentando a ocupação de leitos de UTI e pressionando o sistema de saúde. Desde a última sexta-feira (21), está sendo exigido a apresentação de passaporte vacinal para acesso a serviços de alimentação, cinemas, shoppings e bares.

O documento determina que todos os ambientes fechados devem exigir a comprovação da vacina contra a Covid-19, assim como ambientes abertos com capacidade superior a 100 pessoas.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do RN, a comprovação de vacinação será feita considerando comprovantes oficiais como o ConecteSUS, RN+ Vacina e a própria carteira de vacinação, a de papel. “Se você já era pra ter tomado a terceira dose, vai ser exigida a terceira dose”, explicou o secretário de Saúde do RN, Cipriano Maia.

A ocupação dos leitos de terapia intensiva no estado chegou a 60% na última sexta-feira. Pacientes com Covid-19 internados em leitos clínicos e críticos somam 119. Segundo a Sesap, a Região Metropolitana apresenta 61,4% dos leitos críticos ocupados, a região Oeste tem 61,1% e a região do Seridó tem 50%. Até o momento desta publicação são 31 leitos críticos (UTI) disponíveis e 72 ocupados, enquanto em relação aos leitos clínicos (enfermaria), são 46 disponíveis e 47 ocupados. A Secretaria Estadual de Saúde informou que irá abrir mais 59 leitos a partir desta segunda-feira (21), sendo 11 críticos e 48 clínicos.

De acordo com o diretor-executivo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais/UFRN), Ricardo Valentim, esta nova “onda” da variante Ômicron já era esperada. Segundo ele, assim como em outros estados brasileiros, o aumento nos casos de síndromes gripais refletem diretamente na baixa cobertura vacinal para Influenza.

“No caso da influenza era um surto que não era esperado. Mas, no caso da Ômicron já era um surto esperado. O que estamos observando é que o surto de influenza é algo mais passageiro, então você tem um aumento de casos, depois uma redução. Isso leva em média seis semanas. Os primeiros estados no Brasil a relatar esses surtos foi o Rio de Janeiro, a mesma coisa ocorreu em São Paulo, Espírito Santo. E como é que foi vencido nesses lugares? Passaram as seis semanas, e eles fizeram um processo forte de imunização”, ressalta o diretor do Lais.

Diante do aumento nos números de internações, Valentim também acredita que é preciso ser levado em consideração, a reversão dos leitos pela Sesap. O diretor executivo ressaltou que a desmobilização de quase 50% dos leitos desde julho de 2021 influencia diretamente na taxa de ocupação.

“Aumentou a taxa de ocupação, mas aumentou porque a Sesap vem revertendo leitos desde o meio do ano. Então nós tínhamos 415 leitos, agora estamos com 109 leitos operacionais, que são os disponíveis menos os leitos bloqueados. Então hoje nós temos 119 leitos que significa que o estado desmobilizou quase 300 de todos os leitos disponíveis de UTI. Então, a taxa de ocupação não aumenta porque aumentaram casos da Ômicron. Ela não tem aumentado porque tem aumentado o número de internações, basicamente, ela tem aumentado muito mais porque tem uma reversão de leitos, pois havia muitos leitos ociosos”, explica Valentim.

Novo decreto estadual não agrada setor de bares, restaurantes e hotéis

Já está em vigor o decreto estadual 31.265, de 17 de janeiro de 2022, que determina a obrigatoriedade da apresentação do comprovante vacinal completo contra a Covid-19 para o acesso do público a cinemas, teatros, museus, restaurantes, bares e lanchonetes. Estão inclusos no decreto todos os shoppings, que inclusive já começaram a intensificar a sinalização para o público. Entretanto, a medida não agradou alguns setores como os de hotéis, bares e restaurantes.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no RN (Abrasel) se posicionou contra o passaporte vacinal desde o início das discussões que culminaram na publicação do decreto. De acordo com presidente da entidade, Paolo Passariello, a medida é ineficiente e injusta com um setor que já passou por mais de 120 dias fechado nos últimos dois anos. Ainda de acordo com ele, a Abrasel fez as contribuições ao Governo do Estado, no intuito de tornar a aplicabilidade do decreto a maior possível, sugerindo excluir estabelecimentos com menos de 100 lugares, que não possuem capacidade financeira ou operacional para manter um colaborador em portaria ou limitar o acesso ao bar/restaurante a uma única entrada.

“Entendemos que a finalidade da medida é aumentar o número de vacinados e isso é legítimo, mas o Governo erra no meio para isso, pois, além de termos estimulado a vacinação das pessoas, sendo a primeira entidade empresarial a sair em defesa da vacinação, ainda em janeiro de 2021, com a campanha #VacinaEuConfio, existem muitas outras alternativas para instigar as pessoas a se vacinarem”, disse Passariello.

Outra entidade que se mostrou contrária a medida foi o Sindicato da Indústria de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (SHRBS-RN). Para o presidente Habib Chalita, o sentimento após este novo decreto é de “decepção, revolta, tristeza e indignação”. À reportagem do NOVO Notícias o empresário ainda lamentou, destacando que “quem quer empreender para geração de emprego e renda é tratado como “marginal” no RN.

“Não concordamos com esse decreto que obriga esse passaporte vacinal. Basta ver que ele é bem seletivo em quem deve cumprir com a exigência do documento. O setor de bares e restaurantes assim como o de eventos é quem sempre é mais penalizado com essas decisões do governo. E não estou falando de agora. Basta ver de quando começaram esses decretos. Os bares e restaurantes têm buscado cumprir sempre, da melhor forma, aquilo que é determinado nos decretos, mas nunca é atendido ou recebe qualquer forma de apoio ou incentivo por parte do poder público”, finalizou Chalita.

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